Copa do Mundo estimula criatividade em restaurantes de Salvador

O balé sobre o gramado já começou, deixando em suspense os corações de uma considerável multidão, apaixonada por um dos mais populares esportes do mundo, sujeita a todo tipo de sensação durante a jornada esportiva mais emocionante do planeta, a Copa do Mundo.

Paixão número um do Brasil, país sempre no campo dos favoritos e detentor de cinco taças até agora, o evento é capaz de provocar abalos nos mais aficionados, que amam o futebol e se transformam em grandes técnicos, com empolgantes palpites. É um tal de tira esse, coloca aquele, bota fulano, que não tem fim. Sem contar os xingamentos que muitas vezes chegam à quinta geração dos alvos. E quem sempre sofre nesta peleja são as pobrezinhas das mães dos jogadores, juízes, técnicos, que não sossegam o espírito durante toda a jornada desse apaixonante esporte.

Mas o fascínio vai além das questões técnicas que o mundo esportivo exige e chega ao cosmo das grandes brincadeiras e piadas contra e a favor dos jogadores. Colocar apelido chega a ser uma delícia de veneno. E bota delícia nisso, literalmente, quando as gracinhas chegam ao campo da gastronomia.

Que o diga Anderson Freitas, da padaria Santo Antônio, no Pelourinho. Ele aproveitou e colocou uns apelidos no escrete canarinho, que bem lembram o mundo rodriguiano (do teatrólogo Nelson Rodrigues) nas iguarias da Casa, homenageando a Copa do Mundo. Foi desse jeito que Neymar acabou sendo comparado a um quibe.

“O quibe não para em pé e Neymar, felizmente ou infelizmente, para alguns, tem esse histórico. Então, vai o apelido de cai-cai. E por isso a gente fez alusão direta ao prato com o nome de Neymar”, explica Anderson Freitas, proprietário da padaria, que ri com o batismo da iguaria ‘Não cai, não, viu miséra’, em referência ao jogador mais polêmico do Brasil. O prato custa R$64,90 e serve quatro línguas de sogra, sete coxinhas e sete quibes.

“Queríamos sair do trivial, então foi uma forma de brincar com o lúdico, pegar características dos jogadores, observações, curiosidades. Na verdade, todos têm um histórico. Gabriel de Jesus, por exemplo, ficou com o apelido ‘Só ele na causa’. É coxinha grande e quibe grande para quem opta por este combo para saciar a fome”, conta rindo. “Da mesma forma, Vinícius Júnior é o ‘Metendo dança’, que dança tudo, o X Tudo, você come dançando porque é muito saboroso”, diz.

Este ano, o grande evento acontece num país que ama o futebol, comida e petróleo, muito petróleo, o sustentáculo da economia deste pedaço de terra chamado Catar ou Qatar, que tem o tamanho do estado de Sergipe, um país árabe encravado numa península do Sudoeste Asiático.

Para Alan Cerqueira, 30, chefe de cozinha do restaurante Maria Mata Mouro, no Pelourinho, trabalhar no Catar por mais de dois anos foi uma experiência incrível.

“A principal lição que tive foi a experiência de ter encontrado uma diversidade grande na gastronomia. Pude conviver com gente de vários países e suas respectivas culinárias, seus gostos, suas tradições. Foi uma das coisas mais importantes para mim”, conta.

A cozinha do povo catarense ou catariano, segundo conta o chef baiano de Salinas da Margarida, por estar em parte da Ásia, sofre muitas influências de países que têm grande tradição culinária, principalmente Índia, Indonésia e Malásia, dentre outros. Então, eles usam bastante curry, diversos tipos de especiarias. Especiarias que nunca encontrei aqui no Brasil, e alguns vegetais e legumes que eu não encontro aqui no mercado, nunca vi, são bem diferentes”, explica.

As influências se devem à grande quantidade de trabalhadores estrangeiros, de diversas nações, como os nepaleses, paquistaneses e outros países que se estabelecem no Catar, ainda que temporariamente, à procura de trabalho, daí o caldeirão cultural observado pelo chef baiano.

