CADERNO 2
Bonnie Tyler traz seu carisma e energia à Concha Acústica
Cantora possui hits como 'Total Eclipse of the Heart' e outros que ajudaram a construir o glitter dos anos 80
Por João Paulo Barreto | Especial A TARDE
Bonnie Tyler começa a entrevista coletiva respondendo na lata a uma pergunta bem direta feita pelo repórter do jornal A TARDE. "Em uma carreira que perdura por cinquenta anos, com hits e sucessos em diversas partes do mundo, inclusive aqui no Brasil, por que demorou tanto tempo para você vir nos visitar?". Entre sorrisos e demonstrando um bom humor e simpatia palpáveis, a dama do País de Gales responde com sua bela voz de uma sutil rouquidão: "Porque vocês nunca me convidaram, oras! Por isso!". E é assim, entre risos gerais, que o gelo e o silêncio da coletiva via Zoom são quebrados e aquela sorridente senhora nascida em 1951 nos fala de vários momentos de sua vida, bem como, claro, da expectativa de cantar em Salvador pela primeira vez, o que acontece amanhã, às 19h, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves.
"Por anos e anos, venho querendo vir ao Brasil. Mas, finalmente, eu estou aqui. E a resposta do público é maravilhosa. As plateias estão tão felizes. Sim, estou realmente me divertindo", pontua ela.
No momento desse papo, ela já havia cantado em Florianópolis, Curitiba e São Paulo, além de ter participado de programas de TV na Rede Globo. A série de shows que ela realiza contou, realmente, com uma resposta empolgante do público presente, e chegará ao seu último encontro com os fãs brasileiros nas terras baianas após ter passado pelas cidades acima e, acrescentando à lista, fecham a turnê brasileira Porto Alegre, Goiânia e Rio de Janeiro.
Apreensão antes de vir
Mesmo diante de uma carreira que se mantém ativa por décadas, a britânica declarou certa apreensão antes de começar a série de espetáculos no país. "Eu estava um pouco nervosa, pelo fato de ser a minha primeira vez aqui. Mas tão logo comecei a cantar e vi aquela reação do público, eu relaxei na hora, sabe? Não tinha ideia do que esperar, mas as pessoas simplesmente amam", comemora Bonnie.
Não é para menos. Dona de um repertório de canções que ajudou a moldar o romantismo pop dos anos 1970 e 1980, a artista trouxe para o público que lotou seus shows exatamente aquilo que ele queria.
Sem vaidade e se entregando ao que sua carreira trouxe como marca para aquelas pessoas ansiosas por ouvi-la, Tyler afirma não ter problemas com o fato de cantar músicas antigas. "Eu nunca me canso de cantar os hits antigos, sabe? Quer dizer, ano que vem, Total Eclipse of The Heart faz quarenta anos. E já tem quase um bilhão de visualizações no YouTube", salienta a dona da voz três vezes indicada ao Grammy, além do famoso videoclipe dessa canção.
O prêmio naquele ano, porém, foi para Michael Jackson, com Billie Jean.
Fábrica de hits
Além da música que completa quarenta primaveras em 2023, outros hits embalaram as plateias nos vários shows que Bonnie realizou em solo nacional, como Holding Out for a Hero, It's a Heartache e The World Starts Tonight, canção título do seu primeiro disco, lançado em 1977.
Ao ser perguntada sobre o fato de suas canções ter ultrapassado gerações, ela não esconde o entusiasmo, fazendo questão de citar como uma das razões para a longevidade delas a competência do produtor e compositor Jim Steinman, com quem trabalhou na gravação de músicas como Total Eclipse of the Heart. "É maravilhoso. Ele escreveu algumas das canções mais icônicas da música pop. Eu queria muito trabalhar com ele. Conhecia-o por causa do Meat Loaf. A minha gravadora à época, Sony, achava que ele não ia topar. Mas ele aceitou", relembra Bonnie.
Além da faixa citada, Steinman é um dos compositores de Holding Out for a Hero, famosa por fazer parte da trilha sonora do clássico oitentista Footloose (1984), junto com o roteirista do filme, que escreveu a letra da canção. Steinman, infelizmente, faleceu em 2021.
Bonnie se recorda que ao ouvir pela primeira vez o hit Total Eclipse of the Heart, ela amou e chorou emocionada. Mas achava que não faria sucesso. "Ninguém vai tocar essa música", eu pensei. "Isso porque originalmente ela tinha oito minutos de duração. E todas as canções no rádio tinham 2 ou 3 minutos. Acabou que Jim editou a música de 8 para 4 minutos e 50 segundos. Isso lhe partiu o coração. Mas, no final, a música ficou tão popular que as estações de rádio passaram a tocar a versão do álbum, o que é fantástico porque nem todas tocam músicas tão longas", comemora Bonnie.
A noite na Concha vai poder confirmar essa popularidade, quando os presentes voltarem no tempo ao cantar junto tais hinos do pop. "Eles adoram essas músicas. É muito frequente você ver pessoas nos programas de jurados cantando minhas canções. Meu público abrange de pessoas jovens àquelas que já têm mais idade do que eu. Comecei a cantar quando tinha 17 anos. E agora você pode inverter esse números para 71, sabe? E eu ainda amo me apresentar ao vivo", finaliza Bonnie.
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