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Histórias & Sabores

Por Isabel Oliveira

ACERVO DA COLUNA
Publicado sábado, 10 de setembro de 2022 às 1:21 h • Atualizada em 10/09/2022 às 8:47 | Autor:

Biólogos da Ufba criam a Trilha de Plantas Úteis no PAF em Ondina

Projeto catalogará vários tipos de plantas no campus, inclusive PANCS, que será aberto à visitação pública

Arroz PANC primaveril feito com coração de bananeira e plantas comestíveis
Arroz PANC primaveril feito com coração de bananeira e plantas comestíveis -

O despontar da primavera sempre nos traz a sensação da esperança, de um tempo alvissareiro. As flores representam, psicologicamente, o desabrochar de um novo tempo que nos parece promissor. À primavera, associam-se os tempos alegres e floridos.

Em contraponto à beleza dessa estação tão querida, é curioso e incrível pensar que apesar de as plantas entrarem, de certa forma, para o hall dos modismos atuais – é planta para tudo quanto é lado na casa de muita gente –, existem estudos que apontam para a cegueira botânica, definida como a incapacidade de percebermos as plantas no ambiente.

O agrônomo e professor do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Geraldo Aquino afirma que é preciso reduzir a chamada cegueira botânica. “É importante que as pessoas percebam a importância dos vegetais em nosso cotidiano”.

  • As plantas alimentícias não convencionais (Pancs) estão por toda parte
    As plantas alimentícias não convencionais (Pancs) estão por toda parte |
  • As plantas alimentícias não convencionais (Pancs) estão por toda parte
    As plantas alimentícias não convencionais (Pancs) estão por toda parte |
  • As plantas alimentícias não convencionais (Pancs) estão por toda parte
    As plantas alimentícias não convencionais (Pancs) estão por toda parte |

“As plantas são um pouco minimizadas em relação à diversidade biológica. Olhar bichinhos é mais estimulante do que olhar plantas. Pensar em plantas não é muito corriqueiro, apesar do grande valor que esse grupo biológico tem para a sociedade. As plantas fazem parte do nosso cotidiano, a gente come planta, a gente veste planta”, ressalta, e emenda: “Ninguém nega que as plantas são consideradas importantes para a humanidade, mas pouca gente se dá conta disso cotidianamente, o quanto as plantas estão ao nosso redor. Quando muito, enxergam o que está nos alimentos e, às vezes, nas plantas ornamentais, no jardim”.

Esse talvez não seja o motivo principal, mas certamente um dos grandes motivos que levaram o professor Aquino e um grupo da área de biologia da Ufba a implantar o projeto Trilha de Plantas Úteis, uma proposta que nasceu no pós-pandemia. A equipe abriu os olhos para o vasto material a céu aberto no campus de Ondina, logo após o impacto da pandemia.

“Observamos o quanto nosso campus em Ondina é rico, com muitas árvores, muitas plantas bonitas. Imaginamos fazer um levantamento das plantas presentes no local. Naquele momento havia sido lançando um livro de colegas do Instituto de Biologia com uma grande lista de plantas. Ali, fizemos um levantamento do que poderia ser comestível. Ficamos surpresos com a quantidade de plantas. Não sabíamos da possibilidade de se comer essas plantas. Aí veio a ideia de criar uma trilha mostrando, inclusive, as plantas comestíveis”, conta Aquino.

Segundo o professor, será criado um espaço didático para provocar a visitação de estudantes, inclusive de escolas do ensino médio e fundamental, que terão informações didáticas sobre as plantas. Além disso, haverá uma proposição de roteiros mais específicos, como os das plantas medicinais e o madeireiro, além do roteiro das plantas comestíveis. Uma das abordagens do estudo sobre cegueira botânica dá conta de que a inclusão das plantas no cotidiano escolar dos estudantes pode ser uma forma educativa para a superação da cegueira e consequentemente a valorização da biodiversidade vegetal.

“A gente imagina essa possiblidade de realização de atividade ao ar livre em um ambiente agradável, não só da nossa comunidade da Ufba, mas de visitantes externos que possam explorar essa trilha para fazer fotografia, ou um grupo de terceira idade, um grupo de crianças, ou até um grupo de amigos para fazer um piquenique e conhecer um pouco da diversidade florística”, conta Aquino.

