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Sistema sustentável de criação de tilápias eleva a produtividade

Sistema sustentável de criação de tilápias eleva a produtividade

Publicado segunda-feira, 31 de julho de 2023 às 06:51 h | Atualizado em 16/10/2023, 10:56 | Autor: Leilane Suzarte*
A produção baiana de tilápias, em 2022, foi de 34 mil toneladas, um crescimento de 8,8% em comparação com o ano anterior
A produção baiana de tilápias, em 2022, foi de 34 mil toneladas, um crescimento de 8,8% em comparação com o ano anterior -

Pequenos produtores da comunidade de Ingazeira, no município de Tapiramutá, que está situado no centro-norte da Bahia, estão mudando a forma como produzem tilápias. Antes, os produtores usavam viveiro escavado para cultivar os peixes para a sua subsistência e, a partir deste ano, adotaram um sistema sustentável que gera fonte de renda para eles e suas famílias. 

O projeto Bahia Produtiva, executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) em parceria com a Associação Beneficente dos Pequenos Produtores Rurais da Ingazeira, possibilitou esse avanço por meio de um investimento de R$ 752 mil. O programa é fruto do convênio entre o Banco Mundial e o Governo do Estado. 

O médico veterinário e atualmente responsável pelo Edital 06 da Cadeia Produtiva da Aquicultura e Pesca Artesanal do Projeto Bahia Produtiva da CAR/SDR, Alexandre Macêdo, conta como a Ingazeira foi uma das comunidades escolhidas para fazer parte desse projeto. “Basicamente, eles entraram no Bahia Produtiva através de manifestação de interesse. Houve um sorteio e a comunidade então foi sorteada e, assim, pôde desenvolver o projeto. Com isso, foi feita a aquisição do sistema de produção, a construção do galpão para depósito de ração, a  compra de um kit de energia solar e dos equipamentos, e o custeio da ração e dos alevinos”, relata.

A atividade é realizada em uma estrutura inovadora, equipada com um sistema de recirculação de água (RAS), que reduz o desperdício de água. “Montamos o sistema de produção, que é composto de 6 tanques de 50 mil litros e um tanque de 100 mil litros para decantação. É um sistema que a água não é renovada constantemente, ela é tratada e reinserida nos tanques novamente com 3 filtros biológicos. Além disso, a área residual pode ser utilizada na biofertilização e irrigação de plantações. O impacto ambiental é zero”, comenta Macêdo.

O presidente da Associação, Antônio Barbosa, relata que foram contempladas 20 famílias de baixa renda do povoado para a produção de tilápias e que a cada dia uma família fica responsável em alimentar os peixes e fazer a manutenção do local. “Atualmente, nós temos 30 mil alevinos de tilápia e, quando eles estiverem prontos para o abate e comercialização, nós vamos tirar em cada tanque cerca de 7 mil toneladas. Com isso, nós estamos muito alegres e satisfeitos pelo projeto, pois, daqui a 6 meses, as famílias vão poder ter uma renda a mais com essa quantidade de peixes produzidos”, informa.

De acordo com Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), em 2022 a produção baiana de tilápias foi de 34 mil toneladas, crescimento de 8,8% em comparação com o ano anterior. A Bahia ocupa hoje a terceira posição no ranking dos estados que mais exportam tilápias no Brasil, com 931 toneladas do produto negociadas ao exterior, gerando uma receita de US$ 2,5 milhões.

Agricultores familiares

Para estimular a produção de pescado no estado, a Bahia Pesca, empresa vinculada à Secretaria Estadual de Agricultura  (Seagri), tem como objetivo principal a adoção de alevinos de tambacu, tambaqui e tilápia para atender os agricultores familiares. Segundo o engenheiro de pesca e coordenador da estação de piscicultura de Joanes II da Bahia Pesca, Eduardo Teixeira, “o melhor investimento no setor de agricultura e piscicultura, de maneira geral, é a fase de engorda, onde o piscicultor pega a forma jovem, no caso o alevino, e engorda esse peixe até o tamanho de abate”.

O especialista diz que não é tão simples fazer a produção de alevinos, principalmente quando envolve a parte de nutrição, que é um dos fatores-chave para a produtividade. “Quanto mais proteína (o peixe) necessita, mais cara é a ração. Então, não é viável que o pequeno produtor faça o seu próprio alevino. É necessário que existam essas estações de piscicultura que fazem essa forma jovem”. 

Existem empresas no estado que fazem apenas a produção de alevinos, como a Mobuca Aquicultura, que atua há 20 anos no mercado. Os sócios Rafael Jung Bueno e York Morantes explicam o que é levado em consideração para ter um produto de qualidade: “Nós ficamos atentos em quatro variáveis que fazem a diferença para a produção de alevinos. A primeira é o melhoramento genético; a segunda é a nutrição, considerando uma alimentação natural e com boa qualidade de água; a terceira é o ambiente adequado para os peixes; e por último o manejo”.

* Sob a supervisão da editora Cassandra Barteló

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