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CADERNO 2

Documentário traz novo olhar sobre Maria Bethânia

'Maria - Ninguém Sabe Quem Sou Eu' chega aos cinemas buscando apresentar novas facetas da icônica artista

Por Rafael Carvalho | Crítico de cinema

31/08/2022 - 6:15 h
Documentário 
de Carlos Jardim
 revela a grandeza de Bethânia para o cenário da música popular brasileira
Documentário de Carlos Jardim revela a grandeza de Bethânia para o cenário da música popular brasileira -

Cinquenta e sete anos de carreira, 76 de idade, muitos trabalhos feitos, entrevistas e aparições públicas. Mesmo assim, é possível se perguntar quem é, de fato, Maria Bethânia. Decifrar um pouco mais dessa que é um ícone da música e da cultura brasileiras é o desafio do filme Maria – Ninguém Sabe Quem Sou Eu, dirigido pelo jornalista Carlos Jardim. O subtítulo do filme – retirado de um trecho da canção Imitação da Vida – já revela um traço de provocação, um convite para adentrarmos mais em seu pensamento e (re)visitarmos sua carreira.

O filme ganha, no dia de hoje, no Cine Metha Glauber Rocha, uma sessão de pré-estreia que vendeu rapidamente todos os ingressos para as quatro salas do complexo – a partir de amanhã o filme entra em cartaz em todo o Brasil e os ingressos já podem ser comprados antecipadamente.

Mas o que esperar de mais um filme sobre a Abelha Rainha? “Eu queria fazer algo diferente e pensei em deixar apenas a própria Maria Bethânia falar sobre Maria Bethânia”, é o que conta o diretor Carlos Jardim, em entrevista para o ATARDE. “Eu mesmo fiz o roteiro da entrevista e o executei, costurando as falas dela a partir das imagens de arquivo que garimpamos”, complementa Jardim.

Além disso, o diretor conta que o filme precisava falar também sobre a grandeza de Bethânia, mas que não seria ela a fazer isso. Então, ele selecionou cinco textos escritos em tempos diferentes sobre ela (da autoria de Ferreira Gullar, Caio Fernando Abreu, Nelson Motta, Fauzi Arap e Reynaldo Jardim) e convidou Fernanda Montenegro para narrá-los.

Já sobre as imagens de arquivo, Jardim revela que também preferiu fugir do óbvio, o que era muito difícil porque os diversos fã-clubes de Bethânia, espalhados pelo Brasil, possuem um acervo imenso de imagens dela. No filme, há muitas cenas de ensaios de shows, bastidores e materiais menos conhecidos retirados da TV Bahia, afiliada local da Rede Globo.

“Quando eu falo do Carcará, por exemplo, não peguei a imagem antiga do lançamento do show Opinião, que é belíssima, mas já foi usada à exaustão. Eu peguei as do show no Teatro Municipal do Rio quando ela foi homenageada pelos 50 anos de carreira porque, além de ser diferente, em seguida ela agradece a Nara Leão, João do Vale e Zé Keti, que foram as pessoas que a receberam quando ela começou sua carreira no Rio de Janeiro”, pontua o diretor.

Frente a frente

A admiração de Jardim por Bethânia data de muito tempo. Ele conta que a ouviu pela primeira vez no rádio, em 1978, cantando Explode Coração e, nas suas palavras, “parece que eu fui atingido por um raio que nunca mais parou de me dar choque, porque a voz dela realmente me tira do prumo, me leva para outra dimensão”, confidencia o diretor. A partir daí, ele passou a frequentar os shows e a aparecer no camarim para pegar autógrafos e fazer fotos.

Depois que se formou em jornalismo, Jardim foi trabalhar como repórter e, futuramente, como editor – atualmente, é chefe de reportagem da Globo News –, ele passou a fazer reportagens e matérias especiais sobre Maria Bethânia. Em uma dessas ocasiões, eles se tornaram mais próximos e daí teve a coragem de lhe propor a realização do filme.

Jardim conta também que a entrevista com Bethânia – gravada no palco do Teatro Copacabana Palace, um lugar icônico, realizada no final do ano passado – foi feita de uma só tacada. “Ela chegou muito simples, já pronta e maquiada; no camarim, apenas ajeitou e soltou o cabelo, e então fizemos a entrevista”, conta o diretor. “E eu quis fazer no palco de um teatro porque este é o lugar mais simbólico para conversar com a Bethânia. A casa dela é o palco”, complementa.

A conversa com Bethânia segue um fluxo muito cadenciado entre aquilo que já conhecemos dela (o amor e respeito pelo palco, a religiosidade, a admiração pelo pai, mãe e irmãos, a relevância da literatura na sua obra), de sua carreira e pensamento, mas apresenta também algumas outras nuances interessantes. Jardim ousa perguntar por que ela acha que as pessoas têm medo dela. Bethânia fala também de quando foi presa pela Ditadura Militar e sobre o amuleto-colar que recebeu de Mãe Menininha do Gantois.

“A Bethânia estava absolutamente inteira na entrevista. Ela não chegou com respostas prontas. Durante o filme, a gente percebe que ela elabora um raciocínio, que está pensando sobre aquilo naquele momento”, diz.

“Ela estava muito aberta para aquela conversa que fluiu de forma tranquila e positiva”, observa Jardim.

Admiração e respeito

É evidente, no filme, a gratificação de Jardim por aquilo que está sendo ouvido e pela força dessa presença. O diretor reforça que não se trata de uma cinebiografia, mas um filme para se entender o processo criativo de Bethânia, seu pensamento e visão de mundo.

“Para os fãs, eu desejo que fiquem felizes em ver Bethânia em sua plenitude, com imagens pouco conhecidas. E para quem a conhece e não é tão fã, eu espero que a pessoa entenda por que ela é quem é no cenário cultural brasileiro. Eu quero que as pessoas conheçam alguma coisa além, assistindo ao filme”, arremata o diretor.

O documentário é uma grande celebração da vida, carreira e da postura sempre muito firme e coerente de Maria Bethânia. Esse festejo começa essa semana (não apenas em Salvador, mas com sessões antecipadas também no Rio de Janeiro e São Paulo) e tem tudo para ser um sucesso perante o público. Na pré-estreia de hoje na capital baiana, além da presença de Carlos Jardim, haverá ainda uma apresentação musical do grupo Yayá Muxima, uma banda de samba-reggae totalmente formada por mulheres.

É o tipo de celebração que não poderia acontecer em outro lugar, senão na Bahia. “Inclusive, foi na casa dela, em Salvador, que fiz o convite para o filme”, lembra Jardim. Maria - Ninguém Sabe Quem Sou Eu nasce, portanto, em Salvador e aqui se abre ao mundo, com a benção e o talento da Abelha Rainha.

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