Os desafios da aliança entre o PT e o PSD
Em 2024, a base governista estadual testará novamente a fórmula do equilíbrio político
Quando o ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB) desembarcou da aliança com o PT baiano não restou outra saída ao governador Jaques Wagner (PT) senão apostar no reingresso político do ex-governador e então conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), Otto Alencar. Não era para menos, a Bahia vivia um rearranjo no seu padrão de competição política após o falecimento do ex-senador Antônio Carlos Magalhães (ACM), o que levou a uma transição em direção a um momento histórico pós-carlista. Mas, afinal, o que era isso?
Naquele momento, a transição significava a democratização social e política da Bahia, deixando para trás uma autocracia centrada na figura pessoal de ACM como um chefe político para iniciarmos de fato um modelo de democracia multipartidária àquela altura em curso em nível nacional.
Foi o caráter desta transição, inclusive, que pavimentou a escolha de Geddel em se colocar como uma terceira via na eleição de 2010. Naquela eleição, o ex-ministro terminara em terceiro lugar com 15,56%, encostado com o segundo colocado, o ex-governador Paulo Souto (PFL), que obtivera 16,09% dos votos. No entanto, o maior vencedor foi mesmo Wagner ao ser reeleito com 63,38% dos votos válidos e com um detalhe: Otto Alencar (PP) elegeu-se vice-governador na chapa petista, repondo efetivamente a força necessária à reeleição após a saída do MDB do grupo governista.
Para se uma ter ideia, o PP em 2004 foi o quarto partido mais votado na Bahia, conquistando 9,67% dos votos para prefeito. Em 2008, o partido mais votado foi o MDB (24,77%), sendo que o PP ficou em quinto lugar (6,72%). Em 2012, o partido ficou em quarto lugar com 10,55% dos votos, mas agora havia um novo protagonista: o PSD liderado por Otto Alencar. Em sua primeira eleição após fundado sob a sua liderança, o partido obteve um resultado surpreendente de 9,57% dos votos para prefeito.
Na eleição de 2016, o PSD passa a ser um player consolidado como uma máquina de votos no estado ao ser o segundo partido mais votado na eleição para prefeito, conquistando 12,50% dos votos. Na eleição de 2020, o partido alcança 18,86% dos votos enquanto o PT conquistou 13,66% e o PP 12,99%. Somando-se a votação dos três partidos em 2020, 45,51% dos votos ficaram concentrados nos três partidos.
Em 2024, a base governista estadual testará novamente a fórmula do equilíbrio político entre o PT e o PSD, mas na cola o Avante e o MDB liderado pelo vice-governador Geraldo Júnior, buscando um aumento de protagonismo, o que vai levar a uma disputa entre aliados em várias cidades baianas, o que vai depender das articulações políticas do governo em organizar as chapas para evitar confrontos desnecessários. No final das contas, o desafio é agregar votos de olho em 2026.
*Professor Adjunto de Ciência Política da UNILAB e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (UFRB) - [email protected]