O foco na organização da pré-campanha
Confira a coluna Conjuntura Política desta segunda-feira

Após uma série de reformas eleitorais aprovadas pelo Congresso, ficou mantida a maratona de pré-campanha na política brasileira, que começa quase imediatamente após o término das eleições gerais e partimos rumo às eleições municipais. De um modo geral, a pré-campanha desempenha um papel fundamental no processo político, pois é nesse período que os candidatos buscam consolidar sua imagem, criar vínculos com eleitores e estabelecer suas propostas. Através de estratégias de comunicação e marketing político, os pré-candidatos buscam destacar-se entre os demais concorrentes.
Nessa fase, é comum vermos a realização de eventos, reuniões e debates, nos quais os pré-candidatos expõem suas ideias e interagem com o público. Além disso, é também nesse momento que ocorre a formação de alianças e a busca por apoio de grupos influentes na disseminação de ideias e estratégias eleitorais.
Do ponto de vista sociológico, as eleições municipais dão mais protagonismo ao debate local, o que mobiliza e engaja um maior contingente de pessoas, além do que, a competição pelo poder local pelo país afora corresponde à luta em torno da rara possibilidade de ascensão social e econômica, já que a prefeitura é o principal e maior “empregador” em uma parte das cidades, as quais praticamente inexiste “mercado de trabalho” e “iniciativa privada”.
O foco na organização da pré-campanha já movimenta com intensidade as lideranças e os partidos baianos, o que decorre, em especial, fruto da estabilidade da multipolarização eleitoral em torno de quatro partidos: PP, PSD, PT e União Brasil (ex-DEM). O partido liderado pelo ex-prefeito ACM Neto saiu das urnas em 2022 maior do que entrou. Em 2018, o partido obteve 9,21% dos votos para deputado estadual, crescendo para 14,51% em 2022. O partido também saltou de 8,45% para 13,51% na votação para deputado federal no mesmo período (ver gráficos abaixo)
O PSD baiano aumentou a sua votação de 12,93%% para 13,98% (deputado estadual) e de 11,60% para 14,34% (deputado federal). O PP também cresceu e será o partido a ser testado em 2024 diante de um hibridismo que o torna governista tanto na aliança com o governo estadual quanto na Prefeitura de Salvador sob liderança do grupo político capitaneado pelo União Brasil. Mas de longe a situação mais desafiadora será a do PT: ao passo que conquistaram o governo baiano e o Palácio do Planalto, os petistas perderam votos nas duas disputas legislativas.
Na eleição para o legislativo baiano, o partido saiu de 16,44% em 2018 para 15,36% em 2022. No mesmo período, na disputa para a Câmara dos Deputados, o partido oscilou negativamente de 19,40% para 17,21%. Para o PT, a eleição de 2024 precisa ser encarada como um ponto de inflexão no desempenho eleitoral do partido na Bahia.
*Professor Adjunto de Ciência Política da Unilab e um dos organizadores do “Dicionário das Eleições” (Juruá, 2020). E-mail: [email protected]