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A Tarde Memória

Por Cleidiana Ramos

ACERVO DA COLUNA
Publicado sábado, 29 de julho de 2023 às 9:29 h | Autor:

Coleção do Cedoc A TARDE apresenta importantes registros da trajetória

Criada há 40 anos, universidade garantiu expansão do ensino superior, pesquisa e extensão para o interior

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Imagem oferece visão panorâmica do Campus I da Uneb, localizado em Salvador.
Imagem oferece visão panorâmica do Campus I da Uneb, localizado em Salvador. -

Na edição de 4 de junho de 1983, A TARDE noticiou a criação da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Passaram a fazer parte da nova instituição, centros de ensino superior que estavam funcionando no interior do Estado, como as faculdades de Agronomia do Médio São Francisco e de Formação de Professores de Alagoinhas, Jacobina e Santo Antônio de Jesus. As de Filosofia, Ciências e Letras de Juazeiro e Caetité também foram incorporadas, além de um Centro de Educação e o Centro de Ensino Técnico da Bahia (Ceteba).

“No mesmo decreto, em que se criou a Uneb, foram extintos, o Departamento de Ensino Superior e Aperfeiçoamento de Pessoal- DESAP- e a Superintendência de Ensino Superior do Estado da Bahia” (A TARDE, 4/6/1983, p.3).

Ao completar 40 anos, a Uneb é hoje a maior instituição de ensino superior da Bahia. São 31 departamentos distribuídos por 26 campis no interior do Estado. A universidade oferece 170 cursos de graduação presenciais e em modalidade à distância (EAD). Na graduação e pós-graduação estão 23 mil estudantes associados e um quadro de servidores -docentes e técnicos- composto por 30 mil pessoas. Por meio das ações de extensão e atendimento especializado para populações tradicionais como quilombolas e indígenas, a presença da Uneb se expande, praticamente, por todos os 417 municípios baianos.

Imagem oferece visão panorâmica do Campus I da Uneb, localizado em Salvador.
Imagem oferece visão panorâmica do Campus I da Uneb, localizado em Salvador. | Foto: 22/03/1997 | Cedoc A TARDE

“A Uneb é a maior universidade do Norte e Nordeste considerando a sua multicampia. Essa experiência é referência para outras instituições que vieram depois, pois temos agora as federais e os institutos já criados nessa dimensão de sair do eixo da capital e chegar ao interior da Bahia”, diz a professora Adriana Marmori. Na Bahia, universidades federais como a do Recôncavo (UFRB) e do Sul da Bahia (UFSB) têm adotado esse modelo multicampi.

Diversidade

Pedagoga e doutora pelo Programa Multiinstitucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Adriana Marmori tem uma ligação intensa com a Uneb. Foi na universidade que ela fez a sua graduação e iniciou a carreira em gestão de departamentos e de unidades como a pró-reitoria de extensão, setor que estabelece o diálogo para além dos muros da instituição. No ano passado ela se tornou a segunda mulher a assumir o posto de reitora na Uneb.

Grupo de professores e alunos da Uneb que foram premiados em 1999
Grupo de professores e alunos da Uneb que foram premiados em 1999 | Foto: Data: 16/09/1999. Foto: Gildo Lima | Cedoc A TARDE

“É importante ter passado por todas as categorias, como estudante, docente e gestora. Assim, é possível conhecer as lutas históricas de cada um desses segmentos. Na pró-reitoria de extensão eu passei mais de dez anos. Este é um lugar importante na aproximação da universidade com a comunidade externa, a partir dos projetos, dos programas sociais e de estar junto com as pessoas construindo essa relação mais estreita. O processo de gestão de uma universidade pública tem muitos desafios para ser superados, mas espero cumprir as metas que foram estabelecidas e os compromissos firmados com a comunidade acadêmica e externa, em conjunto com as pessoas que estão comigo”, diz a reitora.

A primeira mulher a assumir a gestão da Uneb foi a professora Ivete Sacramento. Eleita em 1997, ela alcançou mais um marco: se tornou a primeira mulher negra na gestão de uma universidade brasileira. Em sua gestão a Uneb foi a primeira entre as instituições de ensino superior baianas a adotar o programa de ações afirmativas por meio das cotas para negras e negros.

A professora Ivete Sacramento foi a primeira mulher negra a dirigir uma universidade no Brasil quando assumiu a Uneb
A professora Ivete Sacramento foi a primeira mulher negra a dirigir uma universidade no Brasil quando assumiu a Uneb | Foto: 27/08/2001. Foto: Alceu Elias | Cedoc A TARDE

“A Uneb é pioneira e protagonista. Pioneira porque fez um processo em relação às ações afirmativas diferentes de outras. Eu tive a oportunidade de integrar o histórico conselho que aprovou as cotas para negras e negros em nossa universidade. Paralelo a isso iniciamos o processo de cotas para indígenas e começamos a ampliar o ingresso de diversos segmentos sociais dentro da universidade”, relata Adriana Marmori. Recentemente, a Uneb passou a desenvolver ações para a inclusão de pessoas LBTQUIA+, de pessoas com espectro autista dentre outros segmentos no âmbito do ensino superior.

Criada para reforçar especialmente a formação de professores com cursos de licenciaturas e assim permitir o cumprimento das novas legislações relacionadas ao magistério, a Uneb avançou em direção aos bacharelados com cursos como de Medicina, Nutrição, Jornalismo, Rádio e TV, dentre outros. Além disso tem ocorrido a articulação com necessidades regionais.

