CARNAVAL 2014
Carnaval Cultural é resgatado em Barreiras
Por Rosiane Donato, da sucursal Barreiras
A cidade de Barreiras (a 857 km de Salvador) já se prepara para receber os turistas que vêm de várias partes do Brasil para desfrutar os dias de agitação da festa mais esperada do ano, o carnaval. A novidade da folia 2009 no município é o resgate do Carnaval Cultural, com manifestações histórico-culturais durante todos os dias, avivando a memória da comunidade e dos foliões que viveram momentos marcantes na festa primitiva, realizada desde os anos 30 no Centro Histórico da cidade.
O Carnaval Cultural tem raízes na história, nas tradições e nas particularidades da região e do seu povo. Revela a identidade cultural do município, apesar de abrigar as características daqueles que foram chegando e fundiram suas histórias no carnaval local. Desde os anos 80 que não se comemora a festa com este aspecto, mas este ano, tanto a população barreirense, bem como os turistas poderão apreciar as matinês, desfiles dos blocos tradicionais, cortejo conduzindo o Rei Momo, a Rainha e as Princesas, com chegada ao Centro Histórico, e o desfile pelas ruas da cidade com destino ao circuito oficial, até os camarotes. O cortejo será realizado a bordo do Trio Elétrico Cortesia, de Agnaldo Pereira, recuperado pela prefeitura, com sonorização adequada e decoração típica, além dos desfiles de bonecos, caricaturando figuras de reconhecido valor histórico/carnavalesco da cidade.
A artista plástica Ester Brandão, filha de Barreiras, que desde criança fazia os próprios brinquedos, cresceu e se tornou uma bonequeira. Com a participação para revitalizar a festa tradicional, ela produziu cinco bonecos de material reciclável, medindo cerca de dois metros, para representar os pais do carnaval da cidade. Ela desenvolve com muita dedicação o trabalho de caricatura, por fazer parte da própria história. "Faço com muito prazer e alegria. Cada personagem tem uma importância para mim e esta é uma forma de homenageá-los", disse a artesã.
Recomeço – Para os antigos foliões, esse ano é um recomeço dos festejos originais, permitindo que as gerações atuais vivam as histórias culturais da região. Serão doze blocos tradicionais. O Bloco da Rola é um dos mais antigos que vai sair para restaurar esse marco cultural. "Depois de muitos anos, cada um seguiu a sua vida e os blocos tradicionais foram desaparecendo. Mas agora fomos convocados para revitalizar esse projeto. Eu vesti a camisa. Não quero que esse carnaval morra. O Bloco da Rola vai voltar. A rolinha fogo-pagou é um pássaro que é liberto durante a festa. Esta é uma filosofia do bloco", explica “Bené Setenta", um dos foliões mais antigos da cidade. "Nós iremos passar isso para nossos filhos e nossos netos, porque o carnaval atual está longe. Tudo mudou com o envolvimento de outras culturas que não tem nada a ver com o Brasil e com a Bahia", conclui.
"Zé de Hermes", um dos foliões que é precursor do carnaval cultural, observa: "Eu não gosto de resgatar, mas de conservar. Venho tentando todos os anos manter a tradição para não deixar sucumbir. Há uma cobrança da população para retomar o carnaval cultural, mas eu não sou o dono. Sou um elo cultural, porque há 40 anos faço esse carnaval e nunca houve uma prisão. Mas com a invasão cultural do axé, mudou o profissionalismo. Entretanto, não podemos deixar morrer, mas conservar essa história", declarou .
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