O PSOL em Salvador
Confira a coluna Conjuntura Política
O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) foi fundado em 2004 como uma resposta política à crescente insatisfação de militantes com a direção do Partido dos Trabalhadores (PT). A ascensão do PSOL se deu em um contexto adverso de crise política, especialmente após o escândalo do mensalão no qual as críticas à direção do PT envolviam o debate ideológico dos rumos da primeira gestão de Lula à frente da presidência.
O racha e a fundação em 2005 tornou o partido uma alternativa de esquerda aos petistas, focando na estratégia de projetar novas lideranças parlamentares que fossem disputando cargos majoritários, mesmo com poucas chances efetivas de vencer, como o caso de duas grandes lideranças nas duas das maiores cidades do país. Marcelo Freixo no Rio de Janeiro (RJ) chegou ao segundo turno no Rio, mas perdeu com 40,64% dos votos válidos.
Em 2020, Guilherme Boulos perdeu para Bruno Covas (PSDB), mas alcançou 40,62% dos votos, um resultado promissor e que o projetou na carreira política, sendo eleito o deputado federal mais votado pelo estado de São Paulo com 1.001.443 votos. Em 2024, o partido lançou 3.966 candidaturas, sendo 210 candidaturas a prefeito, 233 para vice-prefeito e 3.523 para o cargo de vereador.
Na Bahia, o partido lançou 464 candidatos, mas, sem dúvida, a candidatura mais importante é a do candidato a prefeito de Salvador Kleber Rosa. Em 2022, o sociólogo obteve 0,59% dos votos. Em Salvador, foram 25.362 votos (1,71%), um patamar semelhante ao resultado da eleição de 2018, quando Marcos Mendes alcançou 1,61% dos votos válidos na capital baiana.
A especificidade da conjuntura destas eleições em Salvador se deu diante do deslocamento do PT e da base governista estadual para o apoio a Geraldo Júnior (MDB) diante de uma coalizão ampla com o centro e a direita, o que deu mais visibilidade e diálogo político à candidatura de Kleber na capital baiana dentro do espectro ideológico de esquerda.
A campanha no público mobilizado pelos partidos de esquerda é uma tendência consolidada no comportamento eleitoral soteropolitano. Há várias eleições, os partidos de esquerda conseguem mobilizar, no mínimo, um terço dos eleitores, no entanto, as candidaturas de 2016 e 2020 ficaram abaixo do projetado nas disputas estaduais ao governo baiano.
O desafio colocado nesta disputa é entender de que forma o eleitorado de esquerda se manterá em um pêndulo em uma candidatura mais ou menos “raiz” no campo da esquerda. As pesquisas eleitorais apontam para uma disputa equilibrada voto a voto na esquerda com dissidências nos movimentos sociais e entre lideranças. O nível desta disputa também envolve o desempenho das chapas para vereador e a sobrevivência dos partidos no legislativo municipal.
*Professor Adjunto de Ciência Política da UNILAB e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (UFRB)