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Panetone solidário

Publicado sábado, 04 de dezembro de 2021 às 00:20 h | Atualizado em 04/12/2021, 19:02 | Autor: Isabel Oliveira

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As opções trufadas caíram definitivamente no gosto dos brasileiros

Patrono de Leonardo da Vinci e conhecido como o homem que encomendou a obra da Santa Ceia do grande artista da Renascença, Ludovico Maria Sforza, conhecido como Ludovico il Moro, era um nobre da Renascença italiana que governou como duque de Milão de 1494 a 1508. Por causa dele, uma iguaria foi inventada e até hoje se perpetua como um dos maiores símbolos gastronômicos do Natal. 

Conta a lenda que um padeiro conhecido como Toni queria impressionar Ludovico, pois havia se encantado pela filha do nobre. Para chamar a atenção do virtual futuro sogro, que trabalhava na padaria Della Grazia, em Milão, teria inventado um certo pão doce. Os fregueses da padaria passaram a pedir o “Pani de Toni”, que evoluiu para o “panattón”, no vocabulário milanês, e depois para “panettone”. A partir daí, a iguaria ganhou o mundo e tornou-se um ícone da ceia natalina.

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O panetone Santa Dulce é um dos mais requisitados no Natal

Aqui na Bahia, muitos séculos depois do invento, o panetone ganhou novo significado, ao passar a ser produzido pelas Obras Sociais Irmã Dulce e unir sabor e qualidade com o apelo de ser um consumo solidário. Com eles, cada consumidor pode ajudar uma das mais significativas instituições filantrópicas do país. A renda obtida pela unidade de panificação viabiliza atividades pedagógicas de um complexo escolar em Simões Filho que atende mais de 800 crianças e jovens de baixa renda.

Lançado no mercado há 25 anos e já consolidado como marca, o panetone Dulce Natura ganhou um novo nome, a partir da canonização da freira. Agora tem o selo Santa Dulce. A expectativa do Centro de Panificação Santa Dulce é de comercializar 590 mil unidades, um volume 20% maior do que o contabilizado em 2020.

E nesses 25 anos de existência, os panetones Santa Dulce acumulam muitas histórias e curiosidades. Responsável pela produção, a nutricionista Laiza Oliveira lembra que após dez anos no mercado, a empresa que fornecia a mistura base para a produção dos panetones informou que não poderia mais atender os pedidos. Isso ocorreu em junho de 2005, quando o processo de produção se inicia.

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A massa crivada de frutas cristalizadas antes de ir ao forno foi inventada na Itália há cinco séculos

“Tivemos que nos superar, pois não tínhamos uma receita e precisávamos desenvolver um produto em tempo recorde, mantendo as características do produto original”, lembra Laiza. “No final tudo deu certo e conseguimos encontrar uma receita. Passamos a dominar todo o processo de produção e isso nos permitiu lançar outros sabores e seguir aprimorando os panetones ano a ano”.

O sabor de solidariedade dos panetones parece ter se espalhado pela Bahia após o sucesso do Centro de Panificação Santa Dulce. Pequena empresária e dona da Delícia da Ely, uma loja de pães e doces artesanais localizada em Cajazeiras 11, Elyzângela Silva conta que a obra social está em primeiro lugar em sua vida. Mesmo atribulada com a rotina empresária e mãe, ela buscou uma forma de ajudar outras mulheres e se ofereceu à Central Única das Favelas (Cufa-Bahia) para ministrar cursos gratuitos de penetone artesanal.

“Estou compartilhando minha experiência de fazer panetone, que aprendi sozinha, mas que sei que pode ajudar muitas mães num momento difícil como este a ter uma renda. Acredito que isso só faz a gente crescer, da mesma forma que a massa de panetone cresce”, afirmou Elizângela. Ela conta que faz a iguaria natalina há muitos anos e que com o tempo, foi inovando nos ingredientes. Hoje oferece o produto tradicional de frutas cristalizadas, o de chocolate, o trufado e até os salgados, como o de camarão.

Ela conta que os panetones com ingredientes salgados foram surgindo aos poucos e logo ganharam a admiração dos clientes de sua loja em Cajazeiras 11. Hoje, ela oferece aos clientes opções como camarão, pizza, bacalhau e frango.

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O curso que ela inicia no próximo dia 11 integra o projeto Mães Empreendedoras, que dá treinamento tanto na confecção da iguaria natalina quanto na construção do negócio, com noções de estratégias de vendas, precificação e divulgação do produto.

“Essa é uma forma de oferecer oportunidade, identificando uma demanda e direcionando a capacitação para que as moradoras de periferias em situação de vulnerabilidade possam iniciar pequenos empreendimentos, contando com todo o apoio que o projeto oferece, que vai desde o treinamento até a assessoria para ajudar no desenvolvimento da iniciativa”, explica a coordenadora do projeto Rita Sacramento.

Pelo menos 50 mulheres participam a partir do próximo sábado de uma capacitação no bairro de Itacaranha. Lá elas terão acesso às técnicas para a produção do panetone de forma artesanal passadas por uma equipe do Senai. O mesmo curso deve ser replicado nos municípios de Ouriçangas e Serrinha. As inscrições para as interessadas ainda estão abertas pelo Instagram da Cufa, sendo que a prioridade é para as mães solo de 21 a 55 anos.

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O tradicional panetone é um dos símbolos gastronômicos das festas de fim de ano

Quem quiser saborear um panetone com um gostinho a mais de solidariedade pode fazer as encomendas do Panetone Santa Dulce pelo e-mail [email protected]. Se quiser ir além e apostar numa mãe empreendedora, basta acessar o Instagram da Cufa Bahia (@cufabahia) a partir da semana que vem para pedir um panetone artesanal fruto do curso. Tem também a opção de degustar uma das muitas opções da Delícia da Ely (@deliciadaely).

Se preferir fazer em casa, aí vai a receita bem simples de um panetone de liquidificador só que com recheio salgado que as Mães Empreendedoras vão aprender nos cursos da Cufa e que Elyzângela Silva nos oferece.

Panetone Vulcão de Camarão

Ingredientes:

3 gemas

3 colheres de manteiga ou margarina

1 colher de sobremesa de sal

3 colheres de sobremesa de açúcar

1 colher de essência de panetone

250ml de leite ou água morna

Farinha de trigo o quanto baste até soltar das mãos

1 pacote de fermento para pão

Modo de preparo:

Bata no liquidificador o leite, o fermento, os ovos, o açúcar, a manteiga, o açúcar e a essência.

Peneire cerca de meio quilo de farinha de trigo. Numa bacia, abra um buraco no meio da farinha e despeje a mistura batida, vá mexendo e acrescentando farinha até soltar das mãos. Por fim, acrescente as frutas cristalizadas.

Leve ao forno desligado e deixe descansar até dobrar de tamanho. Depois pré-aqueça o forno a 200ᵒC. Coloque a massa em forma de bolo com furo até a metade e ponha para assar.

Recheio

Ingredientes:

100g de camarão fresco

200ml de creme de leite

Alho

Cebola

Azeite de oliva

2 colheres de catchup

1 colher de chá de páprica doce

2 colheres de requeijão cremoso

Modo de preparo:

Numa panela coloque o alho, o azeite e a cebola para refogar e depois acrescente o camarão e os outros ingredientes. O recheio pode ser a gosto: frango, bacalhau, pizza, entre outros.

Depois despeje o recheio sobre o panetone assado para preencher o espaço do furo da assadeira.

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A receita de Elysângela Silva traz o camarão como recheio principal da tradicional massa de panetone

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