CADERNO 2
Candyall Guetho Square recebe Festival Internacional de Percussão
Com Carlinhos Brown como anfitrião, evento traz expoentes globais do cenário percussivo
Por Bruno Santana*
O Candeal vai tremer: acontece a partir desta sexta, 23, e ao longo de todo o fim de semana, o II Festival Internacional de Percussão, mais conhecido como Lalata. Realizado no espaço cultural Candyall Guetho Square, o evento tem como anfitrião o músico baiano Carlinhos Brown e reunirá, ao longo de três dias de festa, nomes nacionais e internacionais de renome na arte dos tambores, atabaques, agogôs e outros instrumentos do gênero.
A proposta de celebração e rememoração da cultura africana, presente na própria natureza do evento, está evidente em das principais atrações do festival: a abertura dos festejos, marcada para as 16h de hoje, será comandada por Carlinhos Brown e os Zárabes.
O grupo, fundado em meados dos anos 1990 e que não desfila nas ruas há quase dez anos, reúne centenas de percussionistas numa homenagem à cultura muçulmana do norte da África.
Além do retorno triunfal dos Zárabes, o Lalata terá ainda artistas nacionais e internacionais do cenário percussivo na sua lista de atrações. Ainda hoje, apresentam-se também no festival nomes como o senegalês Massamba Diop, a banda soteropolitana Trietá e o espetáculo Sons de Beira, de Rondônia. Amanhã (24) é a vez de artistas como o grupo Atabasar, com participação do percussionista Marcus Musk, os cariocas do Pandeiro Repique Duo e o uruguaio Lobo Nuñes.
Por fim, os festejos se encerram no domingo (25) com a participação da Roda de Timbau do Candeal, do Aguidavi do Jejê e do mexicano Roberto Vizcaino, entre outros.
Outras vozes e batidas
No sábado, quem também estará presente no palco do Lalata é a banda Lactomia, fundada nos anos 1990 pelo percussionista Jair Rezende ainda durante a adolescência.
Acompanhado de outros garotos do Candeal, o músico adaptou latas, sucatas e outros materiais como instrumentos percussivos — iniciativa que atraiu a atenção de Carlinhos Brown, que logo apadrinhou a banda.
"A Lactomia vai abrir o sábado com uma mostra percussiva na rua, do jeito que a gente surgiu, tocando nas latas e nas sucatas, levantando a possibilidade do reaproveitamento de objetos para transformá-los em instrumentos", afirma Jair sobre a sua participação no festival.
"Nós surgimos com essa necessidade, através do trabalho que Carlinhos [Brown] sempre desenvolveu percussivamente aqui na comunidade. Ele foi nossa referência desde o início. Hoje temos uma responsabilidade muito grande aqui no bairro não só na parte musical e cultural, mas social também", completa.
Quem também estará na grade do festival, no domingo, é a soteropolitana Michelle Abu, multi-instrumentista que mora em São Paulo há vinte anos e já tocou com artistas como Paulo Miklos, Ira! e Karol Conká. "A minha referência musical tem Salvador e a Bahia em quase 100% do que eu tenho dentro de mim", afirma a artista.
"A expectativa para o evento é a melhor possível, depois de mais de 20 anos de carreira ir a Salvador pra apresentar um trabalho meu, algo que eu já venho apresentando em São Paulo mas nunca tive a oportunidade de mostrar na minha cidade", nota Michelle, que promete para a sua apresentação uma confluência eclética de estilos misturando rock, música brasileira e ritmos africanos, sempre com foco na percussão.
"Não existe no mundo um país com tanta riqueza rítmica do mundo inteiro como o Brasil. Estou muito feliz com o Lalata, em saber que há um festival dedicado a isso", conclui a musicista.
Os três dias do Lalata terão portões abertos às 16h, e a classificação indicativa é de 12 anos. Os ingressos partem dos R$ 25 (a meia-entrada) por dia e podem ser adquiridos na plataforma digital Sympla.
*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.
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