A MPB perde Leny Andrade e Dóris Monteiro
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E depois de João Donato, que nos deixou dia 17 de julho, amanhecemos hoje com mais duas grandes perdas na Música Popular Brasileira (MPB): as cantoras Leny Andrade (26/01/1943 - 24/07/2023) e Dóris Monteiro (23/10/1934 - 24/07/2023 ). Podemos defini-las como duas das maiores expoentes da nossa boa música. As duas morreram no Rio e Janeiro, Leny, que já estava internada devido a uma pneumonia, teve um agravamento em seu quadro de saúde na semana passada. Doris, de acordo com a família, morreu em casa de causas naturais.
Leny Andrade, que esteve em Salvador em 2018 no Café Teatro Rubi (atual Estação Rubi) com o show Leny Andrade e Luiz Meira – 60 Anos de Carreira, tinha público fiel na Bahia. Com sucesso internacional e uma carreira consolidada em inúmeros países, Leny não se limitava apenas a cantar o fino da MPB: era considerada uma das grandes divas do Jazz e uma das principais vozes da Bossa Nova. A artista começou cedo na música, já aos seis anos ingressou no Conservatório Brasileiro de Música. Aos 15 já era cantora profissional, trabalhando nas principais rádios cariocas. De canção em canção, de rádio em rádio, seu talento foi se aprimorando e ao longo dos anos desenvolveu uma técnica, que era uma das suas características: improvisar enquanto cantava em várias tonalidades musicais.
Mas podemos dizer que foi nos anos 60 que a carreira de Leny Andrade ganhou força. Ela, ao lado de outras grandes divas, tornou-se um dos principais nomes da Bossa Nova. Na mesma década fez tournées por países como México, Portugal e Estados Unidos. Leny lançou cerca de vinte álbuns, número que não condiz com a grandiosidade do seu talento e da sua obra.
Doris Monteiro, para quem não sabe, foi uma das cantoras mais reverenciadas do Brasil, tendo sido considerada uma das grandes divas da era do rádio e do samba canção brasileiro. Assim como outra grande Diva, Elza Soares, a carreira de Doris também começou ao vencer um concurso de calouros no programa de Ary Barroso. Aos 16 anos gravou seu primeiro disco, que trazia as músicas Fecho Meus Olhos, Vejo Você e Se Você se Importasse. A artista assume papel de fundamental importância na MPB por ter ajudado, através de suas interpretações, a tornar grandes compositores conhecidos. Podemos citar Tom Jobim e Dolores Duran (Se É Por Falta de Adeus), Fernando César (Dó-Ré-Mi, Graças a Deus e Joga a Rede no Mar), Billy Blanco (Mocinho Bonito), Sílvio César (O Que Eu Gosto em Você), Sidney Miller (Alô Fevereiro), Maurício Tapajós e Hermínio Bello de Carvalho (Mudando de Conversa).
Além de cantora Dóris também trabalhou como atriz, estrelando filmes como “Aguenta Firme, Isidoro” e “Copacabana Palace”. O trabalho mais recente de Dóris Monteiro foi o álbum As Divas do Sambalanço, show realizado em 2019 ao lado de Eliana Pittman e Claudete Soares, que saiu em CD em 2020 com direção de Thiago Marques Luiz pelo Selo Discobertas.
*Carlos Leal é jornalista, escritor e pesquisador