Halloween consolida-se como uma cultura de confraternização no Brasil
“Eu te assusto, você me dá um doce e eu lhe dou um susto” é um bordão adaptado da festa americana

Festa de origem pagã, consolidada pelos povos americanos, o
Halloween, que acontece todo mês de outubro, já faz parte do calendário de
festas de muitas cidades no país, ainda que de forma extraoficial. Os
brasileiros e os baianos já se acostumaram com os festejos de origem gringa. O
evento foi disseminado principalmente com a globalização e graças aos cursos de
inglês, espalhados Brasil afora. A data foi reforçada pelo comércio, que
imediatamente aproveitou o novo filão.
Na Bahia, o fenômeno reúne uma leva de adeptos do Dia das
Bruxas, como é conhecido o Halloween, lota espaços que colaboram para a
consolidação da cultura estadunidense e parece ter vindo realmente para
ficar.
Vitrines comerciais, fantasias pretas ou arroxeadas, as
famosas abóboras com recortes de caveiras e velas, que fazem as vezes de
lamparinas, são os símbolos aliados para a disseminação dessa cultura. Embalam
as manifestações um famoso bordão americano dito pelas crianças que vão pedir
doces, de porta em porta. Doces ou travessuras. Por aqui, como sempre acontece,
logo damos um jeitinho de adaptar a frase: "Eu te assusto, você me
dá um doce e eu lhe dou um susto”, como conta Ticiano Cortizo, professor de inglês
da tradicional Associação Cultural Brasil Estados Unidos (Acbeu). Ele explica a
origem desta brincadeira.
Eu te assusto, você me dá um doce e eu lhe dou um susto
"Os celtas diziam que quando alguém morria ia
para o inferno, mas que o inferno não era o que a Igreja Católica pregava, era
um local de confraternização. Você tinha contato com os seus familiares que já
tinham ido, mas um dia do ano os demônios e as entidades do mal passavam no
local e essa festa era justamente para afastar os espíritos ruins. Então, as
crianças saíam às ruas pedindo doces e comida para fazer oferendas aos deuses
bons para que eles estivessem fortes e lutassem contra os deuses ruins. Ou você
me dá doces para eu agradar aos deuses bons ou os deuses ruins vão fazer com
que eu pregue peças, travessuras com você”, explica, justificando a origem
da relação dos doces na festa americana.

Mas, segundo Cortizo, hoje a festa está bem mudada e encontra certa resistência. “A festa está muito transformada. Ainda existe uma certa resistência, só que a prática do Halloween aqui no Brasil é uma prática que em nenhum momento segue o movimento original, uma festa típica pagã. O Halloween no Brasil tem muito mais uma característica de ser um momento festivo, de fantasia, de alegria, onde principalmente as crianças brincam de doces e travessuras”, conta..
Uma certa resistência há mesmo, como revela a professora de
cultura Salua Chequer. “Eu só acho que a gente tem uma cultura tão vasta, tão
maravilhosa, que deve ser celebrada. Quando a gente fala em cultura ou
manifestação popular ou cultura de tradição oral, folclore, às vezes as
pessoas acham que é uma coisa menor e não é”, afirma.
Salua refere-se a nossas raízes, menos exaltadas no cenário
cultural. Enquanto a cultura americana tem movimentado a economia a cada ano, o
bumba meu boi, o curupira, o saci, a mula sem cabeça, nossos símbolos e marcas,
ficaram restritos ao Dia do Folclore, em 22 de agosto, desconhecido por muitos,
como explica a professora. Já imaginou no mês de agosto as vitrines se encherem
de bumba meu boi, da mula sem cabeça e outros símbolos do folclore brasileiro?
A professora Salua imaginou.

"Eu gostaria de ver, também durante o ano, uma invasão
tão benéfica com tudo aquilo que a gente produz. Com o bumba meu boi, com a
burrinha, com maculelê, um monte de show com esses repentistas, com as violas
que são produzidas no Recôncavo, com o samba duro, samba de roda, os
sanfoneiros, adereços belíssimos comporíamos vitrines maravilhosas”, sonha.
Eu gostaria de ver, também durante o ano, uma invasão tão benéfica com tudo aquilo que a gente produz.
Cortizo acredita que por sermos um povo multicultural,
assimilamos a cultura de outros povos, “como o Natal, que também vem dos povos
americanos e se espalhou pelo mundo”, lembra.
“Nós somos um povo multicultural, então o Brasil absorve
muitas culturas de outros povos. O próprio Carnaval é de origem francesa, não é
de origem brasileira. É natural que essa cultura [Halloween], principalmente
com a globalização, tenha acesso a um mundo inteiro e se absorva para sua
cultura aquilo que o povo acredita ou curte ou tenha aderência”, afirma..

