Menu
Pesquisa
Pesquisa
Busca interna do iBahia
HOME > colunistas > ARTIGOS
COLUNA

Artigos

Por Marcio Luis Ferreira Nascimento*

Artigos
ACERVO DA COLUNA
Publicado segunda-feira, 04 de março de 2024 às 11:35 h | Autor:

A Sorrir, Bahia: Sinônimo de Diversidade

Confira o artigo escrito pelo professor Marcio Luis Ferreira Nascimento

Ouvir Compartilhar no Whatsapp Compartilhar no Facebook Compartilhar no X Compartilhar no Email
Imagem ilustrativa da imagem A Sorrir, Bahia: Sinônimo de Diversidade
-

Já lembrava o célebre e igualmente belo sambinha clássico, de melodia triste na composição e rápido no compasso: “A sorrir / Eu pretendo levar a vida”.

Tal obra, “O Sol Nascerá”, posteriormente conhecida como “A Sorrir” devido a primeira estrofe, é da lavra do mestre Angenor de Oliveira (1908 - 1980), tipógrafo, pedreiro, contínuo, cantor, compositor, poeta e violonista brasileiro, mais conhecido como Cartola, que dividiu tal canção com o parceiro Élton Antônio Medeiros (1930 - 2019), compositor, cantor, produtor musical e radialista brasileiro. Foi um grande sucesso desde a estréia em 1964, por meio da voz marcante da cantora, compositora e instrumentista brasileira Nara Lofego Leão (1942 - 1989) em álbum homônimo.

Sorrir é um ato inerente à felicidade, assim como o samba, diverso e ao mesmo tempo único, representante tanto da baianidade quanto da brasilidade.

Assim como o samba, parte da explicação de porque a Bahia é diferente, e Salvador tão especial, deve-se a diversidade.

No samba, há diversidade de sons, ritmos, melodias, estilos, danças, expressões e quetais. Pode ser alegre ou triste, rápido ou devagar, sagrado ou profano, para bailar ou tocar sentado num banquinho. Bossa nova, pagode, samba de enredo, de terreiro, frevo, partido alto ou carnaval. Com pandeiro, violão, cavaquinho, cuíca, tamborim, timbau, guitarra ou bateria. A palavra samba remete a algo plural, assim como o Brasil e a Bahia. Não à toa, há a celebre menção do poeta e jornalista James Mendonça Martins (c. 1979) de que “a Bahia é a Bahia”, e isto explica muita coisa.

O termo diversidade tem várias conotações, e as menos comuns estão vinculadas à ciência e à matemática. Por exemplo, em biologia a diversidade, ou ainda variedade, pode ser expressa quando se observa tipos de árvores em diferentes regiões. Numa primeira região, pode-se contar 5 árvores de quatro espécies cada (A, B, C, D), resultando em vinte unidades. Há uma diversidade e algo de equilíbrio que pode ser computado. Numa outra região, considerando áreas de tamanhos e números totais de árvores similares, poder-se-ia ter A=3, B=7, C=1 e D=9, mostrando uma predominância de duas espécies de árvores (B e D) em detrimento das demais, diminuindo a diversidade. Num caso extremo, poderíamos encontrar num terceiro lugar onde haveria apenas uma espécie para A, B e C, restando outras 17 da espécie D, indicando uma diversidade menor ainda. Nenhuma diversidade representaria apenas observar uma única espécie.

Um termo mais técnico, e que ainda assim remete à diversidade denomina-se entropia. Tal palavra, de origem grega, refere-se a variedade, ou ainda a tropos. Daí o termo tropical, significando diferentes climas e abundância na profusão de ambientes país afora.

Desta forma, a Bahia, e o Recôncavo, além de Salvador em particular, apresenta enorme diversidade cultural e artística. Qual um carnaval ou uma aquarela, a paleta de cores e sons dos artistas desta terra permite uma enorme multiplicidade de nuances e inovações que pode ser considerada ímpar, de estilo único ao mesmo tempo que apresenta diversas modalidades, influenciando e sendo influenciado por diversas manifestações.

Sua expressividade, somada ao talento de grandes artistas e intérpretes, dão fôlego a continuidade de uma obra coletiva, híbrida, efervescente e revolucionária de quase dois séculos (pelo menos) chamada samba. E que tem raízes na Terra de Todos os Santos, berço de tudo. Não à toa, sua maior manifestação popular chama-se carnaval, expressão máxima de seu povo, inigualável.

Pode-se concluir, sem medo de errar, que não é possível dizer Bahia sem sorrir...

*Professor da Escola Politécnica, Departamento de Engenharia Química da UFBA e membro do Instituto Politécnico da Bahia

Compartilhe essa notícia com seus amigos

Compartilhar no Email Compartilhar no X Compartilhar no Facebook Compartilhar no Whatsapp

Assine a newsletter e receba conteúdos da coluna O Carrasco