Quando o amor de família fala mais alto
Idosos recebem atenção especial das filhas
Hermínia Cruz Paranhos era uma adolescente que morava no interior e ao chegar na Capital para estudar, na casa de uma madrinha, seu olhar cruzou com o de Edson José Paranhos, militar reformado do Exército brasileiro e, imediatamente, bateu a química do amor.
Isso mesmo. Foi amor à primeira vista e aquela adolescente foi pedida em casamento pelo jovem militar, filho único e que viu nesse lindo amor, a possibilidade de formar uma família, que viveria uma relação duradoura.
Ao longo da vida, a família foi crescendo, com quatro filhos, sendo que infelizmente um foi natimorto e ficaram três mulheres (Mabel, Luciana e Flávia). Hermínia, desde jovem, mostrou muitas qualidades para doceira e com isso fundou uma confeitaria, onde trabalhou por muitos anos, enquanto Edson prestava serviços à Nação, no Exército Brasileiro.
Desde os 28 anos que Hermínia descobriu ser portadora de Lúpos, uma doença autoimune que requer muitos cuidados. Já Edson, em 2013 foi diagnosticado com Mal de Parkinson e outras comorbidades, como uma doença neurológica, possivelmente provocada por quedas, durante suas atividades profissionais e que requer cuidados constantes.
Mas vocês pensam que o casal se entregou aos problemas de saúde e passou a viver de reclamações e comodismo. Negativo. Com o apoio da família, Edson, aos 79 anos, e Hermínia, com 73 anos, tentam ter uma vida saudável e o mais normal possível, dentro das suas limitações.
Pra começar, as filhas Mabel, psicóloga e Luciana, nutricionista clínica hospitalar, resolveram que, um passo importante para o fortalecimento da relação familiar e a melhoria dos cuidados com os pais, seria a proximidade de todos. Com isso, elas resolveram, cada uma com sua família, morar no mesmo condomínio dos pais.
Segundo Mabel, a família é muito unida e apenas a irmã Flávia, que é militar, não mora no mesmo condomínio, mas participa das ações com os pais. Essa proximidade ajuda a dar um suporte emocional e físico, para Edson e Hermínia. As atividades militares de Edson o levaram a praticar muitos exercícios físicos e isso hoje tem ajudado no tratamento da sua doença, que é progressiva, mas controlada.
As profissões de Mabel e Luciana também ajudam nos cuidados com os pais. Pelo lado nutricional, Luciana tem uma atenção toda especial com a alimentação dos dois idosos e busca fortalecer seus organismos, com nutrição saudável, para as atividades do dia a dia.
O lado psicológico também requer uma atenção muito grande e isso fica mais por conta da Mabel, que atua na área da neuropsicologia. Segundo ela, o idoso precisa ser estimulado para algumas atividades, especialmente a física. É preciso mostrar a necessidade dos exercícios, para que eles aceitem.
Edson e Hermínia também participam de um grupo de casais, todos de idades avançadas e parecidas. Segundo as filhas, eles tentam estimular os companheiros de grupo, para que tenham algumas atividades físicas, como o Pilates, que eles praticam juntos, na Corpo Clin.
Mabel lembra que o Pilates tem sido de fundamental importância para os pais e também para ela e Luciana. “Fazemos as aulas os quatro juntos, três vezes na semana e isso tem contribuído muito para a evolução de todos, já que eu e minha irmã também temos alguns problemas de mobilidade.
As filhas colocaram os pais no Pilates desde o ano de 2013, para que eles tenham uma melhor flexibilidade motora e para não perderem a autonomia de caminharem e de irem aos lugares que eles gostam de ir e também de viajar.
Como eles possuem uma doença autoimune e neurodegenerativa, quanto maior o cuidado agora, mais tardiamente eles terão intensificadas as dificuldades na perda da flexibilidade motora. O importante agora é melhorar a autonomia deles para todas as atividades.
“Com a pratica do Pilates trabalhamos com os nossos pais, um nível de conscientização para mostrar que eles ganham mais autonomia e que essa atividade ajuda a retardar a ação das doenças. Com essa atividade, estamos apostando muito mais na liberação da dopamina, endorfina, serotonina, elementos principais para o Mal de Parkinson e hormônios ideais para quem tem doenças autoimunes, como o Lúpus”, disse Mabel.
O bom é que Edson e Hermínia sabem da necessidade da pratica de atividades físicas e, com relação ao Pilates eles participam ativamente das aulas, que são ministradas de uma forma bem personalizada, além de trocarem muitas ideias com os colegas da turma. “Esse é um momento de ótima descontração para eles”, dizem as filhas.
“Para a gente cuidar de alguém temos que amar o ser humano na sua plenitude e isso significa aceitá-lo da maneira que ele é, tanto na utilidade, quanto na inutilidade”, diz Mabel.
“O que fazemos com uma pessoa que chegou à inutilidade numa idade senil? Pergunta ela, que de pronto responde: “o idoso tem o direito de viver a vida deles, viajando, curtindo e tendo os mesmos prazeres que nós temos. Os nosso pais cuidaram da gente e nós temos que acolhê-los nesse momento, pois um dia também chegaremos na idade senil e gostaríamos de ser acolhidos na nossa inutilidade”, concluiu.