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Conjuntura Política

Por Cláudio André de Souza*

ACERVO DA COLUNA
Publicado segunda-feira, 25 de novembro de 2024 às 6:00 h • Atualizada em 26/11/2024 às 17:54 | Autor:

Os golpistas ainda estão aqui

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A estreia do filme brasileiro “Ainda estou aqui”, que narra o caminho doloroso vivido pela família do ex-deputado federal Rubens Paiva (PTB), eleito em 1962, cassado pela ditadura militar em 1964 e exterminado em 1971 pelos militares de uma forma brutal, tem levado a sociedade brasileira a mergulhar em uma reflexão profunda sobre o que estava em jogo do outro lado desta disputa. Sem titubear, o filme deseja mostrar às claras que a esquerda também se organizava em torno do valor à família, dos afetos e que havia um projeto nacional de sociedade, cultura e política.

Nas últimas duas semanas, o filme provocou um intenso debate sobre o contexto histórico e institucional da ditadura (1964-1985). Esse debate inevitavelmente se conecta à conjuntura atual. Como se fosse uma continuidade do filme, a recente conclusão das investigações da Polícia Federal (PF) levou ao indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e do general Walter Braga Netto como líderes de mais uma tentativa de golpe de estado.

A participação de militares de alta patente, como o general Mario Fernandes e outros oficiais das forças especiais, indica uma infiltração preocupante de ideais golpistas nas Forças Armadas, sugerindo uma organização estruturada com objetivos claros de desestabilização institucional.

O papel de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, merece destaque. Suas ações, que incluíam a elaboração de minutas para operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e discussões sobre a decretação de estado de defesa, demonstram que havia uma coordenação política palaciana para impetrar um desvio de poder presidencial em favor de um projeto golpista. Dificilmente vai colar a tese estapafúrdia de que o ex-ajudante arquitetou de forma unilateral um golpe sem o aval do Palácio do Planalto.

Outra parte do enredo golpista comprovada pelas investigações da PF foi a articulação dos acampamentos na frente dos quartéis com a cumplicidade dos militares para gerar um sentimento na opinião pública de que o golpe estava concatenado com a vontade social e política das ruas.

O Estado Democrático de Direito foi esfacelado em 1964 e esteve em perigo em 2022. Na verdade, são dois capítulos de uma mesma história e os crimes a serem respondidos por Bolsonaro contra a democracia pode abrir um novo ciclo político no Brasil. Isso se deve a uma inflexão necessária: as forças político-partidárias de direita foram coniventes com a ascensão de uma liderança torpe e autoritária desde o seu nascedouro. Bolsonaro deu sinais claros e evidentes de que o seu compromisso jamais foi com a democracia e as instituições republicanas brasileiras. Com essa direita que insiste em normalizar um “Bolsonaro democrata” que jamais existiu, os golpistas ainda estão aqui.

*Professor Adjunto de Ciência Política da UNILAB e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (UFRB). E-mail: [email protected]

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