Menu
Pesquisa
Pesquisa
Busca interna do iBahia
HOME > colunistas > ARTIGOS
COLUNA

Artigos

Por Luiz Mott* | [email protected]

Artigos
ACERVO DA COLUNA
Publicado sábado, 20 de novembro de 2021 às 6:02 h | Autor:

Negras e Negros históricos alforriados por mim

Ouvir Compartilhar no Whatsapp Compartilhar no Facebook Compartilhar no X Compartilhar no Email

Há décadas passadas fui caluniosamente chamado de racista por um negro racialista. Pelos frutos se conhece a árvore, e modéstia à parte, é incontornável minha fundamental contribuição para o resgate da história e cidadania dos afro-brasileiros. Publiquei dezenas de páginas sobre a etno-história negra, destacando-se os livros Rosa Egipcíaca: Uma santa Africana no Brasil, As Religiões Afro-Brasileiras na luta contra a Aids, Candomblés da Bahia: Catálogo de 500 casas de culto afro-brasileiro de Salvador (coautoria de Marcelo Cerqueira); capítulos em livros: O Negro Homossexual no Brasil e na África, Escravidão e Homossexualidade, Terror na Casa da Torre, Rebeliões escravas em Sergipe, Slave and Homosexuality, Da Schiave a Signore, The Afro-Brazilian Religion and the reduction of risk of HIV/Aids infection; artigos em revistas científicas: Pardos e Pretos em Sergipe: 1774-1851, Uma escrava do Piauí escreve uma carta, A Revolta dos Negros do Haiti e o Brasil, Acotundá: Raízes Setecentistas do sincretismo religioso afro-brasileiro, Os Escravos nos anúncios de jornal de Sergipe, O Calundu Angola de Luzia Pinta: Sabará, 1739, Dedo de Anjo, Osso de Defunto: Os restos mortais na feitiçaria afro-luso-brasileira, Era Zumbi homossexual?, Aláfia: Jornal do Povo de Candomblé, Boletim do Quimbanda-Dudu: Direitos Humanos, Diversidade Sexual e Cidadania dos Afrodescendentes, etc.

Resgatei a história de negras e negros fantásticos até então desconhecidos da nossa historiografia e que se tornaram ícones fundamentais da resistência negra contemporânea: a primeira travesti do Brasil, o\a escravizado\a Francisco\Chica Manicongo; a primeira escritora afro-brasileira, Santa Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz, adorada como a maior santa do céu e “a flor do Rio de Janeiro”; Esperança Garcia, do Piauí, nossa primeira escravizada a escrever uma petição denunciando maus tratos. O que mais engrandece esses resgates pioneiros e alegra o coração debilitado desse setuagenário ítalo-paulista-baiano é que tais negras e negros eram totalmente ignorados e se tornaram pontas de lança na luta contemporânea pela igualdade cidadã dos afrodescendentes. Esperança Garcia é o destaque especial, cuja petição original descobri no Arquivo do Piauí em 1979, tornando-se nome de escola, hospital e de diversos grupos feministas, virou peça teatral e filme, tema de exposição de artes plásticas, sendo proclamada pela OAB como a 1ª Advogada do Brasil. A data de sua carta, 6 de setembro (1770), tornou-se Dia Estadual da Consciência Negra do Piauí.

Viva a Defensoria Pública da Bahia pelo lançamento do Selo Esperança Garcia de Cidadania Antirracista nesse Mês da Consciência Negra! Democracia racial já!

*Luiz Mott é professor titular de antropologia da Ufba

Compartilhe essa notícia com seus amigos

Compartilhar no Email Compartilhar no X Compartilhar no Facebook Compartilhar no Whatsapp

Assine a newsletter e receba conteúdos da coluna O Carrasco