Resenha rubro-negra - Freada brusca
Confesso que eu estava engatilhado para escrever essa coluna de hoje com foco no bom momento do Vitória, que, cá nos meus pensamentos, chegaria com moral para pegar o Altos amanhã, no Barradão, pelas quartas da Copa do Nordeste. Mantive essa ideia até o início da noite de quarta. Ao final dela, meu raciocínio prévio já não fazia mais sentido. A essa altura, o Leão se tornara motivo de piada nos grupos de WhatsApp. Tudo pelo sugestivo nome do então lanterna do Baianão: Doce Mel, time da conhecida empresa de polpas de frutas de Ipiaú. Que noite azeda.
O Vitória, que vinha de dez jogos invicto e precisava vencer para entrar no G-4 do estadual, amargou a sua primeira derrota em casa no ano, diante do único time que ainda não tinha vencido na competição. Cruel. E de forma merecida, afinal, esbarrou na falta de criatividade e não incomodou o adversário como deveria. Desconforto pela atuação, pela derrota e também pela posição na tabela. Não é nada legal ser oitavo colocado num campeonato Baiano que conta com apenas 10 participantes. Sim, o Rubro-Negro tem dois jogos a menos, porém, este é um detalhe que não diminui a frustração da torcida e, acredito eu, de todos dentro do clube.
Agora fica a expectativa para saber como esse jovem time de Rodrigo vai reagir a essa freada brusca após bons resultados nos últimos jogos. Embora não tenha mostrado lá um futebol para passar aquela confiança de equipe encaixada, é preciso reconhecer que conseguiu confirmar, sem sufoco, os principais objetivos traçados até aqui: classificação para o mata-mata da Copa do Nordeste e também para a terceira fase da Copa do Brasil. Como errei bisonhamente na minha última previsão, vou evitar supor nessas próximas linhas que o Vitória tende a se recuperar amanhã.
Penso que até o mais otimista torcedor, caso crave isso, fará com uma sombra de desconfiança. Não apenas pelo pé atrás após a derrota de quarta no Barradão, mas principalmente por ver um time ainda com dificuldades a superar. A principal delas, penso que unânime para quem acompanha os jogos, é o setor de criação. Após os mais diversos experimentos disponíveis diante elenco que tem em mãos, Rodrigo apostou em dois jogadores que não são originalmente da posição. Alisson Farias, utilizado sempre como homem de beirada na última temporada, vem jogando centralizado na organização das jogadas, com Cedric auxiliá-lo. Lateral de origem, foi alçado a segundo volante deste considerado time titular do Vitória.
Seria injusto da minha parte escrever aqui que ambos desapontaram. Inclusive, considero que acumularam bons momentos na sequência dos jogos que me referi há pouco. Eu diria até que Cedric, antes tão criticado, deu conta do recado. Porém, ao sair lesionado contra o Doce Mel, será desfalque sentido amanhã caso não jogue. Difícil é enxergar um substituto com as mesmas características. Guilherme Rend, que seria a opção mais viável, se recupera de lesão.
Outra preocupação é o lateral esquerdo Pedrinho, também machucado precocemente na quarta. A sua ausência faz o Vitória perder profundidade, já que Roberto, seu reserva imediato, tem como perfil um jogo mais construído, sem aquele sobe e desce fervoroso do jovem da base rubro-negra. Nos resta aguardar por essas definições médicas para saber o Vitória que vai a campo nessa importante partida de amanhã. Como positivo, vejo os retornos dos experientes Wallace e Raul Prata, poupados na quarta. Além de futebol, o Leão vai precisar ter a cabeça no lugar. Uma dose de equilíbrio será fundamental para reencontrar o sabor da vitória.