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CADERNO 2

Tom Zé volta aos palcos de Salvador e faz show na Concha Acústica

Cantor e compositor baiano faz show baseado em novo álbum, que explora as dimensões da 'Língua Brasileira'

Por Bruno Santana*

02/09/2022 - 7:00 h
Tom Zé: “Salvador foi celeiro do português influenciado pelo africano”
Tom Zé: “Salvador foi celeiro do português influenciado pelo africano” -

Não há muitos artistas por aí que fariam uma música inteira recitando uma lista telefônica e os números dos serviços essenciais de uma cidade, mas você sempre pode contar com Tom Zé para esta exploração lúdica do cotidiano e para a justaposição de lugares, culturas e idiomas completamente distintos. Em Metro Guide, faixa do seu mais novo álbum, Língua Brasileira, o cantor e compositor mistura inglês e português para declamar telefones úteis de Irará (sua cidade natal, no sertão da Bahia) e Nova York: bombeiros, ambulância, maternidade e — num sutil choque de atualidade — vigilância epidemiológica, entre outros.

É neste espírito brincalhão, combinado com uma forte dose de análise crítica da nossa identidade e do nosso momento atual, que Tom Zé se apresenta hoje à noite, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves. Comandando a mais nova edição do projeto TOCA!, criado em 2018, o inconfundível músico baiano promete combinar canções do novo álbum com clássicos do repertório, que já se estende há mais de 50 anos e inclui contribuições para momentos fundamentais da cultura brasileira.

No palco, o cantor e compositor conta com o apoio dos músicos Daniel Maia (guitarra), Felipe Alves (contrabaixo), Renato Léllis (percussão), Cristina Carneiro (teclados) e Fábio Alves (bateria). Além disso, a apresentação de hoje terá abertura d'A Trupe Poligodélica, banda originada no Vale do São Francisco que reúne influências da música nordestina, do rock progressivo, do blues e da psicodelia tropicalista — e tem, inclusive, o próprio Tom Zé como uma das principais referências.

Papo-cabeça

O disco Língua Brasileira nasceu não exclusivamente como um álbum de estúdio, mas como um projeto multiartístico desenvolvido a muitas mãos: além de Tom Zé, a outra figura central aqui é Felipe Hirsch, diretor de cinema e teatro que resolveu explorar a obra do compositor para desenvolver uma peça. O resultado é o musical de mesmo nome, que já teve apresentações nas cidades de São Paulo, Guarulhos e Santos e deverá seguir em breve para locais como Lisboa, Belo Horizonte e Porto Alegre.

Há o desejo, segundo Felipe, de trazer a peça para Salvador, mas nada de concreto até o momento: "A verdade é que a gente sempre depende de convite, é um espetáculo muito complexo", conta o diretor.

"Felipe Hirsch sugeriu uma peça com música minha", conta Tom Zé, rememorando a gênese do projeto. "Eu lhe enviei o disco Estudando a Bossa, que é o mais sofisticado que eu tenho, mas algum tempo depois ele me procurou dizendo que havia essa música Língua Brasileira, do disco Imprensa Cantada, que ele achava uma maravilha e o tipo de coisa que ficaria mais adequada ao que ele põe em cima do palco. Isso me instigou a fazer um espetáculo com o nome Língua Brasileira, uma vez que o título faz justiça a todos os episódios históricos que transformaram nossa língua naquilo que ela é", relata Tom.

Felipe, por sua vez, destaca a ampla colaboração intelectual que gerou as obras: como consultores, foram convidados nomes importantes da academia brasileira, como o linguista Caetano Galindo (creditado como dramaturgo e consultor geral da peça), o antropólogo Viveiros de Castro, a etnolinguista Yeda Pessoa de Castro e o filólogo Eduardo Navarro, especialista na língua tupi.

"O primeiro que eu chamei foi Galindo, um cara que eu confiava muito que poderia me mostrar os caminhos por onde trilhar para desenvolver um trabalho tão complexo como esse desenho poético da língua portuguesa brasileira", relata o diretor.

"Ao chegar nas línguas africanas, ele me apresentou à professora Yeda Pessoa de Castro, que eu amei conhecer, Eduardo Navarro, uma grande rede de comunicação e fraternidade. […] Muita gente se reuniu, especialistas no mundo todo que falavam essas línguas e mandavam para os atores, e esse material todo era reunido e mandado pro Tom Zé. O Tom, então, lia esse roteiro e compunha as músicas baseadas nos estudos de cada parte desse roteiro", continua Felipe.

Tom Zé, por sua vez, é categórico ao classificar o objetivo do disco e do espetáculo: "destacar o caráter multiétnico e multicultural da língua", conta o compositor, citando a capital baiana como um dos seus principais locais de estudo e vivência. "A cidade de Salvador foi, nos anos 1940 e 50 ou até antes, um verdadeiro celeiro do português influenciado pelo africano, através do candomblé e das culturas banto e iorubá. E, num amálgama com a igreja católica, criou-se o tão falado sincretismo religioso".

Questionado sobre como equilibrar as influências acadêmicas com o ritmo pulsante da arte e da música sem pesar demais a mão para um lado ou para o outro, Tom Zé afirma que o segredo reside na diversão.

"No show, as canções transformam o contexto intelectual fornecido pelos especialistas em tudo que possa ser jogo de palavras, jogos de ritmo encadeando o verbal, pequenos quebra-línguas lúdicos", conta. "Isso tira do espetáculo qualquer ranço de coisa esnobe ou erudita, traduzindo-o em brincadeiras que propagam o mesmo teor de conhecimento. A banda tem uma animação intensa que faz tudo parecer simplesmente uma festa alegre e bem-humorada. Mandinga, feitiço, graça".

Para quem quiser aproveitar a mandinga, o feitiço e a graça, é bom se mexer: os ingressos para a apresentação de hoje à noite estão à venda na bilheteria do Teatro Castro Alves e na plataforma digital Sympla.

*Sob a supervisão do editor Chico Castro Jr.

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