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ACERVO DA COLUNA
Publicado quinta-feira, 13 de maio de 2021 às 6:04 h | Autor: Armando Avena - A TARDE

Alta nos juros: o remédio não pode matar o doente

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O BC agiu corretamente, mas não pode esquecer que o remédio precisa ser usado com moderação | Foto: Marcello Casal Jr. | Agência Brasil
O BC agiu corretamente, mas não pode esquecer que o remédio precisa ser usado com moderação | Foto: Marcello Casal Jr. | Agência Brasil -

Após seis anos de quedas consecutivas, o Copom – Comitê de Política Monetária restabeleceu a tendência de alta na taxa básica de juros, elevando-a para 3,75% ao ano e já definindo um novo aumento de 0,75% na próxima reunião. Foi um remédio amargo cujo objetivo é controlar a inflação que, anualizada, vai ficar em torno de 8% este mês de maio. O Banco Central agiu corretamente, mas não pode esquecer que o remédio precisa ser usado com moderação, pois tem efeitos colaterais. O aumento da taxa Selic faz cair a inflação porque encarece o crédito e estimula a poupança, reduzindo a demanda por bens e serviços. E pode também reduzir a cotação do dólar, já que juros mais altos aumentam a entrada da moeda via capital especulativo ou antecipação de contratos de exportação. Como insumos e matérias-primas importadas aumentam o custo de grande parte dos produtos, o dólar mais barato pode resultar na queda de preços de diversos itens.

O problema é que o efeito direto dessa medicina é a queda da atividade econômica, o que significa que a expressiva retomada dos negócios que está se verificando em 2021, mesmo com a pandemia, vai ser contida. Muitos setores, a exemplo da construção civil, do comércio e outros, e até mesmo novos investimentos podem ser desestimulados com o crédito mais caro. Esse é o efeito colateral mais danoso, mas existem outros como, por exemplo, o custo da rolagem da dívida interna que vai fazer o governo aumentar seu déficit fiscal. Por tudo isso, é preciso usar a panaceia dos juros altos com parcimônia e essa é a expectativa do Banco Central, que supõe que o pico inflacionário seja momentâneo de modo que, contida a inflação no limite superior da meta, será possível a partir do último trimestre do ano ou do 1º trimestre de 2022 voltar a política de queda gradual nos juros. Não creio que vá ser assim, pois existe uma demanda reprimida na economia brasileira, que está contida há meses pela pandemia, e, se a vacinação avançar, a inflação e o PIB vão crescer mais do que o previsto, mesmo com juros altos.

Mas há quem diga que o Banco Central está errado e que, para a economia, é melhor ter inflação alta do que juros altos. É um equívoco saudosista, mas a saudade não é da inflação alta, e sim da correção monetária, essa famigerada invenção brasileira que preservava o dinheiro dos ricos e empobrecia mais ainda os pobres, impedindo a criação de um grande mercado consumidor, que é essência do capitalismo, e fazendo do Brasil uma economia de rentistas. Esse tempo acabou, por isso é melhor ter os juros altos por algum tempo para assim reduzir o pico inflacionário, mas tendo em conta que o remédio precisa ser usado de forma comedida, senão pode matar o doente.

Privatização em Morro

O município de Cairu, onde fica o balneário de Morro de São Paulo, um dos pontos turísticos mais visitados da Bahia, entrou nos planos do programa de privatização do Ministério da Economia, que pretende privatizar imóveis à beira-mar para a construção de hotéis e resorts, no estilo Cancun. O projeto prevê inclusive a concessão do Forte de Morro de São Paulo, uma construção de 1630 protegida pelo Patrimônio Histórico. A construção desse tipo de resort pode aumentar o fluxo aéreo para o aeroporto e gerar alguma contribuição tributária, mas a tendência é se tornar um enclave, com pouco impacto local. Ou seja: não basta o resort, tem de ser um mix turístico para ativar a economia da região.

Resorts lotados na Bahia

Aliás, neste momento, o mercado hoteleiro baiano está entre o céu e o inferno. No céu estão os resorts, completamente lotados no último fim de semana, especialmente no litoral Norte e no Sul da Bahia. No inferno, estão os hotéis de Salvador, com taxa de ocupação baixíssima, especialmente entre os pequenos e médios estabelecimentos. Roberto Duran, presidente do Salvador Destination, diz que isso ocorre porque o brasileiro está ávido por sair de casa e está buscando prazer e segurança nos resorts de praia e campo. Segundo ele, o turismo nas cidades estaria sofrendo mais por causa da pandemia e das medidas restritivas e também por conta da redução em mais de 90% do turismo de negócios.

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