PLURALIDADE
Espaços alternativos celebram a diversidade
Projeto ‘Cole no Centro’ tem oito palcos temáticos
Por Felipe Viterbo e Redação
A capital baiana recebe uma multidão de foliões ansiosos para celebrar a maior festa de rua do planeta, que começa oficialmente amanhã. Com mais de mil atrações confirmadas em três circuitos tradicionais (Dodô, Osmar e Batatinha) e outros cinco já oficializados, o Carnaval de Salvador ainda contará com palcos alternativos em diferentes bairros e diversas manifestações culturais.
A folia na região central da cidade mereceu atenção especial na programação carnavalesca. O projeto ‘Cole no Centro’ tem oito palcos temáticos. O Salvador Capital Afro, com representantes da música negra, na Praça Castro Alves, e o Coreto Colorindo Salvador, no Largo Dois de Julho, com artistas, músicos e performistas da comunidade LGBTQIA+, são novidades da festa.
Outra estreia é o o palco Bailinho da Cidade, que vai receber, no sábado e domingo de Carnaval, atrações voltadas especialmente para o público infantil, no Parque da Cidade. E fortalecendo o lado eclético da folia soteropolitana, o tradicional Palco do Rock reunirá diferentes tribos no bairro de Piatã. Além disso, haverá o palco Donas do Som, apenas com mulheres; o Axé Pelô, voltado para a axé music; o Varanda da Folia, que animará os foliões nos intervalos dos trios no Campo Grande; o Multicultural; a Arena do Samba; e o Coreto das Orquestras.
Criado em 2012, apesar de receber desfiles desde 2004, o Circuito Mestre Bimba, no Nordeste de Amaralina, homenageia o homem responsável por difundir a capoeira regional pelo mundo. Dezenas de blocos e manifestações artísticas celebram as raízes da Bahia nesse espaço alternativo. A programação do Circuito Mestre Bimba conta este ano com apresentações nos seis dias da folia. Entre os destaques, os blocos Swing Afro Magia, As Donzelas, Asa Surf Reggae Pela Paz, Favela Kids, Afoxé Namboxé e Philosofia do Reggae.
O Circuito Sérgio Bezerra, na Barra, entrou na programação em 2013, como trajeto do Habeas Copos. Saindo da Rua Marquês de Leão em direção ao Farol da Barra, o desfile oferece uma experiência lúdica com bandas de chão e fanfarras, além de um ambiente mais acolhedor. O nome homenageia o dono do bar Habeas Copos e criador do bloco homônimo. Sem blocos com cordas, o circuito ficou conhecido por ser o local onde ocorrem as festas pré-carnavalescas. Destaque para grupos como 37,5 Não É Febre, Xupisco, Concentra + Não Sai, Pinguço, Cerveja e Pimba, Arquiloucura, A Barca Tricolor e o já tradicional Heabeas Copos.
O percurso da famosa Mudança do Garcia virou o Circuito Riachão. Na segunda-feira de Carnaval, o desfile do bloco vai do final de linha do Garcia até o Campo Grande. Apesar de a Mudança ter sido fundada em 1959, o nome do circuito só foi oficializado em 2015, homenageando o cantor e compositor Riachão, nascido e criado no bairro.
Reivindicação de quase uma década, o Circuito Mãe Hilda de Jitolú, na Liberdade, foi criado em homenagem a Hilda Dias dos Santos, uma das mais importantes ialorixás do Brasil e mãe de Antônio Carlos dos Santos, o Vovô, fundador do Ilê Aiyê, primeiro bloco afro do País. Um dos pontos altos da folia ocorre no bairro, um dos mais populosos da cidade, com a famosa cerimônia de saída do Ilê, no sábado de Carnaval.
Paroano Sai Milhó: irreverência na folia
Um dos grupos carnavalescos mais antigos ainda em atividade na Bahia, o Paroano Sai Milhó festeja 60 anos com muita cantoria no Largo do Godinho, no bairro da Saúde, na sexta-feira de Carnaval. Com repertório focado na música popular e momesca, o Paroano é um bloco sem trio e sem corda que costuma animar os foliões nos espaços mais alternativos de Salvador. Conhecido como a ‘joia do Carnaval baiano’, a agremiação se destaca desde a fundação e também promete animar o público amanhã, no Rio Vermelho, e sábado, segunda e terça, no Pelourinho, sempre a partir das 20h30. "O Paroano é a materialização da diversidade social, econômica e cultural, já que possui 18 integrantes e nenhum se parece com o outro. Esta é uma das riquezas do grupo: conviver em prol de um objetivo comum, que é cantar", definiu o arquiteto Chico Ulisses.
Ao lado de amigos que cantavam e tocavam percussão e instrumentos de cordas, Antônio Carlos Mascarenhas, o Janjão, fundou o Paroano no dia 9 de fevereiro de 1964, com a ideia de sair no Centro levando cantos de alegria e liberdade. "Vi o ‘Paroano’ nascer, contribuí para seu desenvolvimento e o vejo chegar aos 60 anos continuando a fazer um Carnaval singular, o que também me faz tê-lo como um filho, me dando orgulho e alegrias”, declarou Chico. O Paroano atua também nos festejos de São João, Dois de Julho e Natal.
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