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‘Economia do Mar’ na China

Maior exportador mundial de bens, China aponta caminhos para o Brasil

Publicado quinta-feira, 14 de setembro de 2023 às 10:13 h | Atualizado em 14/09/2023, 13:42 | Autor: Eduardo Athayde*
Porto de Xangai, China
Porto de Xangai, China -

Ao longo de 2022, a China, com um PIB de US 18 trilhões, registrou exportações que totalizaram US$ 3,57 trilhões e importações de US 2,71 trilhões, com um expressivo excedente comercial de US$ 857 bilhões. No comércio global, a China exerce a sua influência como maior exportador mundial de bens, movimentando cerca de US$ 3,6 trilhões na sua economia do mar.

Segundo o Banco Mundial, a economia azul é o “uso sustentável dos recursos oceânicos para o crescimento econômico, melhoria dos meios de subsistência e empregos, preservando ao mesmo tempo a saúde dos seus ecossistemas", o que vai além do conceito de ‘Economia do Mar’, que foca em produtos, serviços, bens e negócios gerados pela atividade humana no ambiente marítimo ou em decorrência dele.

Este conceito abrange um conjunto de atividades interligadas, incluindo óleo e gás, logística, construção naval, transporte marítimo, pesquisa, tecnologias, náutica, turismo, energia, pesca e muitas outras, tradicionais ou emergentes, direta ou indiretamente relacionadas ao mar, atendidas também por micro e pequenas empresas. No Brasil, a economia do mar movimenta cerca de R$ 2 trilhões por ano, valor equivalente ao do agronegócio. Na Bahia, onde fica a maior baía do País, conhecida como Capital da Amazônia Azul, movimenta cerca de R$ 80 bilhões por ano.

Assim como o Brasil, a China, como signatária da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, possui uma Zona Econômica Exclusiva circulando sua costa, com uma complexa rede de parcerias comerciais que abrange a maioria dos países do mundo. Cerca de 95% do comércio global é feito por via marítima.

Em março de 2023, investindo na força da economia do mar, a China anunciou um orçamento anual de defesa de US$ 224,8 bilhões. Dados da alfândega chinesa de 2022 mostram seus principais parceiros comerciais, estando os EUA em primeiro lugar, com US$ 177,7 bilhões em importações e US 578,8 bilhões em exportações. Na relação comercial com o Brasil, a China importou US$ 109,4 bilhões e exportou US$ 61,8 bilhões, resultando em um superávit para o Brasil - cobiçada biopotência global - de US$ 47,6 bilhões.

As relações comerciais da China vão muito além de considerações apenas econômicas, envolvendo fatores geopolíticos e estratégicos. Seus crescentes investimentos globais em infraestruturas refletem também o crescimento dos saldos comerciais, especialmente com outros países em desenvolvimento, importantes parceiros na ´Rota da Seda´ de um futuro que já chegou.

À medida que a economia chinesa evolui, suas relações com parceiros globais tornam-se mais complexas. A economia do mar na China é vista como uma oportunidade para promover a sua expansão a partir de perspectivas e ações econômicas, geopolíticas e ecológicas sobrepostas, com desafios emergentes para a governança global dos oceanos.

Levando sonhos além mar - como fizeram os portugueses - e aproveitando o superávit estrategicamente produzido na biopotência, um navio chinês chegou recentemente ao Porto de Vitória, no Brasil, com 2.796 carros elétricos e híbridos de montadora chinesa que, acreditando em sonhos, os estimula na própria marca BYD - sigla para "Build Your Dreams" (Construa Seus Sonhos, em português).

*Eduardo Athayde é diretor do WWI no Brasil e membro da Comissão de Economia do Mar da Associação Comercial da Bahia (ECOMAR-ACB). [email protected]

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