Visita de Uri Geller a Salvador rendeu até música dos Novos Baianos
As supostas habilidades paranormais do israelense naturalizado inglês atraiu um público numeroso na capital baiana
Cleidiana Ramos
Para o Carnaval de 1977, o grupo
Novos Baianos lançou um compacto, a mídia analógica que hoje pode ser comparada
a um single em plataformas de streaming. Era uma forma de apostar em uma canção
com potencial para viralizar. A escolha do grupo que era expert em experimentações
foi a canção Pra lá de Uri Geller e dá uma medida do que foi a passagem
do autointitulado paranormal pela capital baiana em agosto do ano anterior por
meio de uma promoção de A TARDE em parceria com a TV Itapoan.
A letra da música, de autoria de
Luiz Galvão e Pepeu Gomes, é uma
excelente peça de humor sobre as habilidades que tornaram Uri Geller famoso:
Você já tá muito pra lá de
Uri Geller/você muito pra lá...
Pule meu nêgo! Pula minha
nêga!
Que as cadeiras da mulata já
estão tortas, tá tá tá tá tá.
E o carnaval são três dias
num segundo/e puri, purinquanto, Uri, Uri, Uri.
Entorta faca, garfo e colher/e ainda espalha que é louco por mulher!(bis)
Uri Geller era um fenômeno de
mídia já no início da década de 1970 e, óbvio em meio a muitas polêmicas. Sua
habilidade mais conhecida era a de entortar garfos e colheres supostamente com
o poder da mente, mas também reivindicava poderes de telepatia e de telecinese,
ou seja, fazer objetos voltarem a funcionar sem tocar neles, especialmente os
relógios.
Sua ascensão foi no contexto de popularização da parapsicologia, um campo dedicado a estudar esses fenômenos e que no Brasil teve como maior expoente o padre Oscar Quevedo. E em meio a muitas polêmicas entre ditos paranormais e céticos, a indústria cultural esteve fortemente atuante. Ainda hoje há ecos desses embates, afinal um dos sucessos da atualidade é a série Stranger Things, produção da plataforma de streaming Netflix. O pano de fundo da história é o poder da paranormalidade para influenciar até na geopolítica, aliás algo que Uri Geller garante, em seu perfil oficial, que fez com serviços prestados à CIA e ao FBI.
A passagem de Uri Geller por Salvador
e as polêmicas em torno da paranormalidade estão em destaque na edição de A
TARDE Memória dessa semana. A TARDE Memória é um projeto de conteúdo multimídia
em canais do Grupo A TARDE, como A TARDE FM (às sextas-feiras), Portal A TARDE
e Jornal A TARDE (aos sábados). As histórias de A TARDE Memória são baseadas em
peças do acervo do Cedoc A TARDE.