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Estiagem provoca redução de até 2,1% na produção de feijão na Bahia

Chuvas diminuíram principalmente nas regiões de Feira de Santana, Serrinha e Euclides da Cunha

Publicado segunda-feira, 04 de setembro de 2023 às 05:20 h | Atualizado em 16/10/2023, 10:55 | Autor: Leilane Suzarte*
Na região oeste da Bahia, a área cultivada de feijão cresceu
Na região oeste da Bahia, a área cultivada de feijão cresceu -

O feijão é um item indispensável na mesa dos brasileiros, desde as refeições mais cotidianas à feijoada de domingo. A Bahia junto com Minas Gerais e Paraná cultivam cerca de 50% da produção nacional. Atualmente, diversas regiões do país têm vivenciado momentos diferentes na terceira safra de feijão. Na Bahia, a colheita evolui de forma lenta devido à estiagem hídrica que algumas regiões produtoras enfrentaram durante parte do ciclo, segundo mostra o Boletim de Monitoramento Agrícola, que foi publicado esta semana pela Conab. O estudo é resultado da colaboração entre a Companhia, Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e Grupo de Monitoramento Global da Agricultura (Glam), além de agentes colaboradores que contribuem com dados pesquisados em campo.

Para o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), relativo ao mês de abril de 2023, com dados sistematizados e analisados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), a lavoura do feijão pode sofrer um recuo de 2,1%, na comparação com a safra de 2022, totalizando 238,8 mil toneladas. O levantamento manteve a previsão de 417 mil hectares plantados, a mesma observada no ano anterior. Estima-se que a primeira safra da leguminosa (143,5 mil toneladas) seja 1,4% inferior à de 2022, e que a segunda safra (95,3 mil toneladas) tenha uma variação negativa de 3,1%, na mesma base de comparação.  

A Conab informa que para o feijão cultivado na terceira safra, a partir do final de junho, as chuvas diminuíram consideravelmente no nordeste da Bahia, sobretudo na região de Feira de Santana, Serrinha e Euclides da Cunha. As últimas lavouras semeadas tiveram o índice de germinação menor, e a falta de aporte hídrico no período próximo ao florescimento reduziu o desenvolvimento vegetativo, consequentemente, a capacidade produtiva. De fato, a estiagem não foi extrema, contudo ocorreu em um período muito importante, prejudicando parte do desenvolvimento inicial da cultura.

“No geral, as lavouras, que se encontravam em desenvolvimento vegetativo e floração, majoritariamente, apresentando aspecto fenológico de bom a ruim em virtude das limitações decorrentes da estiagem, isso indicou redução no potencial produtivo esperado. Há também registros de infestações por mosca-branca e lagarta, todavia controladas de maneira efetiva, até o momento”, explica a Conab.

O feijão deve ser semeado de forma que facilite a realização dos tratos culturais e resulte em alta produtividade. Segundo a instituição, o simples atraso no tratamento fitossanitário, pode comprometer a fase posterior de desenvolvimento da planta e, consequentemente, o potencial produtivo. “Atualmente, muitos agricultores utilizam sementes de baixa qualidade, pouco adubo e realizam os tratamentos fitossanitários de forma incorreta. Dessa maneira, o feijoeiro cresce debilitado e menos resistente à estiagem”, informa

O gerente de Agronegócio da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Aloísio Júnior, conta que, no oeste da Bahia, a área cultivada com feijão na primeira e segunda safra é aproximadamente mais de 24 mil hectares e na próxima safra será de 60 mil hectares. “Houve um crescimento na área de feijão quando comparado ao ano passado principalmente porque esse fato foi observado de certa maneira pela desvalorização ou falta de incentivo da cultura do milho devido a questão fitossanitária e alto custo de produção”.

Aloísio ressalta também sobre as boas práticas que o produtor deve ter na lavoura do feijão nesta região. “No oeste da Bahia, a gente tem um problema muito sério com a acidez do solo. Então, a gente precisa fazer a neutralização do alumínio presente no solo, através da correção do PH. Feitas essas correções, o produtor realiza a adubação e aplicação de fertilizantes para garantir o manejo nutricional daquele solo e, assim, desempenhar bons níveis de produção e produtividade da cultura”.

*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló

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