O projeto Trilha das Plantas Úteis tem o propósito de funcionar como um guia. “Lembrando que será derivado dessa trilha um guia eletrônico, com as fichas informativas de todas as plantas. Paralelamente à trilha, teremos um produto bibliográfico”, conta.

E a gastronomia nisso tudo? As PANCs, meus caros, para quem não sabe, dão pratos deliciosos. Para Thiago Sá, biólogo e gastrônomo, membro da Rede PANC, cozinhar usando plantas comestíveis é um grande privilégio.

As plantas PANCS produzem pratos deliciosas, como o coração da bananeira
As plantas PANCS produzem pratos deliciosas, como o coração da bananeira | Foto: Rafaela Araújo | Ag. A TARDE

“Primeiro porque são plantas com história. Elas fazem parte de um repertório ancestral de saberes e sabores que muitos desconhecem e para mim isso torna seu consumo muito mais interessante. Cada planta dessas tem seus próprios sabores bem particulares. Algumas folhas podem ser mais amargas, umas azedinhas, outras mais picantes. As flores, além das suas cores, surpreendem, pois a gente não associa uma pétala vermelha a um leve amargor, ou uma pétala branquinha a um gosto tal qual uma folha verde. Descobrir esses sabores é fantástico e enriquece muito nosso repertório na cozinha, nos conecta com nosso passado, com nosso entorno e torna o nosso comer mais interessante”.

A trilha terá uma das paixões do professor Aquino, coordenador do projeto Rede Panc Bahia, uma articulação de profissionais em torno do tema plantas alimentícias não convencionais (Panc), justamente as plantas comestíveis.

“Existe uma grande diversidade de plantas comestíveis que as pessoas ignoram. Então, dento deste contexto das plantas que estão na nossa universidade, a gente terá a oportunidade de mostrar algumas que são comestíveis, e inclusive as comestíveis que são flores. Acaba sendo muito oportuno mostrar que dentro dessa diversidade de coisas comestíveis se pode consumir algumas flores. As flores têm um apelo visual, um apelo afetivo, então puxar essa conversa das plantas esquecidas e das possibilidades gastronômicas falando de flores é muito oportuno. Mostrar que flores de jasmim-manga, ipê, flamboyanzinho, hibisco, malvavisco são comestíveis e dão pratos deliciosos. Tem também o coração da bananeira, conhecido como umbigo da bananeira.

Que o diga Thiago. Ele acredita que as plantas alimentícias não convencionais são uma tendência que tem se intensificado e fazem parte cada vez mais da mesa do brasileiro.

Thiago Sá, biólogo e gastrônomo, membro da Rede PANC
Thiago Sá, biólogo e gastrônomo, membro da Rede PANC | Foto: Rafaela Araújo | Ag. A TARDE

“Essa tendência tem se intensificado bastante a partir de 2014 e parece não mostrar qualquer tendência de desaquecimento. Certamente temos uma confluência de fatores, como a busca de uma alimentação mais saudável, mais diversa, pensamento na sustentabilidade da produção de alimentos e sistemas de produção alternativos e resgate de conhecimentos ancestrais. Tudo isso contribui para esse movimento de valorização das Pancs”.

E Thiago faz uma reflexão mais que oportuna nesta primavera. “A construção da nossa cultura alimentar não privilegiou o consumo de flores, por isso muitas flores comestíveis do nosso entorno passam despercebidas. Entender esses fatores é muito importante hoje para que possamos escolher o que vamos colocar no nosso prato, pois isso determina em parte o que vai ser plantado e influencia o tipo de cultivo que será feito. Escolher o que comer também é um ato político”, reflete.

É para homenagear e plantar a primavera em nossos corações que Thiago vai nos apresentar o saboroso prato com arroz misturado a diversas plantas, a exemplo do coração da bananeira, ladeado por inúmeras flores primaveris e comestíveis.

