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Por Carlos Leal*

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ACERVO DA COLUNA
Publicado Thursday, 14 de September de 2023 às 16:07 h | Autor:

Setembro de 2023: há 20 anos Maria Rita lançava o CD que sacudiu a MPB

CD chegou como a grande novidade de 2003 e causou um grande rebuliço

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Imagem ilustrativa da imagem Setembro de 2023: há 20 anos Maria Rita lançava o CD que sacudiu a MPB
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O final dos anos 90 e início dos anos 2000 não foram dos mais áureos para a Música Popular Brasileira (MPB). Salvo alguns artistas, a exemplo de Vânia Abreu, Zélia Duncan e as bandas Skank e J. Quest, o que se ouvia era um compilado de músicas sertanejas e axé-music, a maioria de qualidade duvidosa. Claro, com suas exceções.

Eis que em 9 de setembro de 2003 surge no cenário musical brasileiro aquela que iria revolucionar nossa MPB: Maria Rita, com o CD de estreia que levava o seu nome. Filha da cantora Elis Regina (1945 - 1982) e do arranjador musical, pianista, tecladista, compositor e produtor César Camargo Mariano, a artista ainda tinha na família dois irmãos artistas: o cantor e compositor Pedro Mariano e o cantor, produtor e empresário João Marcelo Bôscoli. Era uma grande responsabilidade para uma menina com pouco mais de 20 anos. As cobranças seriam muitas, mas Maria Rita soube dar conta do recado.

De fato, o CD chegou como a grande novidade de 2003 e causou um grande rebuliço. Alguns se perguntavam se aquele trabalho era de fato real ou a gravadora (WEA) pediu para que a artista imitasse a mãe e assim poder agradar aos fãs de Elis Regina e, claro, a juventude que gostava de boa música. O trabalho saiu tão perfeito que agradou, inclusive, àqueles que se prendiam a outros estilos musicais. Por ocasião do lançamento do CD, questionado sobre o trabalho da filha, Cèsar Camargo Mariano falou: “Só vamos realmente conhecer a identidade de Maria Rita depois do terceiro álbum”. E, de fato, o que veio a seguir mostrava que ali estava uma artista que se entregava à sua arte e sabia como ninguém escolher um bom repertório.

Co-produzido pela própria artista ao lado de Tom Capone e Marco da Costa, o CD Maria Rita, que teve A Festa (Milton Nascimento) como música de trabalho, vendeu mais de 1 milhão de cópias em todo o mundo e foi um dos dois mais vendidos no Brasil. Não podemos esquecer que estávamos em 2003, onde a pirataria ameaçava qualquer lançamento fonográfico.

O repertório do álbum foi escolhido a dedo. Os destaques ficam para a já citada A Festa, presente de Milton Nascimento, Pagu (Rita Lee e Zélia Duncan), Agora só Falta Você (Luiz Carlini e Rita Lee), Menininha do portão (Paulinho Tapajós e Nonato Buzar), Lavadeira do rio (Lenine e Bráulio Tavares), Cara Valente (Marcelo Camelo), Encontros e Despedidas (Milton Nascimento e Fernando Brant) e Não Vale a Pena (Jean Garfunkel e Paulo Garfunkel), esta última traz um fato curioso, pois os dois compositores foram apresentados por Elis Regina em seu último álbum, intitulado Elis (1980) com a música Calcanhar de Aquiles, a última música do lado B. Coisas do destino: fechando e abrindo ciclos.

O fato é que o CD de estreia de Maria Rita está até hoje entre os melhores da MPB e que deveria ser escutado por artistas iniciantes, há sempre algo a aprender. Depois vieram Segundo (2005), os álbuns de samba, que são excepcionais, um tributo a sua mãe intitulado Redescobrir (2012) e diversas participações em outros álbuns.

Também lançado em países da Europa e da América Latina, o disco ainda continua uma das mais vigorosas estreias fonográficas de um artista brasileiro em todos os tempos. O fato é que, vinte anos depois, o CD, que também teve edição em DVD e LP, permanece como um dos grandes furacões que sacudiram a música brasileira. Vida longa à história de Maria Rita na Música Popular Brasileira.

*Carlos Leal é jornalista, escritor e pesquisador

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