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Histórias & Sabores

Por Isabel Oliveira

ACERVO DA COLUNA
Publicado sábado, 22 de outubro de 2022 às 7:32 h • Atualizada em 25/10/2022 às 9:00 | Autor:

Halloween consolida-se como uma cultura de confraternização no Brasil

“Eu te assusto, você me dá um doce e eu lhe dou um susto” é um bordão adaptado da festa americana

Carne-seca na moranga do Boteco do Viajante
Carne-seca na moranga do Boteco do Viajante -

Festa de origem pagã, consolidada pelos povos americanos, o Halloween, que acontece todo mês de outubro, já faz parte do calendário de festas de muitas cidades no país, ainda que de forma extraoficial. Os brasileiros e os baianos já se acostumaram com os festejos de origem gringa. O evento foi disseminado principalmente com a globalização e graças aos cursos de inglês, espalhados Brasil afora. A data foi reforçada pelo comércio, que imediatamente aproveitou o novo filão.

Na Bahia, o fenômeno reúne uma leva de adeptos do Dia das Bruxas, como é conhecido o Halloween, lota espaços que colaboram para a consolidação da cultura estadunidense e parece ter vindo realmente para ficar.

Vitrines comerciais, fantasias pretas ou arroxeadas, as famosas abóboras com recortes de caveiras e velas, que fazem as vezes de lamparinas, são os símbolos aliados para a disseminação dessa cultura. Embalam as manifestações um famoso bordão americano dito pelas crianças que vão pedir doces, de porta em porta. Doces ou travessuras. Por aqui, como sempre acontece, logo damos um jeitinho de adaptar a frase: "Eu te assusto, você me dá um doce e eu lhe dou um susto”, como conta Ticiano Cortizo, professor de inglês da tradicional Associação Cultural Brasil Estados Unidos (Acbeu). Ele explica a origem desta brincadeira.

Eu te assusto, você me dá um doce e eu lhe dou um susto
bordão popular

"Os celtas diziam que quando alguém morria ia para o inferno, mas que o inferno não era o que a Igreja Católica pregava, era um local de confraternização. Você tinha contato com os seus familiares que já tinham ido, mas um dia do ano os demônios e as entidades do mal passavam no local e essa festa era justamente para afastar os espíritos ruins. Então, as crianças saíam às ruas pedindo doces e comida para fazer oferendas aos deuses bons para que eles estivessem fortes e lutassem contra os deuses ruins. Ou você me dá doces para eu agradar aos deuses bons ou os deuses ruins vão fazer com que eu pregue peças, travessuras com você”, explica, justificando a origem da relação dos doces na festa americana.

Imagem ilustrativa da imagem Halloween consolida-se como uma cultura de confraternização no Brasil
| Foto: National Geographic /Divulgação

Mas, segundo Cortizo, hoje a festa está bem mudada e encontra certa resistência. “A festa está muito transformada. Ainda existe uma certa resistência, só que a prática do Halloween aqui no Brasil é uma prática que em nenhum momento segue o movimento original, uma festa típica pagã. O Halloween no Brasil tem muito mais uma característica de ser um momento festivo, de fantasia, de alegria, onde principalmente as crianças brincam de doces e travessuras”, conta..

Uma certa resistência há mesmo, como revela a professora de cultura Salua Chequer. “Eu só acho que a gente tem uma cultura tão vasta, tão maravilhosa, que deve ser celebrada. Quando a gente fala em cultura ou manifestação popular ou cultura de tradição oral, folclore, às vezes as pessoas acham que é uma coisa menor e não é”, afirma.

Salua refere-se a nossas raízes, menos exaltadas no cenário cultural. Enquanto a cultura americana tem movimentado a economia a cada ano, o bumba meu boi, o curupira, o saci, a mula sem cabeça, nossos símbolos e marcas, ficaram restritos ao Dia do Folclore, em 22 de agosto, desconhecido por muitos, como explica a professora. Já imaginou no mês de agosto as vitrines se encherem de bumba meu boi, da mula sem cabeça e outros símbolos do folclore brasileiro? A professora Salua imaginou.

Imagem ilustrativa da imagem Halloween consolida-se como uma cultura de confraternização no Brasil
| Foto: Wikimedia Commons /Divulgação

"Eu gostaria de ver, também durante o ano, uma invasão tão benéfica com tudo aquilo que a gente produz. Com o bumba meu boi, com a burrinha, com maculelê, um monte de show com esses repentistas, com as violas que são produzidas no Recôncavo, com o samba duro, samba de roda, os sanfoneiros, adereços belíssimos comporíamos vitrines maravilhosas”, sonha.

Eu gostaria de ver, também durante o ano, uma invasão tão benéfica com tudo aquilo que a gente produz.
Salua Chequer - professora de cultura

Cortizo acredita que por sermos um povo multicultural, assimilamos a cultura de outros povos, “como o Natal, que também vem dos povos americanos e se espalhou pelo mundo”, lembra.

“Nós somos um povo multicultural, então o Brasil absorve muitas culturas de outros povos. O próprio Carnaval é de origem francesa, não é de origem brasileira. É natural que essa cultura [Halloween], principalmente com a globalização, tenha acesso a um mundo inteiro e se absorva para sua cultura aquilo que o povo acredita ou curte ou tenha aderência”, afirma..

Imagem ilustrativa da imagem Halloween consolida-se como uma cultura de confraternização no Brasil
| Foto: Petr Kratochvil /Divulgação

Parece que a cultura veio mesmo para ficar. Além do apelo visual, o clima de confraternização e de muita brincadeira chega à gastronomia com a invenção de muitos doces com formatos para lá de sugestivos e “assustadores”. A conexão com a morte e o Halloween tem muito a ver com a história da abóbora de caveira que está sempre no cenário da festa.

