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A TARDE Agro

Por José Luiz Tejon

ACERVO DA COLUNA
Publicado segunda-feira, 21 de outubro de 2024 às 3:00 h | Autor: José Luiz Tejon

Todo o Brasil precisa acompanhar esta entrevista

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José Luiz Tejon
José Luiz Tejon -

Entrevistei Marcelo Pimenta, CEO do Serasa Agro, retornando de uma experiência que eu considero importantíssima para o País junto com o Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) na Europa, onde foi mostrado e provado aos clientes internacionais não apenas a qualidade do café brasileiro, mas todo o aspecto do compliance sócio-ambiental. Perguntei a ele o que ele traz de importante para o Brasil dessa viagem e ele me respondeu:

“Eu de certa forma voltei surpreendido de quão à frente o Brasil está em vários aspectos. Vou citar alguns deles. Nós sempre trabalhamos com o CAR. Nós temos dificuldades do uso da informação do CAR, mas a maneira como foi implementado o sistema florestal brasileiro fez com que nós tivéssemos uma experiência, uma maturidade, tanto produtores brasileiros quanto todo o ecossistema agro de traders, bancos, químicas, que nos deu experiência de trabalhar com geometria, com polígonos, e de associar a essas geometrias capacidade de crédito, capacidade de seguros, embargos, os problemas sócio-ambientais ou não, certidões, todas essas temáticas do agro vinculado a essa unidade que é o CAR, e isso nos colocou muito à frente do restante do mercado. Então os feedbacks que eu escutei, principalmente dos europeus, foi como o Brasil está à frente, como consegue trabalhar as suas informações e consegue entregar essa rastreabilidade que é exigida por eles. Claro, tem outros itens que precisam ser discutidos, mas eu saí de lá com a seguinte impressão: se o EUDR entrasse dia 31, nós iríamos vender muito mais, porque o restante do mundo não está preparado e tem outros efeitos colaterais. Se pensarmos que pequenos produtores do Vietnã, da Indonésia, da África, ou dos países produtores teriam muita dificuldade de continuar exportando. E nós, na verdade, estaríamos excluindo milhões de famílias, milhões de produtores por não ter rastreabilidade. Para o Brasil seria, entre aspas, bom porque nós venderíamos mais, dominaríamos mais esse mercado ainda. Mas, por outro lado é ruim porque faríamos exclusões”.

Perguntei então a ele se tudo isso vale só para o mundo do café ou é importante para todas as demais cadeias produtivas e a resposta foi:

“Todo esse arcabouço regulatório, ligado ao Código Florestal, na verdade todas as commodities brasileiras podem se beneficiar disso. Soja pode se beneficiar, criação de gado, as plantações de cacau e aí eu não vou ficar só na EUDR, mas praticamente todas as commodities brasileiras podem se beneficiar das informações que temos. Claro que se nós conseguirmos melhorar, superar os problemas de qualidade da informação, vincular cada vez mais o CAR a outras práticas, as notas fiscais, por exemplo, você ter uma comprovação legal da organização financeira do produtor, isso tudo vinculado ao CAR facilita o acesso ao crédito, ao seguro, destrava uma série de investimentos e dinheiro disponível que existe para poder financiar o agro brasileiro que tem potencial gigantesco como nós sabemos”.

Um trabalho extraordinário esse que o CEO do Serasa Agro realizou com o Cecafé, e que isso provavelmente se expanda.

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