Foi o caso da criação dos cursos de bacharelado em Arqueologia, em Paulo Afonso; Medicina Veterinária, em Barreiras, Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia, em Juazeiro e Engenharia de Minas em Caetité.

Eleições diretas para escolha de gestores é uma das marcas da Uneb
Eleições diretas para escolha de gestores é uma das marcas da Uneb | Foto: Data: 29/10/1997. Foto: Paulo Munhoz | Cedoc A TARDE

A Uneb foi criada no governo de João Durval com a gestão da secretaria de Educação sob o comando do professor Edivaldo Boaventura, que se tornou o primeiro reitor da universidade. Mais tarde, em 1996, ele assumiu a direção geral do Grupo A TARDE onde continuou a dar atenção especial aos conteúdos educacionais e a ações como o projeto A TARDE Educação.

Investimento

Uma das áreas de investimento especial da Uneb, com base nos desafios a partir da evasão especialmente devido ao período da pandemia de coronavírus, é a de assistência estudantil. Estão sendo oferecidas bolsas na área de monitoria de ensino (450); de iniciação à docência (960) e para residência pedagógica (600). “O nosso grande desafio tem sido o de garantir a permanência, acompanhamento da qualidade de ensino, inserção dos estudantes na pesquisa, extensão, ou seja, tudo que possa garantir uma formação qualificada”, acrescenta a reitora.

A educação do campo é um setor que recebe atenção especial na universidade a partir do diálogo com movimentos sociais. Nessa área foi implantado o Centro Acadêmico de Educação do Campo e Desenvolvimento Territorial Paulo Freire (CAEDCDT) para coordenar as ações de ensino, pesquisa e extensão assegurando a interdisciplinaridade e diálogo com todos os departamentos. Além disso há oferta dos cursos de bacharelado em Agroecologia e Aquicultura nos campis de Conceição do Coité e Irecê e de especialização em Educação do campo no município de Guanambi. A Uneb mantém também o projeto denominado Diagnóstico das Escolas do Campo que busca atualizar o mapeamento das escolas em área rural nos 417 municípios da Bahia.

A professora Adriana Marmori, reitora da Uneb, participou da edição do REC A TARDE  veiculado ontem, sexta-feira, 28.
A professora Adriana Marmori, reitora da Uneb, participou da edição do REC A TARDE veiculado ontem, sexta-feira, 28. | Foto: Data: 24/07/2023. Foto: Fábio Bastos | Mídias Digitais Grupo A TARDE

As ações de interiorização da pós-graduação mantêm 26 programas com a oferta de 30 cursos de mestrado e doutorado. No campo da inovação há atividades em robótica, jogos digitais, geoprocessamento e astrofísica. O Centro de Pesquisa em Arquitetura de Computadores, Sistemas Inteligentes e Robótica (Acso) desenvolve estudos que já renderam prêmios em competições nacionais e internacionais com a equipe Bahia Robotic Teams (Bahia RT). “São investimentos ainda na área de arte e cultura, segmento que sempre recebeu muito da nossa atenção em frentes como apoio a pequenos empreendedores culturais e oferta de cursos de graduação e pós-graduação nas áreas de formação artístico-cultural”, aponta Adriana Marmori.

Os idosos recebem atenção especial por meio de projetos como as UATIS (Universidade Aberta da Terceira Idade), além de projetos de extensão distribuídos pelos campos de comunicação, cultura, direitos humanos, justiça, meio ambiente, dentre outros. A internacionalização é outra área de investimento continuado. Atualmente existem 50 acordos de cooperação técnica com países europeus, latino-americanos, africanos e asiáticos com atenção ao princípio da multicampia, ou seja, convênios fora também de Salvador e sua região metropolitana.

“Temos a satisfação de termos as nossas pesquisadoras e pesquisadores reconhecidos em outros espaços”, diz a reitora. Outra observação feita por Adriana Marmori é a mudança no perfil dos servidores técnicos que, segundo ela, cada vez mais tem buscado a formação continuada em cursos de pós-graduação. “Os nossos técnicos estão fazendo especialização, mestrado e doutorado, o que vem contribuir com a academia de outro lugar também de protagonismo aliando-se aos nossos estudantes e docentes”, complementa.

Essas novas conquistas na pesquisa, por exemplo, estiveram registradas em seus primeiros passos nas coleções de A TARDE como a reportagem que abordou a criação do Parque Estadual de Canudos com um acervo de documentos sobre o movimento. O texto foi publicado na edição de 22 de setembro de 1997. No acervo do Cedoc estão também publicações pioneiras como o resumo de trabalhos da I Jornada Científica da Uneb, realizada em 1997 e o primeiro número da Revista da Faeeba, lançado em 1992, e que é uma das mais importantes publicações científicas da instituição. São formas de celebrar a memória e a continuidade da universidade que tem conseguido traduzir a diversidade do território baiano.

Cleidiana Ramos é jornalista e doutora em antropologia.

*A reprodução de trechos das edições de A TARDE mantém a grafia ortográfica do período.

Fontes: Edições de A TARDE, Cedoc A TARDE

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| Foto: Arquivo Pessoal enviado a A TARDE

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| Foto: Arquivo Pessoal enviado a A TARDE

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