Menu
Pesquisa
Pesquisa
Busca interna do iBahia
HOME > colunistas > A TARDE MEMÓRIA
COLUNA

A Tarde Memória

Por Cleidiana Ramos

ACERVO DA COLUNA
Publicado sábado, 15 de julho de 2023 às 5:00 h | Autor:

Diocese de Amargosa, criada em 1941, tem um novo bispo

Dom Juraci de Oliveira é o 5º titular do território eclesiástico que teve capítulos registrados por A TARDE

Ouvir Compartilhar no Whatsapp Compartilhar no Facebook Compartilhar no X Compartilhar no Email
Dom Florêncio Sisínio Vieira, primeiro bispo da Diocese de Amargosa
Dom Florêncio Sisínio Vieira, primeiro bispo da Diocese de Amargosa -

Em 1941, a Bahia ganhou uma nova diocese. Com sede em Amargosa, o território eclesiástico, desmembrado da Arquidiocese de Salvador, reúne elementos da diversidade cultural baiana abrangendo o Piemonte do Paraguaçu, Vale do Jiquiriçá e a região do Baixo Sul. Uma série de reportagens de A TARDE noticiou a escolha do então primeiro bispo de Amargosa: Dom Florêncio Sisínio Vieira, personagem também da coleção de fotografias do acervo do Cedoc A TARDE. Essa história continuada da diocese tem mais um capítulo com a elevação de Dom Juraci de Oliveira, o novo titular, que até recentemente exercia o posto de vigário geral da Arquidiocese de Salvador. Com a sua nomeação pelo papa Francisco em maio desse ano, o clero da sede arquidiocesana tem um membro eleito para a posto de bispo após 18 anos.

“Eu passei por crise existencial na minha vida, mas nunca passei por crise de fé. Eu nunca deixei de acreditar em Nossa Senhora e na minha Igreja. Eu amo muito a minha Igreja. Sou um apaixonado por ela. Sou encantado”, diz Dom Juraci de Oliveira. A cerimônia de sua ordenação episcopal será no próximo dia 29, no Colégio Antônio Vieira, em Salvador, às 9 horas. A posse na diocese que irá dirigir ocorrerá no dia 27 de agosto, na Catedral de Nossa Senhora do Bom Conselho, em Amargosa. O primeiro bispo da diocese, em 1942, foi empossado no mesmo mês com registro em A TARDE.

“Recebemos hoje pela manhã a honrosa visita de Dom Florêncio Sizinio Vieira, primeiro bispo de Amargosa, que, fazendo-se acompanhar do padre Feliciano Rodrigues, secretário do bispado, veio agradecer à A TARDE as expressões com que nos temos referido à sua pessoa, em nossos noticiários sobre as festas da sua sagração e posse. Devendo seguir amanhã para aquela cidade, a fim de se empossar no governo da nova diocese, Dom Florêncio Vieira veio apresentar-nos também as suas despedidas”. (A TARDE 14/8/1942, p.2).

Até a sua nomeação como bispo, Dom Florêncio Vieira atuava como pároco da Penha em Salvador. A sua saída para o novo posto foi marcada por diversas homenagens na capital baiana.

“O primeiro bispo de Amargosa, D. Florêncio Vieira, vem sendo alvo de homenagens, com os quais o clero e os católicos bahianos demonstram o seu regosijo pela elevação do ilustre sacerdote à dignidade episcopal. Além das manifestações verificadas nos dias que se seguiram à sagração de s.exa. revdma houve ontem nova demonstração dos sentimentos em que círculos católicos tem o novo prelado baiano”. (A TARDE 11/8/1992, p.2).

Novo território

A criação da Diocese de Amargosa ocorreu por meio da bula Apostolicum Munus, de autoria do Papa Pio XII. Amargosa foi escolhida como sede sob a invocação de Nossa Senhora do Bom Conselho.

As dioceses são criadas para facilitar a administração pastoral e, portanto, elas são desmembradas de territórios maiores, geralmente das arquidioceses. No caso da Bahia, Salvador é a mais antiga, inclusive do Brasil (primaz). As outras duas são as de Feira de Santana e Vitória da Conquista. Esta última, inclusive, foi transformada anteriormente em diocese por meio do desmembramento do território da diocese de Amargosa, assim como a Diocese de Jequié.

Atualmente, a Diocese de Amargosa tem uma área que engloba 27 municípios totalizando cerca de 600 mil habitantes. São 38 paróquias de territórios de identidade como o Piemonte do Paraguaçu, áreas de litoral e da chamada Zona da Mata. A diocese engloba municípios como Aratuípe, Cairu, Castro Alves, Iaçu, Jaguaripe, Milagres, Nazaré, Valença, dentre outros.