Dentre as PANC's usadas por Tiago no arroz estão a chanana, o hibisco, o malvavisco, e o cosmo
Dentre as PANC's usadas por Tiago no arroz estão a chanana, o hibisco, o malvavisco, e o cosmo | Foto: Rafaela Araújo | Ag. A TARDE

Arroz PANC primaveril

Ingredientes:

• 2 xicaras de chá de arroz

• 1 raiz de açafrão-da-terra ou 1 colher de sopa de açafrão-da-terra em pó

• 1 coração de bananeira

• 1 cebola roxa picada

• 4 dentes de alho picados

• 2 folhas de coentrão picadas finamente

• 1 colher de sopa de pimenta rosa

• 1 xícara de castanha de caju picada

• 2 xicaras de folhas de PANCs diversas (ora-pro-nóbis, vinagreira, língua-de-vaca, celosia, etc.)

• flores PANCs diversas (flamboyanzinho, chanana, hibisco, malvavisco, cosmo, onze-horas, língua-de-vaca, etc.)

• vinagre ou bicarbonato de sódio

• azeite de oliva.

• sal

Modo de preparo:

Cozinhe o arroz apenas com sal e açafrão-da-terra e reserve. Retire as folhas mais duras do coração da bananeira e pique o restante. Afervente em água com vinagre ou bicarbonato por três vezes ou até que saia todo o amargor. Escorra e reserve. Numa panela maior, refogue a cebola até murchar, adicione em seguida o alho, o coentrãp, a pimenta-rosa, a castanha de caju e refogue por alguns minutos. Em seguida, junte o coração de bananeira e refogue para que ele absorva os sabores. Ajuste o sal. Em seguida junte as folhas das PANCs e refogue até murchar. Por fim, junte o arroz que estava reservado e misture bem. Arrume o arroz em um refratário para servir e decore com as flores. Sirva imediatamente.

NOTAS COM HISTÓRIAS & SABORES

Imagem ilustrativa da imagem Biólogos da Ufba criam a Trilha de Plantas Úteis no PAF em Ondina
| Foto: Divulgação

Aquecendo o corpo e a alma: Mais1 Café anuncia parceria com a Organização TETO Brasil

A Mais1 Café anuncia parceria com a Organização Não Governamental TETO Brasil, responsável pela construção de projetos de habitação e também de moradias emergenciais para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Parte dos valores de todas as vendas dos produtos da marca será destinado â organização. Além de personalizar todos os copos da rede, interagindo com o cliente, as embalagens contam com um QR Code para que doações possam ser feitas diretamente para a TETO. A ação ocorre em todas as unidades da rede, distribuídas em 19 estados do Brasil, incluindo Salvador.

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Imagem ilustrativa da imagem Biólogos da Ufba criam a Trilha de Plantas Úteis no PAF em Ondina
| Foto: Divulgação

Chef Guto Lago assina Menu Harmonizado da Macceleria Quitéria

Célebre por sua cozinha autoral e contemporânea, o chef Guto Lago assina o Menu Harmonizado da Macceleria Quitéria, que promove no próximo dia 15 de setembro, às 20h, a ação Especial Dia do Cliente. Em parceria com o Sommelier Eugênio Cue, Guto criou aperitivo, entrada, primeiro prato, segundo prato e sobremesa, tudo para tornar o jantar inesquecível. As reservas podem ser feitas pelo telefone 71 99201-7267 e o Menu Harmonizado custa R$ 199,00 por pessoa. A Macceleria Quitéria fica no Bahia Marina.

Imagem ilustrativa da imagem Biólogos da Ufba criam a Trilha de Plantas Úteis no PAF em Ondina
| Foto: Divulgação

Outback se une ao MasterChef Brasil 2022 e traz para menu três novas receitas exclusivas criadas pelos participantes do programa

O Outback Steakhouse acaba de anunciar que os três pratos vencedores da prova do reality show MasterChef Brasil chegarão ao cardápio de todas as suas unidades no Brasil. Pela primeira vez em toda a história do MasterChef Brasil, um restaurante vai oferecer aos clientes pratos idealizados pelos participantes do programa e aprovados pelos chefs jurados. Desta vez, o Outback traz opções para compartilhar, sendo sua famosa Ribs com molho de barbecue de framboesa, porção de camarões empanados servidos com maionese de jalapeño e um croquete feito de carne bovina e ribs desfiada recheado de queijo, que acompanha molho de páprica. Os pratos para compartilhar estarão disponíveis nos restaurantes e também no delivery.

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