Parece que a cultura veio mesmo para ficar. Além do apelo visual, o clima de confraternização e de muita brincadeira chega à gastronomia com a invenção de muitos doces com formatos para lá de sugestivos e “assustadores”. A conexão com a morte e o Halloween tem muito a ver com a história da abóbora de caveira que está sempre no cenário da festa.
Cortizo conta que dentre as lendas do Halloween existe a do
Cavaleiro sem Cabeça, que usava uma abóbora no lugar dessa extremidade superior
do corpo. “A abóbora acabou sendo um símbolo do Halloween, com o recorte
assustador e as velas acesas, funcionando como uma lamparina. Muitos pratos
típicos do Halloween têm a abóbora como base. E a hortaliça acaba sendo a
protagonista da festa em iguarias como sopas e doce de abóbora, um dos pratos
típicos dentro do enredo da cultura do Halloween”, revela.
A abóbora é um fruto da aboboreira (Cucurbita), pertencente
ao gênero Curcubita e membro da família das Cucurbitáceas, da qual também fazem
parte o melão e o chuchu.



Para
homenagear as duas culturas, o folclore brasileiro e o folclore americano,
vamos hoje sugerir um prato delicioso com a famosa abóbora, mas com a cara da
nossa comida regional. Carne-seca na moranga! A iguaria foi feita pela chef
Takuyra Costa, do restaurante Boteco do Viajante, no Pelô

RECEITA
1 moranga média
200g de purê de abóbora
½ kg de carne-seca desfiada
1 cebola picada
Meio pimentão picado (verde, vermelho e amarelo)
2 colheres de sopa de salsa
2 colheres de sopa de cebolinha
sal a gosto
1 colher de chá de pimenta-do-reino
1 colher de chá de alho picado
3 colheres de sopa de azeite extravirgem
1 pimenta dedo-de-moça picada
200g de requeijão cremoso
100g creme de leite
100g queijo parmesão ralado
50g geleia de pimenta
MODO DE FAZER
O primeiro passo é fazer um caldo
da carne-seca antes de desfiar. Você cozinha após dessalgar e reserva
o caldo do cozimento.
Passe azeite extravirgem na moranga e enrole no papel
alumínio. Em seguida, coloque no forno entre 30 a 40 minutos. Enquanto a
moranga assa no forno, em uma frigideira coloca-se o azeite extravirgem, a
cebola, o alho, os pimentões, a pimenta dedo-de-moça, o sal, a
pimenta-do-reino e a carne-seca, já desfiada e dessalgada, mas sem o
caldo.
Refoga bem e só então adiciona o caldo da carne de sertão.
Em seguida, colocamos a salsa, o requeijão cremoso e o creme de leite. Delícia!
NOTAS COM HISTÓRIAS & SABORES

RESTAURANTES
MISTURA APRESENTAM NOVIDADES NO MENU E NO FUNCIONAMENTO
A partir de agora o restaurante Mistura vai abrir direto, todos os dias, até depois do verão 2022/2023. O funcionamento começa às 11h30 e vai até às 23h, de segunda a sábado, com reservas para 12h30 e 15h30, sugestão de arriscar o pôr do sol, sem reserva, e jantar às 19h30 ou 20h30. Domingos e feriados funciona até 17h. Informações e reservas:(71) 2132-8277 O Mistura Contorno fica na Ladeira do Gabriel (Gamboa), 334, Cloc Marina Residence - Dois de Julho.Já o Mistura Itapuã fica na Rua Professor de Souza Brito, nº 41 – Itapuã, Salvador/BA @mistura.restaurantes

GASTRONOMIA DA ARENA PARQUE SANTIAGO SERÁ OPERADA PELO BABY
BEEF E SEVEN CAFÉ NO RESTAURANTE PANORÂMICO ESPORTE & BAR
Tem novo point na aérea pra quem ama esporte e gosta de
petiscar durante a diversão com os amigos e a família. A partir de hoje está
aberta para visitação, em formato de soft opening, a Arena Parque Santiago -
Esporte e Bar (APS), voltado exclusivamente para o esporte, lazer,
entretenimento e gastronomia. A APS traz fortes referências da gastronomia
local, como o Bar da Bola e o Restaurante &BAR, ambos assinados pelo Baby
Beef e Seven Café. Segundo Marcio Cardoso, sócio-diretor do Baby Beef e Seven
Café, a proposta de menus para a APS inclui desde o couvert até cortes nobres e
especialidades como picanha importada e galeto. Mais informações: (71)
99696-4422.

41ª FEIRA DA FRATERNIDADE UNE GASTRONOMIA E SOLIDARIEDADE EM
RETOMADA NO TERRENO DA GRAÇA
A Feira da Fraternidade da Paróquia Nossa Senhora da Vitória
volta ao seu tradicional formato, com programação presencial nos dias 3 a 6 de
novembro, no Terreno da Graça. O objetivo é arrecadar fundos para as obras
sociais da paróquia. Na área de
gastronomia, a praça de alimentação contará com barracas de culinária nacional
e internacional, com iguarias da cozinha italiana, espanhola, dentre outras
origens. Os ingressos custam R$ 10,00
(lote promocional) e podem ser adquiridos com antecedência na secretaria da
própria Igreja da Vitória. O horário de funcionamento será das 18h às 22h
(quinta e sexta), das 10h às 22h (sábado) e das 10h às 21h (domingo).