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Esporte A TARDE

Por Daniel Dórea | [email protected] | Foto: Adrian Dennis | AFP

ACERVO DA COLUNA
Publicado quarta-feira, 12 de dezembro de 2018 às 13:10 h • Atualizada em 21/01/2021 às 0:00 | Autor:

A melhor ideia para vencer

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Chelse usou um meio-termo, graças à capacidade técnica de um zagueiro, David Luiz
Chelse usou um meio-termo, graças à capacidade técnica de um zagueiro, David Luiz -

É um perigo arriscar-se a analisar um jogo como Chelsea x Manchester City, que envolve tanta complexidade. Sim, o futebol tem uma compreensão muito mais difícil nos dias atuais. O jogo mudou completamente. Ver um time tentando sair com a bola mesmo sofrendo pressão de quatro ou cinco adversários em sua área defensiva seria um absurdo poucos anos atrás. Hoje, é o que mais se vê em duelos de alto nível. É como se acontecessem várias minipartidas completas em cada pequeno trecho do campo. Ganhar cada uma delas é como marcar pontos importantes, diante da dificuldade que se impõe pela pressão na marcação exercida pelas grandes equipes.

Outro enorme dilema é saber o tamanho da importância de alcançar maior posse de bola nos jogos. Ter a supremacia é essencial para técnicos como Pep Guardiola, e vários seguidores dele tentam copiar a fórmula. Mas seria uma estratégia ‘menor’ apostar na clássica retranca sem a bola, seguida de agressividade no momento em que se recupera a posse? É o que, basicamente, faz o Liverpool (em jogos grandes, é claro, não contra nanicos), atual líder invicto do Campeonato Inglês.

Os Reds só estão nessa posição porque, no último sábado, o Manchester City de Pep Guardiola foi derrotado pelo Chelsea. Justamente o Chelsea, um time que usa em parte as ideias do treinador espanhol, mas pelos comandos do italiano Maurizio Sarri. Até o início da rodada, o City ocupava o primeiro posto da competição, sem nenhuma derrota, e era a segunda equipe que mais trocava passes na liga. A primeira, meus amigos, era o Chelsea, que tem histórico recente de ser um time pesado, forte no jogo físico e nas bolas paradas, com um duro sistema defensivo.

Sarri mudou a forma de atuar dos Blues em pouco tempo. Porém, é muito pouco tempo para conseguir se impor num jogo contra alguém que domina o tal do Tiki-Taka há mais de uma década. Aí é que mora a grande dificuldade para entender os acontecimentos de uma partida como essa. No confronto, o City terminou com 61% de posse de bola, número esperado, mesmo contra um time que, normalmente, usa estratégia parecida.

Por sinal, o Chelsea não abandonou sua nova maneira de iniciar as jogadas, com toques curtos no campo de defesa ainda que recebessem uma pressão absurda da linha ofensiva do City. Só apelava aos chutões quando a situação era desesperadora. E foi com essa dificuldade para alcançar o campo ofensivo que os pupilos de Sarri ficaram acuados durante todo o primeiro tempo.

Quase sempre a partir de bolas roubadas na zona intermediária do campo, os Azuis de Manchester tiveram cinco boas oportunidades de abrir o placar. Em todas elas, a chance caiu nos pés de atacantes de habilidade, mas sem grande poder de definição: Sané e Sterling. Em três ocasiões, a bola nem foi chutada. Nas outras duas, os arremates não foram dos melhores.

No jogo, Guardiola apostou numa linha de frente leve, com Mahrez, Sané e Sterling revezando-se entre as pontas e o centro. As falhas na finalização das jogadas, aparentemente, passam por essa decisão. Ao mesmo tempo, apontar esse detalhe como crucial para a derrota do City me parece raso demais. Além disso, o técnico não contava com o matador Agüero. E Gabriel Jesus, que entrou logo no início do segundo tempo, apresenta clara involução técnica a cada partida que passa – um Benjamin Button do futebol.

Imagem ilustrativa da imagem A melhor ideia para vencer
| Foto: Ag. A TARDE
Entenda como ocorreu o gol do Chelsea

Gol do Chelsea

No fim da primeira etapa, o Chelsea chegou ao gol inaugural (veja no infográfico). Mas não saiu jogando de pé em pé até o campo de ataque. Também não disparou chutão aleatório e contou com a sobra. Usou um meio-termo, graças à capacidade técnica de um zagueiro, David Luiz. No campo defensivo dos Blues, concentrava-se quase todo o jogo naquele instante, com 15 jogadores de linha (75% do total) brigando por bola e/ou espaço. Essa percepção fez David arriscar lançamento de aproximadamente 50 metros para o ataque, no lado inverso do campo, jogada muito explorada em seus tempos de Seleção Brasileira.

Quando Pedro recebeu a bola, espaço não faltava, pois no campo de defesa do City havia apenas cinco atletas, dois deles do Chelsea. Até o fim do lance, com conclusão certeira de Kanté, houve até eficiência na recomposição da equipe de Manchester, que terminou com oito jogadores dentro da área defensiva, contra seis ‘atacantes’ do adversário. Mas não havia a arrumação ideal, e os Blues marcaram na primeira chance – também na primeira finalização – que tiveram.

A decepção tem força para atingir até os mais bem preparados seres humanos. Isso ocorreu com os jogadores do City, que viram o cenário mudar com a vantagem dos Blues no marcador. No segundo tempo, até matar a parada num gol de cabeça de David Luiz, em cobrança de bola parada como nos velhos tempos do Chelsea, o time de Londres tinha criado quatro chances de marcar, contra apenas duas da equipe de Manchester. E o segundo tento saiu de uma ocupação do campo de ataque que durou dois minutos, com clássicos artifícios como faltas e laterais ‘cavados’ e bolas lançadas à área. No fim, não existe uma ideia melhor, mas a melhor ideia para vencer.

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