E para engrossar esse caldo, o mestre Alan não deixou por menos e tratou logo de se amostrar com uma feijoada dos deuses. O sucesso foi imediato. “Sem dúvida, o que fez mais sucesso lá foi a feijoada. Claro que eu não conseguia encontrar todos os ingredientes, mas o que conseguia de ingredientes o mais próximo possível [do nosso], eu fazia. Fazia também os ensopados. Ensopados de frango, de peixe, e eles gostavam”, conta.

E foi o feijão que levou o chef baiano a presenciar um episódio pitoresco, envolvendo brasileiros, no restaurante onde atuou.

“No café da manhã, os árabes comem feijão normal, a maioria enlatado. Uma vez chegou um grupo de brasileiros no hotel e foi tomar café da manhã. Olhava o bufê, pegava as coisas, quando avistou o feijão. O pessoal começou a falar. 'Tem alguma coisa errada aqui. Será que a gente veio numa refeição errada? Será que o fuso horário está diferente? Os caras estão servindo feijão no café da manhã! Que ‘disgrama’ é essa?' Eu tive que ir lá explicar para o grupo, que se espantou ao ver um brasileiro saber sobre a culinária de lá, por que serve feijão e outros tipos de comida que são bem diferentes das que são servidas no Brasil. No café da manhã, eles servem muita comida pesada, principalmente os árabes. Você vai encontrar muito legume, feijão, muitas frituras”, explica.

Algumas curiosidades culturais ficaram impregnadas na memória de Alan. Muitas o deixaram impressionado, como o hábito do povo catarense de comer com as mãos, costume que pode ser encontrado no interior do Brasil, em alguns municípios, mas que causou muito estranhamento ao brasileiro, a princípio.

“Foi algo que me espantou muito, pelo fato de a gente não ver normalmente em Salvador. Você encontra em muitos lugares do interior do país, nas casas de família, mas não em grandes centros comerciais. As pessoas de lá sempre comem com as mãos, na maioria dos lugares. Os restaurantes servem uma vasilha com água para limpar as mãos. Foi algo que achei estranho no começo. Mas depois já estava comendo com as mãos como todo mundo”, relembra.

Alan faz questão de destacar a época do Ramadã, costume do mundo árabe que surgiu na Arábia Saudita e ocorre no nono mês do calendário islâmico, no qual a maioria dos muçulmanos pratica o ritual do jejum e do perdão.

“A cidade muda completamente. Muda a questão do horário, a alimentação, a rotina. Por mais que a gente não seja muçulmano, a gente passa pelas mudanças do período, como restrição de horários, no alimento… por exemplo, você não consegue comprar bebida alcoólica, caso goste de beber. Então, havia muitas restrições. Muitos lugares só funcionavam depois das 18h, 19h. Muitos centros comerciais fecham durante o dia, só abrem em certos horários”, relata.

Depois de passar por tantas experiências, hoje Alan faz parte da equipe do restaurante Maria Mata Mouro e torce, como todo brasileiro, pelo time verde e amarelo. Ele já sabe que não precisa torcer pelo Catar, que já está fora da Copa, mas para homenagear o país que o acolheu, o chef resolveu elaborar o Menu da Copa, com oito pratos batizados com nomes dos estádios do Catar.

E hoje vamos aprender a fazer o Camarão ao Curry Verde ou simplesmente o Lusail, um dos estádios catarenses, com ingredientes adaptados para o Brasil. E rumo ao hexa!!!

Camarão ao curry verde

Shrimp in Green Curry

Ingredientes

150 g Filé de Camarão

1 g alho

2 g sal

10 ml azeite extravirgem

Para o curry verde

50 g de coentro

10 g de salsinha

30 g de cebola

5 g de gengibre

10 g de curry em pó

5 g de açafrão da terra

100 ml de leite de coco

10 g de pimenta doce

Modo de preparo

Em um liquidificador ou blender triture os ingredientes do curry por um minuto aproximadamente.

Aqueça uma panela ( sauté) coloque o alho e refogue rapidamente, junte o camarão temperado com sal, deixe dourar um pouco e acrescente o curry. Cozinhe levemente para não deixar o camarão passar do ponto, corrija o sal e sirva com torradas.

