CARNAVAL 2023
Folia momesca já ocupa as ruas da capital baiana
Durante a diversão, mais de mil atrações e mais de 2 mil horas de som animam a festa
Por Mariana Bamberg
Foram dois anos de jejum, mas agora o folião finalmente pode colocar para fora o grito de “já é Carnaval, cidade, acorda pra ver”. Apesar de a abertura oficial da festa só acontecer na próxima quinta-feira, 16, desde ontem baianos e turistas já ocupam as ruas espalhando o clima da folia momesca com a realização do Fuzuê.
A curtição foi do Clube Espanhol ao Farol da Barra, onde milhares de pessoas acompanharam o desfile de 42 atrações, entre fanfarras, charangas e grupos percussivos.
E hoje a promessa é de ainda mais animação na Barra, com o Furdunço. Armandinho, a banda Mudei de Nome, Tuca Fernandes, Gerônimo, Adelmo Casé e Felipe Escandurras serão alguns dos 53 nomes que irão se apresentar, a partir das 14h no circuito Orlando Tapajós. Além deles, o grupo BaianaSystem para encerrando o domingo.
Até o último dia da folia, mais de 1.000 atrações vão fazer a alegria dos amantes da festa momesca nos sete circuitos oficiais. Ao todo, serão cerca de 2.600 horas de música para fazer esquecer que um dia não teve Carnaval. A espera depois de dois anos enche de expectativa aqueles que curtem a festa, mas também os que vão ficar em cima dos palcos e trios.
Veterano do Carnaval, Gerônimo acredita que as músicas mais tocadas na folia deste ano devem ser sucessos antigos. Para ele, a dificuldade de produção e a falta de espaço para tocar e ouvir esses hits nos dois últimos anos devem contribuir para isso. Empresário do ramo de entretenimento e presidente do Conselho Municipal do Carnaval (Comcar), Kinho Nery concorda com a previsão do cantor. Ele lembra que o próprio Bell Marques, um dos mais consagrados puxadores de trio, já prometeu que vai cantar apenas suas faixas antigas em um de seus blocos.
Para Nery, a retomada do Carnaval após dois anos de suspensão por conta da pandemia da Covid-19 é sinônimo de vida para os foliões e para os setores envolvidos. “Há algum tempo a cidade já vem absorvendo esse movimento, que não está ligado apenas aos blocos e camarotes. É um movimento gigantesco na economia. A quantidade de pessoas envolvidas é enorme e só tenho visto em todas elas gratidão por essa retomada”, conta o presidente do Comcar.
Apesar da previsão de retrospectiva, Gerônimo crê que a festa continuará sendo um espaço para o surgimento de uma ampla gama de tendências, artistas e produtos. “O Carnaval de Salvador é um festival, as pessoas vão em busca do que gostam e o baiano está sempre querendo fazer algo diferente. É justamente nesse caos que pode surgir coisa nova”, afirma o músico.
O “caos” ao qual Gerônimo se refere inclui, neste Carnaval, mais de 600 atrações que vão se concentrar nos circuitos da festa. Na Barra-Ondina (Dodô), os foliões vão poder desfrutar de 43 atrações sem corda, contratadas pelo Governo do Estado e pela Prefeitura, e terão ainda opções de 19 blocos e 8 camarotes. Já no Centro, serão 96 atrações pipocas no Pelourinho (circuito Batatinha) e 38 no Campo Grande (circuito Osmar). A Avenida vai ganhar ainda um um Furdunço para chamar de seu, que acontecerá na sexta-feira e levará cerca de 20 atrações para a rua.
Os grandes nomes do axé music, como Ivete Sangalo, Saulo, Timbalada e Daniela Mercury, vão fazer a alegria dos foliões pipocas no circuito Barra-Ondina. Por lá, a festa será encerrada na Quarta-feira de Cinzas com Bell Marques no tradicional Arrastão. Já no circuito do Campo Grande, entre os nomes confirmados, estão: Mudei de Nome, Tiago Aquino, Claudia Leitte e Daniel Vieira.
O pagodão baiano vai ter mais espaço nos circuitos tradicionais deste ano. O Polêmico, o Kannalha, Xanddy Harmonia, Parangolé, Pagodart, O Poeta, Ed City e A Dama se apresentarão sem cordas no Osmar. Já Léo Santana, Parangolé, La Fúria e Psirico vão desfilar com suas pipocas na Barra-Ondina.
Quem quer relembrar o axé music tradicional também vai poder curtir com Gerônimo e o Buzanfan, Carla Cristina, Márcia Castro, Sarajane. É atração para todos os gostos.
Mas a animação não vai se concentrar apenas nos circuitos tradicionais. A festa também vai acontecer em alguns bairros de Salvador e em três ilhas da capital. Palcos e pontos musicais serão montados na Liberdade, Periperi, Pau da Lima, Plataforma, Boca do Rio, Itapuã e Cajazeiras e ainda nas ilhas de Maré, Paramana e de Bom Jesus dos Passos. Artistas como Ju Moraes, Ricardo Chaves e Felipe Escandurras vão animar os moradores.
O presidente da Saltur (Empresa Salvador Turismo), Isaac Edington, ressalta a relevância das programações carnavalescas fora dos circuitos oficiais. “Levamos para os bairros além de grandes atrações, oportunidades para músicos, produtores, novos talentos. Isso ainda movimenta todo o comércio e a cadeia produtiva da região. Há ainda um impacto super positivo na descentralização da festa”, afirma.
A diversidade será uma marca registrada nos circuitos. O bairro do Rio Vermelho também receberá um espaço musical nos dias de festa, será o Palco Mix, com artistas dos mais variados ritmos. Já Piatã contará com o Palco do Rock. No Farol da Barra, será a música eletrônica que vai tomar conta e contagiar o público. Artistas como Watzgood, Rooftime, Uhu e Jopim vão se apresentar após a saída do último trio dos dias, da sexta à terça-feira. Para quem curte um sambinha, o ritmo vai agitar o Campo Grande na chamada “Quinta do Samba”, na quinta-feira
Homenagem
E a animação deste ano vai contar com grandes homenagens. O governo do Estado anunciou recentemente que o tema ‘Um Carnaval a Cada Esquina’ deste ano homenageia o cantor e compositor Moraes Moreira, falecido no primeiro ano de pandemia e referência de carnaval baiano.
Durante a coletiva do governo, que ocorreu na semana passada, o secretário da Secult, Bruno Monteiro, anunciou que além de Moraes Moreira, também serão homenageados a cantora Gal Costa, Letieres Leite, Riachão e Zelito Miranda.
Monteiro destacou o trabalho da Secult na curadoria do Carnaval do Pelourinho. “Fizemos uma busca ativa a partir dos gêneros musicais, garantindo a diversidade, com mais de 15 gêneros musicais e mais de 115 atrações do Pelourinho. E, sobretudo, valorizando quem já participou de outros carnavais, a diversidade de temas, para que a cultura da Bahia se veja representada e esteja representada no carnaval”, completou
A pasta também fez um investimento histórico no edital do Carnaval Ouro Negro 2023 de R$ 7,6 milhões destinados ao Carnaval deste ano para manter e preservar a tradição dos blocos afros na folia soteropolitana. Na programação estão Olodum, Ilê Aiyê, Filhos de Gandhy, Muzenza, Cortejo Afro, Alvorada e Didá.
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