CADERNO 2
Espaço Casa Rosa celebra dois anos de atividades no Rio Vermelho
Comemoração do novo espaço cultural será marcada por programação especial
Por Eugênio Afonso
De uns anos pra cá, com predomínio no período mais grave da pandemia, Salvador perdeu algumas casas de teatro. Mas, em compensação, ganhou a Casa Rosa, espaço cultural fincado bem no centro do bairro mais boêmio da cidade, o Rio Vermelho.
Agora em agosto, o espaço, comandado pela arquiteta e curadora artística Rose Lima, comemora dois anos de atividades ininterruptas e oferece nova programação, sempre de sexta-feira a domingo. Desde sua fundação, o espaço tem recebido shows musicais, espetáculos de teatro, exposições, além de outras linguagens artísticas.
No começo, lá em agosto de 2020, tudo era exibido virtualmente em função da peste que nos assolava bravamente, mas desde janeiro deste ano, com o arrefecimento da covid, as atividades da Casa Rosa passaram a ser presenciais e o público agora pode comparecer e estar mais próximo dos artistas que admiram.
“A Casa Rosa buscou, desde o início, incentivar a vida cultural da cidade, mesmo que de forma virtual. Neste novo momento presencial, a demanda tem sido enorme e é nosso desejo receber cada vez mais projetos. Agora em agosto, teremos atrações especiais, cheias de potência criativa contemporânea e raiz baiana”, informa Rose.
Ela acha importante enfatizar que o local é um espaço de livre criação, incentivando sempre o debate de temas como diversidade, acessibilidade, responsabilidade socioambiental e desenvolvimento igualitário.
“Queremos ser um espaço plural e democrático, atendendo às demandas dos mais diversos públicos com qualidade estética e artística. Um grande desafio é tornar a Casa um espaço sustentável e para isso estamos abertos a formar parcerias”, avisa a curadora.
E em tempos de boicote à cultura, Rose admite que não é fácil administrar uma casa de espetáculos. Ela lembra que a configuração atual da política brasileira torna a manutenção desses espaços ainda mais desafiadora.
“A arte é a nossa principal aliada diante às várias crises que vivenciamos, seja de saúde, ética, política e mesmo econômica. A Casa Rosa é gerida pela Associação Viração, uma entidade sem fins lucrativos que tem ideais de convivência com a diversidade e enxerga a arte como promotora de saúde pública”, destaca a arquiteta.
Caleidoscópio cultural
Dentro da programação de aniversário, às sextas-feiras e aos sábados, no Pátio Viração, a Casa Rosa apresenta o Festa na Casa, um projeto que promove encontros entre artistas das diversas cenas musicais da Bahia. Gente como Marcia Castro, Ana Barroso e Pedro Pondé, assim como o Microtrio, a Osba, entre outros, estarão comandando as noites no local.
Encantada com a estrutura da Casa, a cantora baiana Marcia Castro comenta que ela “tem um palco pertinho do mar, o que é maravilhoso”. E revela que sua apresentação vai ser inspirada no novo disco. “Ele se chama Axé e é inspirado na música baiana dos anos 1990. Resolvi fazer o repertório do disco em um formato mais enxuto, acompanhada de Fabrício Mota no contrabaixo, Fábio Alcântara nos violões e guitarra, e Ariel Rangel na percussão”.
No Viração, vai ter ainda o Domingo no Pátio, um projeto que vai unir gastronomia e música do almoço ao pôr do sol. E a programação inclui também teatro, com a peça Um Vânia, de Tchekhov, montagem do Teatro NU com direção de Gil Vicente Tavares e encenado no Teatro Cambará.
No elenco, Alethea Novaes, Gideon Rosa, Isadora Werneck, Marcelo Flores e Marcelo Praddo.
Segundo Gil, o Cambará é ideal para a apresentação de Um Vânia. “O ambiente aconchegante de um casarão antigo, com aquelas portas, aquele piso, parecendo um salão vazio, mas equipado tecnicamente, parece ter sido feito para o espetáculo”.
Ele lembra que, ao lado de Shakespeare, Tchekhov é o autor mais montado do mundo e que a peça faz analogias à decadência da sociedade.
“É sobre uma família que se vê obrigada a passar um tempo junta, confinada. São questões atuais. E há também a forma genial como o autor mergulha nos sentimentos das personagens”.
Além das atividades culturais, a Casa Rosa vai oferecer oficinas criativas e promover o lançamento do selo Favellê, criado por Marivaldo dos Santos, artista do STOMP e fundador do projeto Quabales.
Para o aniversário do primeiro ano, o espaço promoveu o Sarau da Casa Rosa, um encontro musical com Carlinhos Brown, Hiran, Nara Couto e Celeste Antunes Moreau. Mas, diferente de 2022, foi sem a presença do público por causa da fatídica pandemia do novo coronavírus. Agora, na comemoração de dois anos, vai rolar a festa.
Toda a programação, com detalhes sobre dias e horários, pode ser conhecida no site casarosasalvador.com.br ou nas redes sociais @casarosasalvador e facebook.com/CasaRosaSSA.
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