Das frutas às flores, o licor do Desterro é destaque no São João
Secular pomar da instituição garante, todos os anos, o saboroso produto, que ajuda a manter o local
Foi em um pomar do século XVII, com muitas frutas, como a pitanga, a banana-nanica, a laranja, dentre outras delícias, além de flores, a exemplo de rosas da espécie Rainha Elizabeth, que as Irmãs Clarissas, do Convento Santa Clara do Desterro, tiveram a ideia de produzir uma das bebidas mais tradicionais do São João: o licor.
O objetivo era comercializar o produto para manter o próprio convento e ajudar aos mais necessitados, mas a produção da água licorosa transformou-se em um evento de tradição no período junino, quando a bebida é muito disputada. Esta é a hora em que as freiras franciscanas, que hoje vivem no convento, finalizam a produção da bebida para garantir a festa junina de muita gente.
O licor é uma das tradições do convento e passa de geração
para geração entre as irmãs. A irmã Maria de Lourdes chegou ao Convento Santa
Clara do Desterro aos 18 anos, em 1984, com a missão de participar da produção
de licor e hoje é ela quem coordena o local. Mas antes da irmã Lourdinha, cinco
freiras passaram pela produção mais esperada do ano na época do santo junino.
“Quando cheguei, encontrei aqui a irmã Encarnação, que fazia
o licor. Em 1990, depois que ela faleceu, a irmã Penha assumiu, depois veio a
irmã Madalena, seguida da irmã Aparecida. Eu vim em 2007, assumi uns meses, mas
agora estou à frente como responsável”.
São produzidos de dois mil a 2,5 mil litros de licor no Convento do Desterro, feitos durante todo o ano, de forma lenta e artesanal, para atender à demanda nesta época do ano, como conta irmã Lourdinha, como é carinhosamente chamada.
“As frutas ficam seis meses, um ano, dois, três anos em infusão no álcool, mas pode ficar até mais, a depender da fruta ou até da pessoa que queira. Quanto mais velho o licor, melhor. Porém, a partir dos seis meses, a fruta em infusão já está boa para produzir o licor, ir para a filtração e pronta para preparar o processo de engarrafamento. É por isso que a gente trabalha o ano todo. Quando chega no finalzinho de maio e junho, já temos uma boa quantidade para oferecer à população”, conta.
Atualmente a irmã trabalha com 25 sabores para a comercialização, mas ela chegou a encontrar 28 sabores no Convento. Alguns sabores “saem de linha”, pois, segundo a irmã, dá mais trabalho e a produção não compensa. A ameixa, dentre outras frutas, está entre elas. Segundo a irmã Lurdinha, a aprendizagem para que o produto saia ano após ano, implicou, ao longo dos séculos, em cooperação e ajuda mútuas entre as irmãs.
A aprendizagem para que o produto saia ano após ano, implicou, ao longo dos séculos, em cooperação e ajuda mútuas entre as irmãs
Segundo a irmã Maria
de Lourdes, as freiras experimentaram os sabores das frutas para perceber como
elas se comportavam até serem transformadas em licor.
“Sempre uma ajudava as outras. Tinha as irmãs que faziam licor, as outras iam para a roça, para o pomar tirar as frutas, iam para a horta, cada uma com um tipo de trabalho; umas iam plantando, outras colhendo para higienizar as frutas, até chegar ao ponto de fazer o licor. A cada tempo ia se descobrindo se as frutas eram ideais para fazer a bebida. Será que o licor de jenipapo é bom? Então faziam o de jenipapo. Depois a outra descobria outra fruta. Tem aqui um pé de cajá, será que vai dar certo? Aí fazia o de cajá e ia descobrindo as frutas saborosas que serviam para fazer o licor, cada um com seu sabor, seu perfume, seu paladar e aí ia aumentando a produção”, detalha irmã Lourdinha.
As frutas são, sem dúvida, as grandes vedetes da tradicional
bebida, mas o licor de rosas da espécie Rainha Elizabete também é muito
procurado, segundo conta irmã Lourdinha. As rosas são plantadas de forma
cíclica no pomar do convento. São feitas as mudas, até que vinguem e, quando
crescem, são colhidas para que deem um licor saboroso na época de São João.
“A rosa é um pouco mais difícil de encontrar. A dificuldade do acesso ao pomar torna o produto mais caro, mais diferenciado. Também nem todo o mundo aqui tem, é muito difícil aqui no Brasil, aqui no estado. Nunca vi o licor de rosas, a não ser aqui no Convento de Santa Clara do Desterro. Ele é muito diferenciado e muito procurado. Os outros também são bem vendidos, mas primeiro é a rosa Rainha Elizabeth, depois o jenipapo.
Não se sabe como as rosas dessa espécie foram parar no pomar
anexo do convento, mas a rosa Rainha Elizabeth, criada pelo cientista
americano Dr. Walter Edward Lammerts em 1954, está entre as irmãs há muitos anos. .
No entanto, a religiosa conta que o licor de jenipapo tem muita saída e acaba rapidamente. Vevé Bragança, consultor e educador em gastronomia, revela que a demanda da clássica fruta junina tem uma funcionalidade que explica os inúmeros pedidos. .
