Editorial - O moinho do mundo
Geração de resíduos sólidos, levando em conta apenas rotinas dos domicílios, vai crescer 80% entre 2020 e 2050

A produção de lixo vem aumentando proporcionalmente ao desperdício, como causa formal do incentivo ao consumo de produtos e serviços necessários à mecânica de mercado.
A geração de resíduos sólidos, levando em conta apenas rotinas dos domicílios, vai crescer 80% entre 2020 e 2050, atingindo 3,8 bilhões de toneladas de restos ao ano, incluindo embalagens e sacos plásticos degradáveis em cinco longos séculos.
Veio do Quênia, sede da Assembleia das Nações Unidas para o Ambiente, o novo alarme sobre a podridão, com implicações como o surgimento de doenças e metamorfoses de outras conhecidas.
Tão graves quanto os efeitos da desmesura são as denúncias dos cientistas, fazendo-se ouvidos moucos as superpotências denunciadas a partir das origens de tamanha irracionalidade, em escala planetária jamais imaginada.
O contexto de extravagância do mau comportamento situa-se na divisa entre os gêneros “ficção” e “terror”, na hipótese de o enredo tornar-se o último filme documentário – sem público, diante da ameaça à sobrevivência.
A semente da morte foi plantada ainda nos anos 50 (Pós-Guerra), tendo como berço os Estados Unidos, ao criarem o conceito de “obsolescence” – obsolescência – guiando-se pela trilha do falso progresso.
Funciona assim: ou se distribui mercadorias com prazo para extinguir-se, pois será preciso comprar outra, ou se convence as pessoas a trocar objetos ainda em bom estado, mas inferiores a novas tecnologias.
Quanto maior o “desenvolvimento” e mais nervosa a “sociedade de consumo”, grandes áreas serão destinadas à disputa de rejeitos entre urubus e excluídos, alcançando a absurda liça a proximidade de mananciais hídricos.
Caso não haja mudança nos padrões de produção, consumo e descarte de materiais, o homem estará cavando a cova do planeta com seus próprios pés, fazendo do mundo um moinho, triturando-se a si próprio.