O novo presidente da Fieb e a indústria
Confira a coluna de Armando Avena desta quinta-feira
Em outubro próximo, a Bahia terá lugar de destaque na indústria brasileira com a posse de Ricardo Alban na CNI – Confederação Nacional da Indústria e, em seu lugar, na FIEB – Federação das Indústria do Estado da Bahia, vai assumir o engenheiro Carlos Henrique Passos, que hoje ocupa uma das vice-presidências.
Converso com o futuro presidente da Fieb sobre seus planos e as perspectivas da indústria baiana. Passos vê boas perspectivas para nosso parque industrial e lista fatos novos, como a vinda da BYD, que vai produzir carros elétricos, o parque de energia renovável e solar e a vinda de uma empresa chinesa para produzir turbinas, a indústria de hidrogênio verde e outros. Mas, cita também os desafios, especialmente os relacionados com a infraestrutura, como energia e logística.
Segundo ele, a necessidade de investimentos em ferrovias, rodovias estruturantes e portos é fundamental para dar competitividade à indústria, mas é tão ou mais indispensável a conexão entre esses modais. Na infraestrutura, destaca também a importância do suprimento de energia para que haja o beneficiamento da produção.
“Na região Oeste, por exemplo, a produção de algodão é um estímulo para a implantação de plantas industriais, mas para isso é preciso viabilizar energia”.
E lembra que se não houver taxa de retorno no investimento para a concessionária, o empresário, ou o Estado, terá de pagar parte do investimento em energia. Em relação à atração de investimentos, diz que os incentivos fiscais e os fundos regionais previstos na reforma tributária podem reduzir o diferencial de custo que existe entre a produção no Nordeste e no Sudeste.
“O objetivo dos incentivos fiscais é tornar igual os diferentes. Já existe um certo consenso de que esses benefícios acabam em 2032, mas por enquanto eles são fundamentais para dar igualdade de condições”, afirma.
Carlos Henrique está preocupado também com a cadeia de óleo, química e petroquímica, líder do setor, e que reúne empresas âncoras, como Braskem, Unigel, Acelen e outras, já que com a guerra na Ucrânia, a Índia tornou-se super competitiva, pois passou a comprar petróleo mais barato da Rússia. E, além disso, o preço do gás no Brasil é pelo menos três vezes maior que nos Estados Unidos, por exemplo.
Em relação à Acelen, diz que a Petrobras tem de estabelecer uma política de preços que traga equidade ao setor, e não prejudique um player privado que é uma das maiores empresas da Bahia.
Comenta, então, sobre o Senai/Cimatec e, além da unidade de Salvador, lembra a expansão impressionante do Cimatec Park, em Camaçari. Anuncia a criação do Cimatec Sertão, na região do Sisal, em Conceição do Coité, para a exploração do agave como biocombustível num projeto em parceria com a Shell.
O centro de pesquisas terá potencial para “revolucionar a economia do sertão”, e está prevista sua expansão para outras áreas, como mineração, energia renovável e segurança hídrica. Do mesmo modo, o Cimatec Mar, uma parceria com a indústria do petróleo.
Passos vê também possibilidade de parceria com a BYD na área de combustível e desenvolvimento de tecnologia. E considera viável a união da BYD na Bahia e da Stellantis em Pernambuco para ajudar na formação de um polo de fornecedores e autopeças no Nordeste, reduzindo assim os custos na fabricação dos veículos.
Por fim, Carlos Henrique Passos afirma que seu compromisso à frente da Fieb será o de manter o sistema a serviço da indústria, continuar com sua interiorização e com a expansão dos serviços e fortalecer a pequena e média empresa, estimulando a cooperação com as indústrias âncoras.
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