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As aéreas, o caso do cão Joca e tantos outros

Confira o artigo de Jolivaldo Freitas

Publicado quinta-feira, 02 de maio de 2024 às 10:34 h | Autor: Jolivaldo Freitas*
Jolivaldo Freitas é escritor e jornalista
Jolivaldo Freitas é escritor e jornalista -

Nas bandas de 2015, o Tribunal de Justiça de São Paulo condenou a hoje extinta empresa aérea Varig a pagar R$ 6 mil em danos morais vez que um buldogue inglês morreu durante viagem – adivinhe onde? - , claro que no porão da aeronave, quando ia de São Paulo para a Paraíba. Agora temos mais um caso que se tornou emblemático e mostra a falta de carinho e atenção para com os pets que viajam e são entregues aos cuidados de mais uma empresa de aviação.

Claro que sabemos – nós que gostamos de bichos e não somos néscios – que nem todo mundo gosta de bichos e isso ocorre também entre os funcionários das empresas aéreas. E, ao contrário de países mais atentos (eu não gosto de usar o termo civilizado) as empresas aéreas no Brasil mandam e desmandam, graças ao poder que têm perante deputados e senadores, que não legislam em desfavor delas por que elas ajudam com verba nas campanhas para suas eleições. Ou seja: muito políticos (legisladores) estão “comprados”, como se dizia na gíria do futebol, de olho no juiz. 

Então quem vai achar que as empresas aéreas irão selecionar para atender aos “pais” dos pets gente que gosta de bichos? Vai é o que estiver no horário do plantão. E elas irão gastar dinheiro com veterinários? Irão gastar colocando acompanhante da empresa para seguir no voo olhando os bichinhos? Vão nada!

O caso do cachorro Joca, um golden retriever que morreu dia 22 de abril após embarcar do Aeroporto de Guarulhos em um voo da Gol, não é inédito no país e companhias aéreas acumulam condenações judiciais por situações semelhantes.

Só com a morte do golden retriever Joca, causada por mais um erro na logístico de transporte de carga da companhia aérea Gol, o Conselho Federal de Medicina Veterinária emitiu uma nota falando sobre a urgência da regulamentação do transporte aéreo e rodoviário de animais. Fazendo um parêntese, já presenciei duas cenas horríveis em rodovias brasileiras. Uma em Minas Gerais quando o caminhão virou e dezenas de vacas ficaram penando horas até morrerem. E na Bahia foi uma carga de porcos e doía ouvir os lamentos e sinais de dores dos animais.

Nem preciso repetir que transportar animais domésticos ou selvagens, tem de ter atenção. É preciso cuidados específicos para garantia de um transporte seguro e responsável, respeitando suas necessidades fisiológicas e comportamentais. O Conselho de Federal observou em nota que, justamente, a falta de regulamentação adequada pode acarretar em riscos.

Mas também têm culpa os ministérios dos Portos e Aeroportos, da Agricultura e Pecuária, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, e da Saúde, além Agência Nacional de Aviação Civil e da Polícia Federal, para abordar de forma abrangente os aspectos sanitários, de bem-estar animal e de segurança relacionados ao transporte aéreo de animais.

É preciso que os cuidadores dos pets tomem tenência e coragem e partam para cima do governo e dos políticos para que venha uma regulamentação clara e abrangente que considere as particularidades de cada espécie e raça animal, os riscos envolvidos, as medidas preventivas necessárias como a participação de médicos-veterinários no processo de transporte. Não adianta ficar chorando. Tem de partir para a porrada (no bom sentido).

Vou citar outros casos em tempos variados de morte de cachorro por maus tratos em avião. No ano de 2019 Tom saiu de Guarulhos e foi entregue ao seu tutor sem vida. Segundo o laudo necroscópico, a causa da morte foi hipertermia (excesso de calor). Em 2021, o cachorro Weiser, da raça american bully, morreu em um voo da Latam. Ele foi transportado em uma caixa de madeira no Aeroporto de Guarulhos. Durante horas o cão não recebeu água. Morreu no porão.

No ano de 2021, um filhote de golden retriever Zyon morreu durante um voo da Latam entre Guarulhos e Rio de Janeiro. No período da viagem o cãozinho ficou no aeroporto exposto ao sol e sem assistência.  A cia aérea negou qualquer falha no serviço. O que se vê é que a Latam está uma lata... de... A Gol só fazendo gol contra. E quem quiser que vá se queixar ao bispo. Isso tem de acabar e já. Toda vida interessa.

*Escritor e jornalista, autor do romance “A Batalha dos Zuavos Baianos contra Dom Pedro, os Gaúchos e o Satanás!”, dentre outros livros.

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