Ainda dá tempo de comprar abadá

Não se planejou para o Carnaval? Ainda dá tempo de comprar abadás para os maiores blocos da folia baiana e pular dentro das cordas, mas nos postos de vendas oficiais os foliões não vão encontrar lugar nos blocos mais badalados, como Camaleão e Me Abraça.



Se ainda assim o folião quiser acompanhar os trios elétricos puxados por Chiclete com Banana e Durval Lélis dentro das cordas, terá de recorrer ao comércio paralelo. Os preços de abadás vendidos por cambistas variam de R$ 160 a R$ 1800, dependendo da atração e dos dias escolhidos. O pagamento tem de ser feito em dinheiro.



A reportagem do A Tarde On Line pesquisou locais e preços nos dois pontos de maior concentração de cambistas: o Jardim Brasil, na Barra, e o Aeroclube.



Na Barra, cerca de 40 vendedores esperavam os clientes na tarde desta quarta-feira. O local já virou ponto tradicional de venda na véspera do Carnaval. Quem quiser pular no Camaleão tem facilidade para encontrar a camisa-convite, mas precisa desembolsar R$ 800 por um dia ou R$ 1.800 pelo pacote completo, com direito a três dias atrás do trio elétrico puxado pela banda Chiclete com Banana. No bloco, os abadás foram vendidos a R$ 900 pelos três dias de folia, mas esgotaram-se no ano passado.



O foco dos cambistas que preferem a Barra são os turistas que se hospedam nos muitos hotéis do bairro e ainda não têm destino certo. Os vendedores acampados no local garantem que a tendência é que os preços aumentem a cada dia. Um cambista que não quis se identificar afirma que, amanhã, os preços devem sofrer acréscimo de até 50%. “Aqui é venda garantida, no ano passado, cheguei a vender abadá de um dia por R$ 1500”, garantiu. Já no Aeroclube, a situação é bem diferente.



Das cerca de 250 pessoas aglomeradas no estacionamento do shopping no final da tarde, 90% tentavam vender e lamentavam o sumiço dos turistas. “Não tem quem compre, porque todo mundo resolveu vender”, lamentava João Alberto de Jesus, que só tinha vendido um abadá das 15às 17h30 horas. "No ano passado, vendi com muito mais facilidade", conta.



Segundo ele, a maior oferta neste ano acontece porque quem percebeu o bom negócio escondido na compra antecipada para venda nos últimos momentos antes da festa resolveu investir também. Alguns blocos – caso do Camaleão - tiveram o primeiro lote de abadás esgotado na Quarta-de-Cinzas do ano passado, o que deixou muitos foliões à mercê dos cambistas.



A procura às véspera da festa nos anos anteriores era maior do que a oferta. Mas, neste ano, a situação se inverteu, desagradando àqueles que levam a atividade a sério. “Acontece que, desse jeito, a gente não consegue vender e tem que diminuir o preço”, lamenta o cambista.



O mercado atrativo gerou uma especulação além da procura. O estudante Leandro Alves fica esperando o melhor momento de comprar na baixa e vender na alta. “Tem que ter agilidade para vender, senão, sobra”.



Nesse mercado, tem ainda folião que desistiu de pular o Carnaval e se mistura aos cambistas para tentar, na última hora, lucrar com a festa. É o caso dos estudantes Daniel Cerchiari e Carolina Ataíde, que juntaram-se aos cambistas na tentativa de vender os abadás do Coco e do Me Ama. “Compramos por R$ 370 e estamos pensando em vender por R$ 800”, afirmou a estudante.



Além da desistência, Daniel também apostou na especulação. No ano passado, comprou um abadá do Nana Banana por R$ 900 com a expectativa de vender pelo dobro perto do Carnaval 2006. “Ainda estou pesquisando, mas acho que vou ter de pedir menos”, constatou.



Até quem veio de fora aproveitou para “negociar” no `mercadão do abadá´ que se formou no estacionamento do Aeroclube. A administradora de empresas paulista Ana Luiza Sobral veio com o pacote completo do bloco Me Abraça. “Quero trocar alguns dias, para variar a programação”.



Confira a cotação dos principais blocos oferecidos por cambistas:



Camaleão - de R$ 800 a R$ 900 cada dia

Cerveja e Cia – R$ 900 os três dias e R$ 400 cada um

Corujas – R$ 700 por dia

Eu Vou – R$ 350 por três dias

Interlada – R$ 300 cada dia

Nana Banana – R$ 1800 os três dias

Mascarados – R$170 por dia

Papa – R$ 400 por dia

Skol – R$ 90 cada dia

Trimix – R$ 160 por 2 dias