Concurso público é uma maratona? (parte 3)
Por mais que repitamos o quanto é inapropriada essa comparação, não é fácil tirar da cabeça das pessoas uma “certeza” tão enraizada na nossa sociedade. É essa crença, aliás, que é usada por muita gente como desculpa para não participar de concursos. Como estamos demonstrando, há uma gigantesca desproporcionalidade entre participar de concursos e correr maratonas.
Qualquer que seja, porém, o perfil do concurseiro, ou a sua dificuldade, a sua preparação deve de fato se assemelhar à de um atleta, especialmente no que se refere aos registros, que devem ser detalhados, e à necessidade de ajustes, que deve ser permanente. Por mais que o aprendizado vá bem, a simples mudança na quantidade de acertos já exige um redimensionamento do tempo dedicado aos estudos, para priorizar aqueles temas em que o desempenho está abaixo da média.
Das derrotas, ou reprovações, deve ser aproveitada a experiência. O que errou, por qual motivo, e como melhorar nas próximas provas, são questões permanentes, e fundamentais para o aperfeiçoamento.
Há candidatos que se surpreendem com seu bom resultado já nas primeiras tentativas, enquanto outros, cujo desempenho na escola sempre foi melhor, nem sempre se dão tão bem nos concursos. Normalmente a explicação para isso está na postura mais comedida daqueles que trazem a fama de bons alunos. Sempre preferem não arriscar muito, para não decepcionar os que lhes admiram, e não perder o posto.
Diferentemente do que acontece nas corridas, a possibilidade daquele concorrente que lhe derrotaria faltar à disputa é grande. Ou seja, mesmo o seu desempenho ainda não sendo o ideal, por estar claro que diversos outros se saem melhor, vale a pena participar, pois no mesmo dia podem estar ocorrendo outras provas de concursos mais atraentes para outras pessoas. Ou, mesmo que isso não ocorra, os mais preparados tendem a faltar à prova quando não se sentem seguros, como já dito. De qualquer forma, com o passar do tempo chega o momento em que esses irão sair da fila.
Há uma preocupação grande com o fato de ter ou não estudado especificamente para aquela prova, como se estivéssemos falando de uma avaliação do colégio ou faculdade, em que a má pedagogia induz a estudar em véspera de prova. Desconsidera-se o conhecimento acumulado e sedimentado, bem assim as peculiaridades da cobrança feita em concursos. Do ponto de vista do candidato, despreza-se também a larga vantagem que os mais experientes têm sobre os novatos, especialmente no que se refere à tranquilidade. Todos esses fatores, incidentes sobre corridas (não maratonas) e concursos, são fundamentais para uma aprovação mais rápida.
É preciso que o concurseiro esteja permanentemente convencido de que deve sempre participar dos concursos que lhe interessam, evitando a postura de esperar as condições mais favoráveis. Quando elas chegam, a concorrência aumenta significativamente, tornando a aprovação mais difícil.