“O licor de jenipapo é muito bem-vindo nas festas juninas
porque nós estamos não só expostos ao frio, mas também às fogueiras, aos fogos,
o que pode causar alergias, resfriados e o licor de jenipapo é terapêutico.
Além do álcool, que é um antisséptico natural, nós temos o açúcar, uma fonte de
energia. Ela é uma fruta que possui princípios ativos fundamentais ao sistema
respiratório. É anti-inflamatoria e, além disso, serve para ajudar na melhoria
do sistema respiratório”, explica.
A tese apontada pelo gastrônomo encontra fundamento no desenrolar da invenção do licor. Dizem que foi na Idade Média que se percebeu que o vinho, e depois o álcool, funcionavam como um antisséptico natural. Eles eram adicionados às ervas e às plantas, sendo pesquisados pelos monges para tratamento de várias doenças. Mas o aparecimento do licor remonta a tempos imemoriais e não há ao certo registro de quem realmente possa ter descoberto que a infusão de algumas frutas ou ervas, misturadas ao açúcar e ao álcool, daria numa bebida que hoje chamamos de licor, embora alguns autores creditem aos italianos a origem do produto.
Mas há uma curiosidade relatada entre os pesquisadores que
coincide com um dos séculos em que as Clarissas iniciaram a produção do licor
em Salvador. Foi entre os séculos XIV e XVII que monges e alquimistas da França
produziram tipos de licores como o Benedicte ( à base de ervas) do monastério
de Benedictine e a formulação do
Chartreuse, composto por mais de 130 ervas, originária da tentativa de se
produzir um elixir da longa vida em 1605 no monastério de Cartusian.
A bebida é uma herança dos europeus, segundo Vevé Bragança,
“Os povos europeus descobriram e desenvolveram a destilação, e essa foi uma
maneira que encontraram para tornar o álcool destilado aprazível, aplicando
infusões de frutas, secas ou frescas, e adicionando o açúcar”, contou.
Ele conta que a bebida também tem algumas funcionalidades e por isso mesmo foi inventada. “Ele tem duas propriedades. O álcool destilado aquece o corpo e o açúcar fornece energia ao corpo. Então existe uma funcionalidade no uso do licor”, diz. .
No Convento de Santa Clara do Desterro o custo de cada licor
não varia, pois todas as frutas e até a rosa têm o mesmo valor. O litro custa
R$60; tem a garrafa de 750ml que é RS55; a garrafa de meio litro, que é RS35; e
a garrafa de 200ml, que sai por RS18.
E quem quiser adquirir os deliciosos sabores dos licores do
convento, o mais antigo monastério do país, fundado no século XVII pelas irmãs
Clarissas, pode se dirigir ao local, no bairro de Nazaré. Mas quem quer
aprender a fazer seu licor para o próximo São João, a irmã Lourdinha preparou
uma receitinha de um litro. É só fazer e beber com moderação.
Ingredientes:
(para 1 litro de licor)
3 jenipapos
1kg de açúcar
3 copos ( de 300ml cada ) de álcool (destilado)
1l de água
Modo de fazer:
Coloque os jenipapos no álcool e deixe em infusão por alguns dias. Faça uma calda com um litro de água e o açúcar e cozinhe o jenipapo que estava em infusão por cerca de 45 minutos. Misture tudo para formar o licor. Filtre o licor e sirva. Mas lembre-se: quanto mais velho estiver na garrafa, melhor fica.
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As reservas podem ser feitas pelo telefone (71) 3334-7232 ou WhatsApp (71)
98370-4852.
Caixa Mediterrânea é sugestão da Casa Chálabi para
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A sugestão da Casa Chálabi (@casachalabi) para o
Dia dos Namorados é um convite a uma experiência de comida líbano-mediterrânea
para ser saboreada onde o casal preferir. Com pratos frescos e prontos para
consumo, a Caixa Mediterrânea Namorados traz um menu inspirado na celebração a
dois, com itens aromáticos, bem temperados e delicadamente equilibrados,
selecionados a quatro mãos pelos chefs Celso Vieira e Lais Taraia, que conduz a
cozinha do restaurante. Em tiragem limitada, a Caixa pode ser encomendada até o
dia 10 de junho, pelo WhatsApp (71) 99904-2244, com opções de delivery ou
retirada. Na seleção do menu são muitas as opções: Mix de Nuts (150g), com
amêndoa defumada, dentre outras maravilhas.
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cinco queijos e brigadeiros
Os apaixonados poderão se deliciar e matar as
saudades de um dos maiores sucessos do restaurante: o Fondue Outback, que para
essa edição traz dois sabores: o Novo Fondue Outback 5 queijos (R$ 114,90 no
restaurante e R$ 124,90 no delivery) que conta com um mix especial de queijos
famosos e o Novo Fondue Outback Brigadeiro (R$ 84,90 no restaurante e R$ 89,90
no delivery). Além do Combo, com os dois sabores juntos, que pode ser
encontrado no restaurante e no delivery por R$ 189,90. Os queridinhos da
estação são servidos no tradicional pão australiano da rede que ganha mais uma
vez o formato de bowl, e trazem deliciosos novos acompanhamentos.