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Armando Avena

Por Armando Avena

ACERVO DA COLUNA
Publicado quinta-feira, 25 de maio de 2023 às 5:15 h | Autor: Armando Avena - A TARDE

Os juros, as famílias e as empresas

Confira a coluna de Armando Avena desta quinta-feira

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Inadimplência atingiu 70 milhões de brasileiros em março de 2023, aponta Serasa
Inadimplência atingiu 70 milhões de brasileiros em março de 2023, aponta Serasa -

O cenário financeiro para as famílias e para as empresas no Brasil é crítico. E o principal motivo é a taxa de juros, que subiu de 2% em 2020 para 13,75% em agosto de 2022. Há nove meses os juros estão no mesmo patamar, mas a inflação, que era 8,7% ao ano, caiu para 4,1% agora em abril. E isso significa que o Banco Central está aumentando o juro real todos os meses, mesmo com a inflação em queda.

Os juros altos, a perda do poder aquisitivo e o desemprego endividaram grande parte das famílias brasileiras, que passaram a recorrer aos empréstimos mais caros do mercado. Entre janeiro e março de 2023, a concessão de empréstimos no cheque especial – que tem juros de 130% ao ano – teve um aumento de cerca de 13%. No mesmo período, a concessão do crédito rotativo do cartão de crédito – com juros escorchantes de 430% ao ano – subiu quase 20%. O resultado é que a inadimplência atingiu 70 milhões de brasileiros em março de 2023, segundo a Serasa.

Em relação às empresas, não é diferente. Como a queda no faturamento por conta da redução do consumo – já que a compra financiada tornou-se impraticável – as empresas estão enfrentando um cenário financeiro inimaginável, caracterizado pelo alto custo dos empréstimos e pelo travamento do mercado bancário. As empresas não estão conseguindo captar recursos para capital de giro e quando conseguem é a um custo exorbitante. O crédito bancário no país caiu ao patamar mais baixo desde 2016. Mas por que os bancos estão restringindo seus empréstimos? É que com juros em níveis exorbitantes o custo de captação aumentou, obrigando os bancos a aumentar o spread. E assim o alto nível de inadimplência dos tomadores de empréstimos se elevou muito. Expostos a um risco maior, os bancos restringiram os empréstimos, tornaram-se seletivos exigindo spreads mais altos e maiores, contrapartidas e garantias. E o medo do calote, que antes estava concentrado nas pequenas empresas, disseminou-se com o efeito Americanas e hoje atinge grandes nomes do setor empresarial como Light, Oi, Grupo Petrópolis, CVC, Renner, Tok&Stok e outros.

“O problema é que uma taxa de juros elevada demais começa a ser inviável até para os bancos”, diz José Gomes da Costa, ex-presidente do Banco do Nordeste do Brasil. E ele tem razão, afinal, se a inflação recua a cada mês e a Selic permanece a mesma, isso significa que a taxa de juros real está aumentando mensalmente e o endividamento dos tomadores também. Mas Gomes diz que o que está ocorrendo é um freio de arrumação no mercado de crédito e que, com a aprovação do arcabouço fiscal, a taxa Selic deve dar sinais de queda, pelo menos no 2º semestre. Que Deus, ou Roberto Campos Neto, o ouça!

Por enquanto o que se vê são economistas ligados ao setor produtivo, como Mendonça de Barros, clamando pelo início do ciclo de queda nos juros e aqueles ligados ao setor financeiro – não necessariamente aos bancos –, como Armínio Fraga ou o próprio Campos, admitindo aumentar todos os meses o juro real, mesmo que isso asfixie a economia.

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