Cortizo conta que dentre as lendas do Halloween existe a do Cavaleiro sem Cabeça, que usava uma abóbora no lugar dessa extremidade superior do corpo. “A abóbora acabou sendo um símbolo do Halloween, com o recorte assustador e as velas acesas, funcionando como uma lamparina. Muitos pratos típicos do Halloween têm a abóbora como base. E a hortaliça acaba sendo a protagonista da festa em iguarias como sopas e doce de abóbora, um dos pratos típicos dentro do enredo da cultura do Halloween”, revela.

A abóbora é um fruto da aboboreira (Cucurbita), pertencente ao gênero Curcubita e membro da família das Cucurbitáceas, da qual também fazem parte o melão e o chuchu.

  • Halloween consolida-se como uma cultura de confraternização no Brasil
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  • A chef Takuye Costa
    A chef Takuye Costa |
  • Halloween consolida-se como uma cultura de confraternização no Brasil
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Para homenagear as duas culturas, o folclore brasileiro e o folclore americano, vamos hoje sugerir um prato delicioso com a famosa abóbora, mas com a cara da nossa comida regional. Carne-seca na moranga! A iguaria foi feita pela chef Takuyra Costa, do restaurante Boteco do Viajante, no Pelô

Carne-seca na moranga
Carne-seca na moranga | Foto: Raphael Muller / Ag. A TARDE

RECEITA

1 moranga média

200g de purê de abóbora

½ kg de carne-seca desfiada

1 cebola picada

Meio pimentão picado (verde, vermelho e amarelo)

2 colheres de sopa de salsa

2 colheres de sopa de cebolinha

sal a gosto

1 colher de chá de pimenta-do-reino

1 colher de chá de alho picado

3 colheres de sopa de azeite extravirgem

1 pimenta dedo-de-moça picada

200g de requeijão cremoso

100g creme de leite

100g queijo parmesão ralado

50g geleia de pimenta

MODO DE FAZER

O primeiro passo é fazer um caldo da carne-seca antes de desfiar. Você cozinha após dessalgar e reserva o caldo do cozimento.

Passe azeite extravirgem na moranga e enrole no papel alumínio. Em seguida, coloque no forno entre 30 a 40 minutos. Enquanto a moranga assa no forno, em uma frigideira coloca-se o azeite extravirgem, a cebola, o alho, os pimentões, a pimenta dedo-de-moça, o sal, a pimenta-do-reino e a carne-seca, já desfiada e dessalgada, mas sem o caldo.

Refoga bem e só então adiciona o caldo da carne de sertão. Em seguida, colocamos a salsa, o requeijão cremoso e o creme de leite. Delícia!

NOTAS COM HISTÓRIAS & SABORES

Imagem ilustrativa da imagem Halloween consolida-se como uma cultura de confraternização no Brasil
| Foto: Restaurante Mistura/Divulgação

RESTAURANTES MISTURA APRESENTAM NOVIDADES NO MENU E NO FUNCIONAMENTO

A partir de agora o restaurante Mistura vai abrir direto, todos os dias, até depois do verão 2022/2023. O funcionamento começa às 11h30 e vai até às 23h, de segunda a sábado, com reservas para 12h30 e 15h30, sugestão de arriscar o pôr do sol, sem reserva, e jantar às 19h30 ou 20h30. Domingos e feriados funciona até 17h. Informações e reservas:(71) 2132-8277 O Mistura Contorno fica na Ladeira do Gabriel (Gamboa), 334, Cloc Marina Residence - Dois de Julho.Já o Mistura Itapuã fica na Rua Professor de Souza Brito, nº 41 – Itapuã, Salvador/BA @mistura.restaurantes

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| Foto: Divulgação

GASTRONOMIA DA ARENA PARQUE SANTIAGO SERÁ OPERADA PELO BABY BEEF E SEVEN CAFÉ NO RESTAURANTE PANORÂMICO ESPORTE & BAR

Tem novo point na aérea pra quem ama esporte e gosta de petiscar durante a diversão com os amigos e a família. A partir de hoje está aberta para visitação, em formato de soft opening, a Arena Parque Santiago - Esporte e Bar (APS), voltado exclusivamente para o esporte, lazer, entretenimento e gastronomia. A APS traz fortes referências da gastronomia local, como o Bar da Bola e o Restaurante &BAR, ambos assinados pelo Baby Beef e Seven Café. Segundo Marcio Cardoso, sócio-diretor do Baby Beef e Seven Café, a proposta de menus para a APS inclui desde o couvert até cortes nobres e especialidades como picanha importada e galeto. Mais informações: (71) 99696-4422.

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| Foto: Feira/Divulgação

41ª FEIRA DA FRATERNIDADE UNE GASTRONOMIA E SOLIDARIEDADE EM RETOMADA NO TERRENO DA GRAÇA

A Feira da Fraternidade da Paróquia Nossa Senhora da Vitória volta ao seu tradicional formato, com programação presencial nos dias 3 a 6 de novembro, no Terreno da Graça. O objetivo é arrecadar fundos para as obras sociais da paróquia. Na área de gastronomia, a praça de alimentação contará com barracas de culinária nacional e internacional, com iguarias da cozinha italiana, espanhola, dentre outras origens. Os ingressos custam R$ 10,00 (lote promocional) e podem ser adquiridos com antecedência na secretaria da própria Igreja da Vitória. O horário de funcionamento será das 18h às 22h (quinta e sexta), das 10h às 22h (sábado) e das 10h às 21h (domingo).

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