Notas Histórias & Sabores

CHEF DE COZINHA PROMOVE CURSO DE MASSAS FRESCAS PARA O NATAL

A chef Sandra Regina, especializada na culinária italiana, vai promover o Curso Pasta de Natale, onde irá ensinar a preparar receitas com massas frescas para o Natal. A oficina será realizada no dia 07 de dezembro na cozinha industrial do Amici Caffè Cucina, novo empreendimento da chef que já está funcionando para cursos e confraternizações. Durante as quatro horas de aula, Sandra Regina irá apresentar a execução de dois pratos, que serão recriados pelos participantes: Ravioli de Pato com redução de Laranja e Canelone de Bacalhau com molho de queijo. Mais informações no instagram: @chefsandraregina

30ª EDIÇÃO DA CAMPANHA NATAL SEM FOME ARRECADA DOAÇÕES EM FEIRA VIVER SUSTENTÁVEL

A Ação da Cidadania – Comitê Salvador realiza a 30ª edição da Campanha Natal sem Fome, uma das maiores iniciativas de solidariedade do país. Nesta edição, a campanha participa da Feira Viver Sustentável nos dias 10 e 11 de dezembro, das 10h às 20h na Igreja da Graça (Av. Princesa Leopoldina, nº 133) para receber a doação de alimentos não perecíveis. Durante o evento, o público pode participar de atividades artísticas, culturais e ter contato com a gastronomia saudável. As doações para o Natal sem Fome acontecem até 23 de dezembro em postos de arrecadação de alimentos no Mosteiro de São Bento, no Mosteiro Nossa Senhora da Graça, Igreja Nossa Senhora da Luz e Paróquia de Sant'Ana do Rio Vermelho. Interessados em contribuir financeiramente também podem doar através do pix: [email protected].

CONCURSO GASTRONÔMICO PREMIA ESTUDANTES DE GASTRONOMIA COM PARTICIPAÇÃO NA COZINHA SHOW DA 13ª FEIRA DA AGRICULTURA FAMILIAR

As estudantes de gastronomia Dulce Maria Loreto e Antônia Leite do Centro Estadual de Educação Profissional Empreende Bahia (CEEP) levaram o prêmio de R$ 2 mil do II Concurso Gastronômico e Estudantil dentro da programação da Cozinha Show da 13ª Feira Baiana da Agricultura Familiar e Economia Solidária. O concurso ocorreu nas dependências da Faculdade Estácio de Sá, onde as estudantes tiveram 40 minutos para executar o prato, cujo critério de avaliação determinava, dentre outras regras, que os produtos fossem da agricultura familiar e estivessem dentro do tema ‘Cozinha Étnica Cultural: uma volta à diversidade da agricultura familiar baiana’.

SALVADOR RECEBE NO MÊS DE DEZEMBRO MAIOR FEIRA DA AGRICULTURA FAMILIAR DO PAÍS

A 13ª Feira Baiana da Agricultura Familiar e Economia Solidária será realizada de 14 a 18 de dezembro de 2022, no Parque Costa Azul, em Salvador. Durante os cinco dias do evento, estarão disponíveis 2.293 produtos de 209 empreendimentos de todas as regiões do estado. Os visitantes poderão desfrutar de uma Vila Gastronômica para consumo e confraternização em família, com uma grade de shows e um telão para acompanhar os jogos do Brasil na Copa do Mundo 2022. A 13ª Feira mantém também espaços como a licuriteria, umbuteria, cachaçaria, cafeteria e chocolateria, para reforçar a variedade de produtos destes itens tão presentes na cultura baiana

COM PRATOS INSPIRADOS E TRANSMISSÃO DE JOGOS DO BRASIL, PASTA EM CASA TERÁ PROGRAMAÇÃO ESPECIAL DURANTE A COPA DO MUNDO

É para ‘devorar’ os adversários da seleção brasileira que o Restaurante Pasta em Casa se veste de verde e amarelo e convida para uma programação especialíssima durante a Copa do Mundo. Em todos os dias de jogos do Brasil, no almoço, a Ilha de Massas será especial e ganhará um prato alusivo ao país do time adversário. Além disso, um telão de 130’ fará a transmissão dos jogos do Brasil na Forneria, com direito a kit especial de cerveja e entradas. Opção número um no almoço do restaurante, na Ilha de Massas do Pasta em Casa o cliente pode comer à vontade três tipos de massas e uma proteína opcional pagando um valor fixo. As reservas estão abertas podendo ser feitas antecipadamente pelo WhatsApp (71) 99904-2244.