A Bahia precisa nacionalizar o São João
Confira a coluna de Armando Avena desta quinta-feira

Estamos na semana do São João e é bom lembrar a importância da festa para a economia baiana. Isso porque, do mesmo modo que o Carnaval, o São João faz girar uma cadeia de negócios que movimenta a economia, o mercado de emprego e de serviços, o mercado imobiliário e tantos outros.
É o que eu chamo de economia do forró, que engloba a movimentação física e financeira da festa, envolvendo o turismo, os recursos alocados pelos governos estaduais e municipais, a montagem e instalação de verdadeiros parques de consumo e diversão, a atividade hoteleira; a arrecadação de impostos e dezenas de outras atividades propiciadas pela festa.
Um exemplo desse impacto é a ocupação hoteleira nas principais cidades que atinge 100%, mas não dá conta da demanda e então surge outra fonte expressiva de negócios: o aluguel da própria casa e o ganho extra que se junta à produção de alimentos e fogos e ao oferecimento de serviços.
Esforço conjunto
Mas, apesar desse potencial, a Bahia ainda não nacionalizou o São João, que é um dos principais produtos de sua economia. Não é uma tarefa fácil e, apesar dos esforços do governo do estado, das prefeituras e do trade turístico, a festa de São João continua sendo, fundamentalmente, uma festa de baianos para baianos, e o número de turistas de outros estados é pequeno.
Salvador é o principal emissor de turistas no São João da Bahia, estimando-se que quase 400 mil pessoas saem da capital em direção ao interior. Aliás, basta ver que na BR-324, o fluxo médio é acrescido de milhares de automóveis e, na rodoviária, a média mensal do fluxo de passageiros quase duplica em junho.
A Bahia precisa nacionalizar o São João porque não faz sentido que uma festa dessa magnitude tenha um movimento financeiro inferior a R$ 500 milhões, segundo as estimativas. O São João da Bahia pode ter uma receita três vezes maior que essa se houver um trabalho adequado tanto no âmbito da montagem das festas no interior e na capital, quanto no que se refere a divulgação publicitária em outros estados.
É verdade que a Secretaria do Turismo aumentou os eventos promocionais, que governo e prefeitura estão investindo no São João de Salvador, mas tudo ainda tem caráter pequeno, local, quando a festa exige uma mobilização muito maior e uma campanha publicitária nacional para sua divulgação. Se isso for feito, cidades como Salvador, Amargosa, Lençóis, Cruz das Almas, Cachoeira, Senhor do Bonfim e muitas outras se tornarão polos receptivos de alcance nacional com um impacto muito maior na economia do estado.
O fato é que o São João é um produto inigualável, não só sob o ponto de vista cultural, mas também econômico, com enorme potencial de geração de emprego e renda e grande movimentação financeira. O São João representa uma importante e promissora atividade econômica, capaz de gerar riqueza para os municípios localizados nos mais recônditos locais do sertão e, assim como a economia do Axé gera riqueza e emprego para Salvador, a economia do forró pode dinamizar economicamente o interior da Bahia.