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A eleição municipal em Salvador

Confira a coluna desta segunda-feira, 23

Publicado segunda-feira, 23 de outubro de 2023 às 07:00 h | Autor: Cláudio André*
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O desempenho dos partidos em Salvador na disputa pela Câmara em 2022 ficou sob a liderança do PT (17,82%), que somado ao PCdoB (3,56%), PV (2,91%), PSD (4,65%) e o PSB (4,85%) totalizaram 33,79% dos votos para deputado federal. A corrida por vagas na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) registrou um desempenho semelhante, uma vez que estes cinco partidos da base do governador Jerônimo Rodrigues (PT) somaram 32,10% dos votos válidos. Estes resultados sugerem a viabilidade eleitoral de uma estratégia de candidatura única que se apresente para o eleitorado, considerando os alinhamentos com os cenários estadual e nacional.

Do outro lado, a base governista municipal liderada pelo prefeito Bruno Reis tem se mantido robusta e competitiva, sendo que nas eleições para a Câmara dos Deputados o União Brasil obteve 7,44% dos votos, o Republicanos alcançou 10,54%, o PDT 9,97%, o PP 7,35% e o PSDB 2,21% dos votos, somando 37,51% do eleitorado soteropolitano. Na disputa por cadeiras para a ALBA, estes partidos alcançaram 39% dos votos.

Diante da disputa dos partidos pelo Legislativo, a polarização PT-União Brasil se dá em um nível mais equilibrado, o que reforça a tese de que nestes últimos anos faltou aos petistas a construção efetiva de lideranças com as carreiras políticas voltadas prioritariamente para se projetar nas bases eleitorais da capital baiana. Em um hiato político que anexou erroneamente a disputa municipal ao núcleo político do governo estadual, o PT perdeu a oportunidade de preparar lideranças estáveis “naturais” para a disputa. Além disso, o partido tem amargou a derrota em todas as zonas eleitorais da cidade em 2016 e 2020.

Por outro lado, o prefeito Bruno Reis segue com poucos desgastes de grande impacto, o que pode ser decisivo para a sua reeleição. Além do que, o prefeito conseguiu entregar em votos a ACM Neto no segundo turno na disputa a governador (64,51%) quase a mesma votação que o fez vencer na eleição de 2020 no primeiro turno (64,20%). A vantagem clara na disputa para o atual prefeito reside no fato de que governos com baixa avaliação negativa no eleitorado tendem à reeleição. Vale ressaltar que desde as eleições de 1996 todos os prefeitos soteropolitanos foram reeleitos.

A nossa hipótese provocadora de debates é que a maioria do eleitorado de Salvador é de centro e necessariamente leva em consideração aspectos locais para a preferência do voto. Nessa direção, a inclinação de alguns partidos em admitir uma possível candidatura do vice-governador Geraldo Júnior (MDB) representa organicamente a busca por uma liderança “raiz” em Salvador, o que dá condições imediatas para que uma vitória ou uma derrota nas próximas eleições dê previsibilidade ao cenário eleitoral em 2028.

*Cláudio André de Souza é Professor Adjunto de Ciência Política da UNILAB e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (UFRB). E-mail: [email protected].

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