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A Tarde Memória

Por Cleidiana Ramos*

ACERVO DA COLUNA
Publicado sábado, 26 de junho de 2021 às 6:00 h | Autor:

Perfil de Santos Titara é prévia de especial sobre o 2 de Julho

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Celebração conquistou o coração dos baianos | Foto: Geraldo Ataíde | Arquivo A TARDE | 02.07.1991
Celebração conquistou o coração dos baianos | Foto: Geraldo Ataíde | Arquivo A TARDE | 02.07.1991 -

Com as festas do mês de junho - Santo Antônio, São João e São Pedro - encontrando-se com as comemorações da Independência da Bahia, a coluna A TARDE Memória adotou um calendário com algumas modificações no seu dia de publicação mais constante, que é o sábado. O texto que contou a história do Arraiá da Capitá, promovido pelo Grupo A TARDE e que se consolidou como modelo de evento junino em Salvador, por exemplo, foi publicado na última quarta-feira, 23, véspera de São João.

Na próxima sexta-feira, A TARDE Memória terá uma edição em formato digital e linguagem multimídia sobre o 2 de Julho, a Festa da Independência da Bahia, com extensão de conteúdo para outros canais do Grupo A TARDE. Em consonância com essa abordagem apresentamos hoje um texto no gênero perfil para contar a história de Ladislau dos Santos Titara que, embora pouco conhecido quando comparado a outros personagens das guerras pela Independência, teve um papel de destaque nos registros dos acontecimentos.

Encontrar referências muito precisas sobre Santos Titara é um desafio. O site do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), de onde foi sócio, tem uma pequena biografia com dados que, embora mínimos, dão uma dimensão da sua trajetória interessante.

Santos Titara compôs o poema Paraguassu, que narra episódios sobre a Guerra da Independência da Bahia, com a autoridade de quem viu tudo de perto. Era dele a missão de registrar em livros a correspondência do general Pedro Labatut, que comandou o chamado “Exército Pacificador” na primeira fase da guerra. Titara é um dos que menciona ter escutado o toque de “avançar” no lugar da ordem de recuo na Batalha de Pirajá, ocorrida em 8 de novembro de 1822.

Esse é um dos episódios mais famosos e controversos da narrativa sobre a Guerra da Independência da Bahia. Segundo essa versão, os portugueses promoveram um ataque surpresa às tropas baianas em Pirajá com o objetivo de furar o cerco que causava a fome para quem não conseguiu sair da cidade. Mais bem treinados, os soldados da coroa portuguesa dominavam a luta. O comandante das tropas do lado brasileiro nesse dia, Barros Falcão, ordenou a retirada, mas o responsável pela comunicação em forma sonora, o corneteiro Luís Lopes, confundiu a mensagem. Ao invés do recuo executou o toque que significava “avançar e degolar” e a confusão se instalou do lado português. Aproveitando o momento de hesitação, o lado baiano foi para cima e pronto: a batalha estava vencida.

Poeta

Santos Titara nasceu em Capuame, hoje município de Dias d´Ávila, em 1801, e morreu no Rio de Janeiro aos 60 anos . Era oficial do Exército e participou da campanha pela Independência, além da Bahia, no Piaui, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul. Recebeu várias condecorações: Ordem da Rosa, Cavaleiro da Imperial do Cruzeiro e medalha da Campanha da Independência.

Autor de trabalhos técnicos, como inventários militares, Santos Titara se destacou no enredo da independência baiana bem mais pela veia poética. Além do poema Paraguassu, é o autor da letra do que se tornaria o Hino da Independência da Bahia:

“Nasce o sol a 2 de julho/Brilha mais que no primeiro/É sinal que neste dia/Até o sol é brasileiro”.

A letra faz, uma referência à batalha que Ladislau acompanhou de perto, travada em Pirajá:

“Salve, oh! Rei das campinas/De Cabrito e Pirajá/Nossa pátria hoje livre/Dos tiranos não será.“

Mesmo sabendo pouco sobre Titara dá para imaginar sua paixão pela causa. Registrado como Ladislau do Espírito Santo Melo trocou de nome assim como muitos fizeram para se desvincular de qualquer relação com Portugal. Passou, então, a assinar como Ladislau dos Santos Titara. Esse último nome é sinônimo tanto de um tipo de palmeira como também de cachaça, o que soa bem mais brasileiro.

No próximo dia 10, A TARDE Memória volta a ser publicada aos sábados em A TARDE e às sextas-feiras tem a versão feita especialmente para A TARDE FM. Há também o conteúdo correspondente feito para o portal.

*Cleidiana Ramos é jornalista e doutora em antropologia

Fontes: Cedoc A TARDE e site do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB)

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