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Coluna do Tostão

Por Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina
ACERVO DA COLUNA
Publicado quarta-feira, 06 de novembro de 2024 às 17:08 h | Autor:

Correr e pensar

Tostão é cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970

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Raphinha em campo pela Seleção Brasileira
Raphinha em campo pela Seleção Brasileira -

Aprendi o que é um Corinthians x Palmeiras. Mesmo depois de ser eliminado das Copas do Brasil e Sul-Americana e mesmo perto da zona de rebaixamento, o Corinthians comemorou a vitória sobre o Palmeiras por 2x0 pelo Brasileirão como se fosse campeão. O time foi certeiro, com ótimas atuações de Garro, Yuri e do goleiro Hugo. O Palmeiras cometeu erros individuais nos dois gols e piorou com as muitas trocas feitas no segundo tempo por Abel Ferreira. Isso ocorre com frequência no futebol. Os treinadores, na ânsia de reagir, fazem exageradas substituições e perdem a chance de virar a partida.

No final de semana, vi vários jogos na Europa e no Brasil e ficou mais evidente que os times europeus são mais intensos, compactos, marcam mais e melhor por pressão e deixam menos espaços entre os setores. Em dois gols do Flamengo contra o Atlético-MG, o jogador do time carioca conduziu a bola por uma grande distância até chegar próximo à área, enquanto os zagueiros do Atlético-MG, em vez de avançarem para o desarme, ficavam colados à grande área.

Gabigol voltou a fazer o que melhor sabe, finalizar com precisão. No último ano, o jogador fez tudo errado na carreira e deu razão para Tite não contar mais com ele. O Jovem técnico Filipe Luís, companheiro durante vários anos de Gabigol, convenceu o jogador a se dedicar para voltar a brilhar, ainda mais que o Flamengo está sem Pedro e não há outra ótima opção.

Gabigol comemora gol do Flamengo sobre o Atlético-MG na final da Copa do Brasil
Gabigol comemora gol do Flamengo sobre o Atlético-MG na final da Copa do Brasil | Foto: Marcelo Cortes | CRF

Gerson mostrou mais uma vez que é ainda melhor jogando mais recuado, próximo do volante, como atuou contra o Peru, do que como um meia ofensivo ou pela ponta, como era habitual. Penso apenas que na seleção, ele, Raphinha e o volante deveriam atuar mais próximos. Há um enorme espaço no meio campo.

Repito, durante um longo tempo, os técnicos brasileiros deslocavam os jovens hábeis, dribladores que atuavam no meio campo para as pontas, uma das razões da seleção ter vários excelentes pontas direitas (Estevão, Luís Henrique, Savinho, Raphinha). O treinador do Barcelona fez o contrário, escalou Raphinha pelo centro ou pela esquerda, de onde parte para o meio para finalizar. É o melhor momento da carreira de Raphinha. Dorival Junior manteve o jogador pelo centro e disse que pode até ocorrer o mesmo com Estevão. No São Paulo, Alison melhorou bastante quando passou da ponta para o centro, sob o comando de Dorival Junior.

Raphinha me lembra de Rivaldo, pelas características físicas, técnicas e pelas finalizações fortes e precisas da bola de fora da área. No Barcelona, o técnico holandês Ronald Koeman queria que Rivaldo jogasse pela esquerda, aberto, para aproveitar os seus excepcionais cruzamentos de curva com a bola saindo do goleiro, como faz também Raphinha. Porém, Rivaldo queria ser muito mais. Contrariando o treinador, ele deslocava para o centro e fazia muitos gols com seus petardos de fora da área. Tornou-se o melhor jogador do ano e do mundo.

No passado, havia um famoso clichê: “quem corre é a bola e não o jogador”. Na época, um conhecido centroavante, Mirandinha, bastante veloz, disse que não dava para correr e pensar ao mesmo tempo. No futebol moderno, intenso, de muita movimentação, é preciso correr e pensar, sem tropeçar nas pernas e na bola.

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