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04/02/2024 às 6:30 - há XX semanas | Autor: Priscila Dórea

CARNAVAL

Blocos seguem firmes e fortes mesmo com avanços dos camarotes

Mesmo com o aumento significativo dos adeptos do conforto, blocos conseguem manter público fiel

João Neto, gestor da Camisa da Latinha, lamenta o não surgimento de novos blocos
João Neto, gestor da Camisa da Latinha, lamenta o não surgimento de novos blocos -

Um bloco de milhares de pessoas dançando e cantando atrás de um trio elétrico: talvez essa seja a imagem que melhor representa o Carnaval de Salvador. “Isso é o Carnaval pra mim. Gosto de ficar no chão e curtir de perto a banda ou artista em cima do trio”, afirma o empreendedor Lariel Silva. Mesmo João Vitor, amigo de Lariel que prefere o sossego dos camarotes, não resiste a um bloco passando. “Gosto da tranquilidade dos camarotes, mas se um trio que eu gosto passa, vou atrás dele e depois volto pro camarote”, conta.

Os blocos de trio elétrico mudaram muito ao longo anos - o seu tamanho, os ritmos que tocam, as pessoas que seguram suas cordas, o tamanho dos camarotes que os assistem passar… -, mas continuam sendo um grande atrativo do Carnaval de Salvador. E mesmo que para alguns a relação entre os blocos de trio de elétrico (que vêm diminuindo) e os camarotes (que vêm crescendo) pareça ser de concorrência, a verdade, aponta Quinho Nery, diretor da Central do Carnaval e presidente do bloco Camaleão, é que eles se retroalimentam.

“São diferentes formas de curtir a festa e eles dão a cara do Carnaval de Salvador”, afirma Quinho. Existem, claro, blocos que não desfilam mais, mas o mesmo acontece com alguns camarotes. “O camarote do Nana, por exemplo, parou em 2020 e esperamos que volte. Existem ainda blocos como Olodum e Eva, que este ano foram de três para apenas um dia de desfile. E isso reflete no mercado: a Central do Carnaval já ultrapassou em 12% as vendas de 2023 (o primeiro Carnaval pós-pandemia), mas ainda não conseguimos superar as vendas de 2020”.

Porém, apesar de grandes blocos - como Camaleão, Coruja, Crocodilo e alguns outros - continuarem firmes e fortes, “a realidade é que não vemos novos grandes blocos nascendo”, aponta João Neto, gestor da Camisa da Latinha, empresa que fabrica camisas e abadás. No entanto, a mudança do Carnaval foi gradual e as demandas caminharam com ela, aponta o gestor: hoje, um bloco pede de 3 a 5 mil abadás por dia para três dias no circuito, e um camarote pode chegar a pedir 5 mil camisas por dia para 5 ou 6 dias de festa, fora uma média de 1 mil camisas para as equipes de trabalho.

“O Carnaval, seja aquele feito por uma fanfarra de 20 pessoas ou um bloco com 3 mil, é um momento de alegria, de brincar e se divertir, e a medida que os anos passam ele se profissionaliza mais, as demandas vão mudando e nós vamos acompanhando”, afirma João Neto. E isso vale para os camarotes, blocos de trio elétrico e demais negócios que fazem a grande festa acontecer. “Este ano a Camisa da Latinha lançou a opção de camisas produzidas em dryfit com proteção UV +50, um produto muito competitivo”.

O Camaleão, por exemplo, é um desses blocos que leva, por dia, cerca de 5 mil pessoas e em 2024 já está com as vendas de domingo esgotadas, “a tendência para segunda e terça-feira também é essa”, afirma Quinho Nery, presidente do bloco. Um caminho que o Camarote Club também está seguindo: sexta-feira já esgotou, e o mesmo é esperado para os outros dias, afirma o gestor Luís Moreira, que ressalta: “Seja bloco, camarote ou folião pipoca, todos são parte do ecossistema do Carnaval”.

Trabalho duro

“Os olhos do Brasil e do mundo se viram para cá no Carnaval e nós trabalhamos duro 359 dias do ano para que as pessoas se divirtam muito nesses outros seis”, afirma Luís Moreira, ressaltando o quanto essa gama de opções - camarotes, blocos, pipoca, bloquinhos, grupos culturais, fanfarras e afins -, é justamente o que atrai milhares de turistas todos os anos. De acordo com as estimativas da Secretaria de Turismo da Bahia (Setur-BA), cerca de 3 milhões de visitantes são esperados no Carnaval de 2024 em Salvador e no interior.

O Carnaval baiano vem se tornando mais atrativo a cada ano e as mudanças da festa, explica o titular da Setur-BA, Maurício Bacelar, são parte do processo de adaptação aos novos conceitos que vão surgindo. “E o que faz a nossa festa diferente das outras é a autêntica manifestação popular representada pelos blocos afro, afoxés, blocos indígenas, grupos alternativos e trios sem corda, assim como os blocos dos grandes artistas e os camarotes têm a sua importância, na medida que atendem públicos específicos”, afirma.

Para Paulo Miguez, professor, pesquisador da área de festa - com ênfase no carnaval -, e reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), três grandes transformações marcam a história do Carnaval baiano: a criação dos trios elétricos, a entrada dos blocos afro e a emergência comercial da festa. “Os trios elétricos tiraram a Bahia do século 19 e a colocaram no século 20, na modernidade que o estado demorou para entrar. Já os blocos afro, com sua estética e política, foram e são fundamentais para a festa, pois não há dúvida de que a cidade seria menos rica e alegre sem eles”, afirma.

E claro, a emergência do mercado da festa. Até o final dos anos 1980, por exemplo, não existiam “cordeiros”, uma função que era desempenhada pelos integrantes do blocos, pois não havia uma dimensão econômica, explica Paulo Miguez. “Desde sempre o Carnaval tem experimentado inovações e a chegada dos trios elétricos foi o elemento chave para essa emergência comercial que se organiza em volta do trio e que é tão presente hoje, seja através dos cantores cantando em cima deles, as pessoas que pagam pelo bloco, os cordeiros que o cercam e até o camarotes pelos quais passam: todos se retroalimentam, fazendo a festa ser o que ela é”.

Presidente do Conselho Municipal de Carnaval (Comcar) e do bloco Muquiranas - que está para esgotar a venda de suas fantasias -, Washington Paganelli enfatiza que o Carnaval de Salvador tem espaço para tudo. “A evolução da festa e a inserção de diferentes elementos é o que torna o Carnaval tão atrativo. Tem o Carnaval mais familiar e antigo no Circuito Batatinha, os grandes trios e camarotes no Barra/Ondina, os grandes trios do Campo Grande, o lindo Circuito Mãe Hilda, os muitos blocos de samba, estamos iniciando um forte Carnaval em Itapuã… O Carnaval da Bahia tem espaço para todos aqueles que querem brincar o Carnaval, tem festa para todos os gostos”, afirma o presidente do Comcar.

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