Um ponto pacífico
Ainda bem que há dois pontos pacíficos na gigante disputa de bastidores que se tornou a reforma do estatuto do Vitória, justamente aqueles que mais interessam ao torcedor e o que mais podem influenciar na saúde financeira e administrativa do clube no século XXI: o voto direto dos sócios para presidente e a limitação de apenas uma reeleição.
É por meio do poder de eleger o principal mandatário do clube, sem filtros, que o Leão vai garantir seu futuro, seja por meio do crescimento do seu programa de sócios ou pelo simples fato de fazer valer a máxima democrática da abertura à renovação.
À frente de seu tempo na década de 1990 e ainda forte neste início de novo milênio, o Vitória, que evoluiu em tantos departamentos na últimas duas décadas, vive ainda nas trevas em termos de democracia. É um clube fechado e dominado por poderosos e influentes conselheiros, que poucas vezes abriram espaço de verdade para novos nomes. De maneira geral, a renovação por lá sempre foi figurativa, para usar uma palavra da moda política.
Ao contrário do que é pregado pela ala mais conservadora do clube, é justamente essa falta de mobilidade no alto escalão do Vitória que traz instabilidade ao Rubro-Negro. O ultrapassado estatuto não é cumprido à risca por falta de claridade às regras, como mostra o atual imbróglio sobre a convocação da assembleia marcada para amanhã.
Pluralidade em risco
Se por um lado o voto direto e a limitação da reeleição são os principais pontos para o início de uma democracia de verdade no Vitória, por outro uma das propostas de formação do Conselho Deliberativo do clube coloca em risco a tão necessária pluralidade na direção do Leão. Garantir maioria à chapa vencedora no Conselho é um arcaico modelo de manter o poder e dar carta branca para uma administração totalitária.
Não vejo problemas em relação ao embate pelos prazos de carência para se candidatar. É uma discussão válida e um bom artifício para afastar aventureiros de plantão.
Espero que tudo se resolva o quanto antes, pois uma crise de bastidores pode atingir o futebol do Vitória em um ano de suma importância, de recuperação para o Leão.
Crise na CBF
Muito se fala dos votos das federações em torno da eleição da próxima semana, que deve colocar o Coronel Nunes como o mais velho vice-presidente da CBF e, consequentemente, primeiro na linha sucessória do 'finado' Marco Polo Del Nero. Mas e os clubes das séries A e B, que também têm direito a voto no pleito?
Sem força coletiva, sobretudo após o fim do Clube dos 13, as 40 equipes mais qualificadas do país não se atrevem sequer a sondar um candidato à vaga. E não o fazem porque têm o rabo preso e, incompetentes administrativamente (para dizer o mínimo), dependem do bom grado da entidade para sobreviver.