A TARDE MEMORIA 
Na foto: Edições de A TARDE destacaram o processo de instalação da diocese. 
Foto: Cedoc A TARDE
Data:  11/08/1942
A TARDE MEMORIA Na foto: Edições de A TARDE destacaram o processo de instalação da diocese. Foto: Cedoc A TARDE Data: 11/08/1942 | Foto: Cedoc | A TARDE

Bispos

Dom Florêncio Sisínio Vieira (1901-1994) governou a Diocese de Amargosa de 1942 a 1969. Era natural de Jiquiriçá, uma das paróquias que integram o território da diocese. Dom Alair Vilar Fernandes de Melo (1916-1999) foi bispo em Amargosa de 1970 a 1988, quando se tornou arcebispo de Natal, Rio Grande do Norte, cidade onde nasceu. O episcopado de Dom Alair foi marcado por uma era de tensões nas comunidades rurais da diocese, devido a disputas entre posseiros e latifundiários. A participação de Dom Alair, em localidades como Iaçu, na defesa dos produtores rurais foi fundamental para a proteção dos trabalhadores, do clero e dos agentes de pastorais que apoiavam as lutas nesse sentido.

O hoje bispo emérito de Amargosa, João Nilton dos Santos Souza sucedeu a Dom Alair. Natural da cidade que sedia a diocese, Dom João Nilton sempre foi muito querido pela população local e, antes, da gestão em Amargosa foi bispo coadjutor em Bom Jesus da Lapa de 1986 a 1988. Antes de assumir o posto de titular de Amargosa, Dom João Nilton foi pároco local, reitor do seminário diocesano, que oferece a formação inicial para o sacerdócio, além de ativista do movimento de educação de base, o que fortaleceu o território na dedicação contínua às pastorais sociais especialmente.

O quarto titular da Diocese de Amargosa foi o agora bispo de Penedo, Alagoas, Dom Valdemir Ferreira dos Santos. Ele atuou em Amargosa de 2016 a 2021, período em que a diocese ficou com o posto na condição de vacante, ou seja, à espera de um novo titular.

A nomeação de Dom Juraci de Oliveira foi publicada no dia 31 de maio deste ano. Natural de Catolé do Rocha, Paraíba, Dom Juraci tem uma vasta experiência com o ministério sacerdotal e com as pastorais sociais. Na Arquidiocese de Salvador atuou como pároco, capelão e orientador do Seminário Central da Bahia, além de assistente eclesiástico para a Renovação Carismática e do Grupo de Oração Terço dos Homens. Até a nomeação como bispo estava como vigário geral da Cúria Metropolitana e diretor administrativo da Ação Social Arquidiocesana (ASA), além de ter desempenhado outras funções.

Dom Juraci já visitou Amargosa e diz viver a expectativa de realizar um governo marcado pela escuta a todos os setores da diocese- leigos, clero e instituições de religiosos. “O meu projeto é amar. Então eu tenho que chegar para ouvir meu povo, meus padres, meus seminaristas, ouvir minha gente, para sentar junto e dizer: “o melhor caminho é por aqui”. Eu não quero fazer a minha vontade, mas a do meu Senhor; me entregar. Que ele me conduza. Se a mão de Deus me conduziu até aqui, daqui para a frente ela não vai me soltar”, acrescenta Dom Juraci de Oliveira.

Na última sexta-feira, o bispo foi o entrevistado das seções Senta que Temos História e Mídia & Memória do projeto REC A TARDE, hospedado no Youtube. Foi nessa participação que ele teve contato com as coleções de reportagens e fotografias do Cedoc A TARDE sobre a Diocese de Amargosa. “Os acervos são muito importantes e esse de A TARDE é realmente especial”, acrescentou.

Na coleção de imagens, por exemplo, está a que registra uma ação do primeiro bispo de Amargosa, Dom Florêncio, a catedral, o monumento ao Cristo Redentor e manifestações culturais como a Burrinha e o São João de Amargosa, um dos maiores eventos juninos da Bahia. Há também imagens da padroeira, Nossa Senhora do Bom Conselho, outra alegria que Dom Juraci diz estar experimentando por ser devoto da mãe de Jesus em suas variadas invocações.

“Para minha surpresa Deus me coloca onde eu vou ter Nossa Senhora do Bom Conselho para me aconselhar. Que ela me dê a graça de escutar meu povo, meus leigos, meus sacerdotes, meus diáconos, os que optaram pela vida religiosa, ou seja, cada pessoa na sua dimensão. Que ela sempre coloque nos meus lábios não palavras que eu queira dizer, mas aquilo que será ou que seja um bom conselho; uma boa palavra para aquele povo que com certeza tanto necessita de alguém que saiba pastorear e que o Filho de Nossa Senhora do Bom Conselho pastoreie comigo o rebanho que a Igreja me confiou”, diz Dom Juraci de Oliveira. É a demonstração do seu entusiasmo para aceitar o novo desafio em um território que tem se mostrado apaixonante e especial por reunir parte significativa das culturas da Bahia.

Cleidiana Ramos é jornalista e doutora em antropologia

*A reprodução de trechos das edições de A TARDE mantém a grafia ortográfica do período.

Fontes: Edições de A TARDE, Cedoc A TARDE

Serviço:

No próximo dia 29 ocorrerá a ordenação como bispo de Dom Juraci de Oliveira. A cerimônia será no Colégio Antonio Vieira – Av. Leovigildo Filgueiras, Garcia, em Salvador; no dia 27 de agosto acontecerá a posse em Amargosa, na Catedral de Nossa Senhora do Bom Conselho.

Compartilhe essa notícia com seus amigos

Compartilhar no Email Compartilhar no X Compartilhar no Facebook Compartilhar no Whatsapp

Assine a newsletter e receba conteúdos da coluna O Carrasco