Estratégia de avaliação do aprendizado (4)
No final do texto anterior deixei uma pergunta pendente. Depois de explicar que fazer a análise do seu rendimento usando o resultado das provas não é a melhor opção, por haver desnível de dificuldade entre os diversos concursos, sugeri a seguinte pergunta: “E por que com as questões de concursos anteriores é diferente?”. Veremos que é simples entender isso.
O que acontece é que usando questões de concursos anteriores você pode classificá-las por grau de dificuldade, evitando pegar somente questões fáceis ou somente difíceis. Sem fazer a classificação previamente, não se deve levar em consideração a quantidade de acertos, já que você pode em uma avaliação encontrar somente questões fáceis ou difíceis. Além disso, se forem fáceis, e depois de umas semanas de estudo você utilizar questões mais difíceis, vai achar que não adiantou estudar, pois acertou bem menos. O inverso também pode ocorrer, fazendo com que o estudante tenha a ilusão de que sabe mais do que realmente sabe, ou de que já aprendeu muito, levando-o a priorizar algumas matérias em detrimento de outras, às quais deveria ser dada uma importância maior.
A grande dúvida é: como fazer essa classificação? Devo comprar apostilas de questões já classificadas? Não. A verdadeira classificação deve levar em consideração o seu conhecimento e o de colegas com nível semelhante de desempenho nos exercícios.
A forma ideal é fazer aquilo que chamo de calibragem de questões. Basta aplicar uma quantidade de questões (sugiro 100, para facilitar a conta) a um grupo de estudantes. Podem ser de 5 a 10 pessoas, mas quanto mais melhor, e as questões devem ser a respeito do mesmo tema. Após conferir as respostas, anote ao lado de cada uma a quantidade de pessoas que acertaram. As 30 que mais pessoas acertaram são as fáceis, as 30 que mais pessoas erraram são as difíceis, e as 40 restantes são as médias. Sempre que for fazer exercícios, a cada dez questões você deve utilizar 3 fáceis, 3 difíceis e 4 médias.
Com isso estará sendo usado o mesmo critério usado por algumas bancas examinadoras, quando querem evitar resultados anormais.
Algumas pessoas podem achar inadequado fazer exercícios com questões já vistas na calibragem. Saiba, no entanto, que não há como fugir da repetição. As questões mais importantes da prova sempre se repetem, por razões óbvias. Não há nenhum inconveniente em repetir a questão. Isso reforça a fixação da informação. Não se trata de perda de tempo.
Se a pessoa quiser, no entanto, evitar a repetição que ocorrerá em razão da calibragem, há uma forma. É só não participar do grupo que responde as questões que ela vai usar. Para isso, porém, é preciso ter cuidado quanto ao nível de rendimento dos participantes do grupo. Eles não podem ter desempenho muito diferente do seu, pois em níveis muito acima ou muito abaixo acabam ocorrendo distorções que podem jogar todo o trabalho por água abaixo. E participar do grupo permite conferir isso.
Havendo dúvidas ou encontrando dificuldades ao colocar a técnica em prática, não se acanhem em me escrever.