Eleições e partidos na Bahia
Confira coluna desta segunda
Os primeiros dados consolidados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o perfil das candidaturas a prefeito, vice-prefeito e vereador no Brasil revelam o desafio a que estamos submetidos em nível nacional no aumento da qualidade e representatividade da nossa democracia. As eleições em 2024 teremos 96,19% das candidaturas femininas restritas ao cargo de vereadora. Na disputa para o cargo às prefeituras de todo o país teremos 15% de mulheres e 85% de homens. Já para o cargo de vice-prefeito serão 32,14% de mulheres e 76,86% de homens.
Na Bahia, a proporção é semelhante, já que teremos 15,53% de candidaturas femininas para as prefeituras, 34,71% para vereadora e 20,65% na condição de candidatas a vice-prefeitas. Outros dados que chamaram a atenção apontam para a estratégia dos partidos no lançamento de candidaturas na comparação entre 2020 e 2024.
Se compararmos todas as candidaturas dos dez maiores partidos para as prefeituras, há uma tendência objetiva de declínio do grupo de ACM Neto, já que o PP, PDT, Republicanos e o PSDB apresentaram forte declínio no lançamento de candidaturas. Para se ter uma ideia, o PP lançou na eleição passada 177 candidaturas a prefeito e agora 84. Já o PSDB caiu de 46 para 19. O União Brasil (ex-DEM) caiu de 95 para 81 candidaturas, mesmo após o ex-prefeito ACM Neto ter obtido quase metade dos votos no estado na disputa ao governo baiano.
Do lado governista, os dados confirmam que o Avante pode se tornar uma das principais forças partidárias na Bahia. O partido liderado pelo ex-deputado federal Ronaldo Carletto saltou de 31 para 132 candidaturas, algo que também aconteceu com o MDB, que saltou de 39 para 118 candidaturas. O PSD se manteve como o partido que mais lançou candidatos, sendo 227, seguido do PT com 157 candidatos.
Ao analisarmos o lançamento de candidaturas a vice-prefeito, a tendência é semelhante ao que foi observado anteriormente. Surpreende demais a força do PSD, PT, Avante e MDB nestas eleições, o que pode, com certeza, influenciar as eleições de 2026. O Avante lançou 106 candidaturas a vice-prefeito e o MDB subiu de 50 para 97m quase o dobro quando comparado a 2020. Chama a atenção que a queda do PP foi menor quando comparado ao lançamento de candidaturas a prefeito, ou seja, o partido mirou manter-se nas chapas mesmo com uma posição secundária na formação das alianças locais. Já o União Brasil praticamente manteve-se igual às eleições de 2020.
A força dos partidos em 2026 dependerá da compreensão do que está em jogo nestas eleições municipais. Observem que o papel do Avante foi absorver o campo oposicionista derrotado em 2022. Entender as urnas de 2024 vai ajudar a olhar para a disputa estadual daqui a dois anos.
*Professor Adjunto de Ciência Política da UNILAB e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (UFRB) – [email protected]