Agronegócio sofre com a queda de preços
Confira a coluna de Armando Avena desta quinta-feira, 28

O ano de 2023 não tem sido bom para o agronegócio na Bahia. No 1º trimestre do ano o PIB do agronegócio caiu 12,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Mas a produção agropecuária do estado se concentra no segundo trimestre e a expectativa era que os números melhorassem. No entanto, no 2º trimestre de 2023, o PIB do agronegócio caiu 6,1%, totalizando R$ 32,7 bilhões e representando 28,8% do PIB estadual. No mesmo trimestre de 2022, o PIB do agronegócio representava 32% do PIB baiano. Por que isso está acontecendo? A resposta é simples: queda significativa nos preços dos produtos agropecuários no 1º semestre de 2023.
A soja, por exemplo, principal produto do agronegócio, era cotada a R$ 180,00 a saca de 60 kg no ano passado e este ano foi vendida a R$ 139,00, o que impactou o produtor e reduziu o PIB do setor. O mesmo seu deu com a saca de café, que era vendida a R$ 1.330,00 e este ano a cotação foi de R$ 1.020,00. E a arroba do boi gordo que chegou a valer R$ 310,00 no ano passado e está em torno de R$ 260,00 este ano.
A instabilidade nos preços no mercado internacional é um problema de toda economia focada em commodities. Em 2022, em função da Guerra da Rússia e a Ucrânia, houve um boom nos preços das commodities agrícolas no mercado internacional e as exportações baianas foram beneficiadas, mas o cenário mudou com o escoamento dos grãos europeus pelo Mar Negro e com a retração da economia mundial, o que reduziu a demanda. Para completar, houve uma safra recorde e aumentou a oferta de grãos. Os preços dos produtos caíram internamente e externamente e o efeito câmbio ainda puxou para baixo a receita de exportações do agronegócio.
Vale ressaltar que a safra baiana de grãos deve bater novo recorde em 2023, devendo ser superior a 13 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 10% em relação ao ano anterior. E deve-se registrar também o crescimento da produção de algodão em pluma na Bahia, que deve alcançar 598 mil toneladas na safra 2022/2023, 15% a mais que a safra anterior, com aumentos de área plantada e de produtividade. O problema não está na produção ou na produtividade, está na queda dos preços que está impactando a agropecuária e o agronegócio baiano. Tudo indica, portanto, que o setor agropecuário, que nos últimos anos tem contribuído fortemente para o incremento do PIB baiano, não terá o mesmo papel este ano.
De todo modo, esse é um movimento conjuntural e a produção baiana de grãos, que já representa 4% da produção nacional, tem crescimento estrutural e qualquer movimento diferenciado de preços fará o setor ampliar sua participação novamente. Além disso, beneficiado pelos preços altos dos produtos baianos nos anos anteriores, o produtor está capitalizado e em condições de enfrentar o momento difícil, sempre esperando uma recuperação de preços no mercado internacional. Os números são da Sei/Seplan.