Que nossas boas realidades sejam percebidas
Confira a colunna desta segunda-feira
Parlamento europeu, declínio da economia chinesa, mudança climática e imagem do Brasil, quatro grandes riscos para o agro em 2023. Por um lado, o parlamento europeu está exigindo um plano radical para a proibição de importações de áreas desmatadas. Exportadores brasileiros estão preocupados. São 27 países-membros que ampliam a decisão anterior de 2021, que incluía soja, carne bovina, óleo de palma, cacau, café e madeira. Agora, a proibição acrescenta carne de porco e de carneiro, aves , milho, carvão vegetal, papel e celulose, e borracha.
Adicionalmente ao desmatamento, o assunto dos riscos climáticos será também tratado em novembro próximo, na Cop 27, no Egito. E sobre o clima, nesta semana ocorreu a reunião dos ministros da agricultura do continente americano, em San Jose, Costa Rica. E não podemos nos esquecer que, nas duas últimas safras brasileiras, perdemos cerca de 40 milhões de T de grãos pelo clima.
Enquanto isso, na China, o maior cliente do Brasil, o USDA, departamento de agricultura dos Estados Unidos, anunciou um declínio do consumo chinês de carne bovina como reflexo do menor crescimento econômico do país. A inflação dos custos dos alimentos também se fez sentir na China, e os preços cresceram cerca de 37% no primeiro semestre deste ano.
O crescimento do consumo da carne bovina na China tem sido importantíssimo para a pecuária brasileira. O Brasil representa 38% das importações chinesas entre janeiro e julho de 2022. Portanto, se os 27 parlamentos aprovarem a proposta do parlamento europeu de não permitir importações de áreas desmatadas do Brasil, isto associado a uma diminuição do consumo de carne na China, poderemos ter uma preferência na Europa por carne irlandesa e local, com riscos para o agro brasileiro em 2023. Pois a Europa é o nosso segundo maior cliente mundial.
E sobre nossa imagem internacional? Aqui entra então a famosa imagem, frase milenar: “a mulher de César não basta ser honesta, precisa parecer honesta“.
Só existe um tipo de realidade no mundo: “a realidade percebida“. A realidade despercebida é irrealidade. O Brasil tem ótimos exemplos de realidades sustentáveis e de qualidade agroalimentar, agroenergético, agroambiental.
Está na hora de parar de brigar com o mundo e saber vender para todo mundo. Que os 4 riscos virem oportunidades. A imagem é um seguro essencial