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Conjuntura Política
Voto e carreira política em Salvador
Confira a coluna desta segunda-feira, 6
Nas últimas décadas vários estudos da ciência política definiram o conceito de carreira política como a trajetória de indivíduos que buscam cargos eletivos ou posições variadas de poder. Os estudos de Joseph A. Schlesinger na obra “Ambition and Politics: Political Careers in the United States” (1966) cristalizaram a noção de que os políticos constroem as suas estratégias considerando o grau de ambição política em torno da necessidade de conquistar mais poder.
As pesquisas passaram a considerar que os políticos trabalham incansavelmente para obter vitórias eleitorais, isto é, a manutenção de suas carreiras políticas (ambição estática) ou se candidatar a cargos mais altos (ambição progressiva) ou cargos mais baixos (ambição regressiva), quando o político avalia que existem chances de derrota.
Isso fica evidente no cenário eleitoral de Salvador. A deputada estadual Olívia Santana (PCdoB) viu a sua votação na capital saltar de 35.388 votos (3,34%) para 56.119 votos (4,55%) depois da sua candidatura a prefeita em 2020. O Pastor Sargento Isidório foi o deputado federal mais votado em Salvador em 2018 depois de ter sido candidato a prefeito em 2016, ficando em terceiro lugar com 114.291 votos (8,61%).
Já o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) está vivendo uma carreira em ascensão meteórica. Perdeu a eleição para vereador de Salvador em 2008 (0,37% dos votos totais), mas foi eleito em 2012 (0,98%) e reeleito nas eleições seguintes de 2016 (1,18% dos votos totais) e 2020 (1,16%), tornando-se vice-governador nas eleições de 2022. A candidatura a prefeito em 2024 é o mais congruente para a ascensão da sua carreira. Independente do resultado, tem grande chance de sair de Salvador com uma votação que o consolidaria como um nome forte no cenário estadual em 2026, daí a estratégia de buscar ser candidato único do governador Jerônimo Rodrigues (PT), o que daria ao vice-governador condições de já entrar na disputa com um patamar considerável de votos.
A pré-candidatura do deputado estadual Robinson Almeida (PT) marcha na mesma direção. Depois de perder a eleição para deputado federal em 2014 e ter obtido 11.783 votos na capital, mudou a sua estratégia e foi eleito e reeleito deputado estadual, mas sendo somente o 21º deputado estadual com votos em Salvador nas eleições de 2018 e 2022. Caso seja o candidato da base governista, inevitavelmente expandirá as suas bases eleitorais e pode articular em caso de derrota uma candidatura a deputado federal em 2026.
Diante da boa avaliação do governo do prefeito Bruno Reis (União Brasil), o dilema da base do governador Jerônimo precisa ser equacionado ao entender como vai olhar as eleições de 2026 e 2028 em Salvador. Isso passa pela estratégia a ser implementada em 2024.
*Cláudio André de Souza é Professor Adjunto de Ciência Política da UNILAB e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (UFRB). E-mail: [email protected].
