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Histórias & Sabores

Por Isabel Oliveira

ACERVO DA COLUNA
Publicado Saturday, 28 de January de 2023 às 7:24 h | Autor:

Primeiro presente para Iemanjá foi em agradecimento à pesca abundante

Tereza Paim reverencia a divindade africana pelos 100 anos da festa da Rainha do Mar em Salvador

Imagem ilustrativa da imagem Primeiro presente para Iemanjá foi em agradecimento à pesca abundante
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Quem não é apaixonado pelo Rio Vermelho, ou Red River como na maior intimidade alguns chamam o bairro, lugar especial, palco de lendas e causos? Para ser e pertencer a este pedaço da cidade, fazer dele sua morada do coração, tem que atentar para um detalhe: pedir licença à Rainha do Mar. É ali que reina poderosa a dona deste território, parte identitária da cidade.

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| Foto: Adilton Venegeroles/ Ag. A Tarde

As homenagens a Iemanjá atraem uma multidão que vai levar as oferendas para a mãe das águas, pedindo proteção. Flores e perfumes não faltam aos rituais que se estendem por toda a orla da cidade no dia de reverenciar a Rainha.

Foram os pescadores, há exatos 100 anos, completados no próximo dia 2, os responsáveis por dar-lhe essa identidade, transformando o Rio Vermelho num dos principais redutos culturais e território de Iemanjá.

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| Foto: Felipe Iruatã / Ag. A Tarde

Joel Antônio Gouveia, 82 anos, pescador profissional há 36, ainda jovem teve contato com antigos pescadores que contaram como teve início a tradição do presente de Iemanjá.

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| Foto: Adilton Venegeroles/ Ag. A Tarde

Ele contou que a festa para a Rainha do Mar começou em 1923, ainda na região de Amaralina. Os pescadores da época queriam agradecer à divindade afro-brasileira pelo alimento retirado do mar. A entrega dos primeiros presentes, — levados em uma caixa de sapato — resultou em abundância.

O grupo sempre se reunia depois da pescaria e, segundo Joel, um deles indagou: “Tiramos do mar tudo de que precisamos e não damos nada em troca?” Foi então que tiveram a ideia de presentear Iemanjá e colocaram na caixa de sapato espelho, boneca, perfume, para agradar a orixá.

No segundo ano, conta Joel, “o presente foi melhor”. No terceiro ano é que a devoção começou a se consolidar, desta vez com a participação popular. As pessoas começaram a perceber a devoção e se envolveram com o pequeno festejo que se iniciava. “O povo foi se achegando e o presente foi crescendo”, afirma Joel.

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| Foto: Felipe Iruatã/ Ag. A Tarde

Senhor Joel, conhecido como Galo, relembra o contato com os antigos pescadores. “O finado Zequinha, Geraldo e Manteiga, a mãe de alguns deles era do candomblé de mãe Olga, na Vasco da Gama, no Ponto da Mangueira, e contava a história de como tudo aconteceu. "Foi assim, assim”, diz.

Joel também revela que em determinado momento, já no quarto ano de devoção, “os pescadores resolveram entregar o presente no Rio Vermelho, pois Amaralina cresceu. “Lá não havia nada, era uma palhoça, foi quando o presente tomou outra dimensão”, declara o pescador.

Ele relembra que havia um livro denominado Livro de Ouro, aberto desde o primeiro presente para que as pessoas assinassem e contribuíssem para a oferenda de Iemanjá. “O livro corria o comércio do Rio Vermelho. Era deixado em bares para pedir a contribuição de todos. Eu não alcancei o livro”, conta.

Daqueles tempos, que nos parecem tão remotos, até hoje, Iemanjá fincou morada no Rio Vermelho.

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| Foto: Divulgação/ Casa de Tereza

Foi um caso de amor pelo bairro e a conexão com Iemanjá que fizeram Tereza Paim e sua Casa de Tereza serem pegas pelo coração. Moradora do local há 25 anos, filha de Iansã e Iemanjá, pelo candomblé, a empresária conta que o Rio Vermelho tornou-se conexão extensiva da sua vida.

“O Rio Vermelho é o bairro que escolhi para morar e quando resolvi que iria abrir um restaurante em Salvador sempre desejei que fosse no Rio Vermelho. Fiquei dois anos procurando um lugar até que apareceu o casarão. Naturalmente, estando no Rio Vermelho, onde é a casa de iemanjá, vivendo aqui, trabalhando aqui, tenho uma relação de vida no Rio Vermelho. Então, tudo meu está aqui presente e é lógico que tudo tem que se conectar com Iemanjá”.

Tereza Paim na casa de Iemanjá
Tereza Paim na casa de Iemanjá | Foto: Divulgação/ Casa de Tereza

Em uma homenagem à Rainha do Mar, a Casa de Tereza trabalha com um menu especial para agradar a orixá. “Um menu experiência de santo, um menu das iabás onde eu faço uma comida que não é a comida delas [de preceito], é uma comida que eu fiz para Iansã e para Iemanjá, que são meus santos de coração e cabeça”.

  • Primeiro presente para Iemanjá foi em agradecimento à pesca abundante
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Mas o menu também tem comida de pescador, à base de peixes e crustáceos, base para nossa famosa moqueca. Para homenagear os pescadores e a Rainha do Mar, em retribuição à abundância dos pescados, o Histórias & Sabores deste fim de semana vai ensinar a receita de moqueca da Casa de Tereza.

Moqueca de Peixe

Rendimento: 4 porções

Tempo de preparo: 3 horas

Ingredientes:

800g de filé de peixe cortado em cubos ou 1kg de peixe em postas largas

60g de pimentão vermelho sem sementes cortado em rodelas

60g de pimentão amarelo sem sementes cortado em rodelas

60g de pimentão verde sem sementes cortado em rodelas

400g de cebola branca cortada em rodelas

450g de tomate cortado em rodelas

90g de coentro picado

90g de cebolinha picada

80g de pimenta-doce cortada em rodelas

500ml de caldo de peixe

350ml de leite de coco

90ml de azeite de dendê

24g de alho macerado

Sal

Pimenta-branca moída a gosto

3 ramos de coentro

1 pimenta dedo-de-moça (para decorar)

Modo de fazer:

1. Em uma panela de barro, leve os temperos (pimentões, cebola, tomate, coentro, cebolinha e pimenta-doce) ao fogo alto com o caldo de peixe e deixe cozinhar com a panela tampada até que fiquem macios.

2. Adicione o leite de coco e o dendê e mexa bem para misturar.

3. Tempere os pedaços de peixe com o alho, o sal e a pimenta-branca moída e adicione-os ao caldo na panela. Deixe cozinhar com a panela destampada até que fiquem tenros.

4. Desligue o fogo e sirva a moqueca borbulhando, decorando com os ramos do coentro e a pimenta dedo-de-moça inteira por cima.

Dica:

Dê preferência para os peixes de escama, pois são mais suculentos para a moqueca. Os peixes de couro geralmente têm fibras mais densas e não pegam tão bem o tempero.

NOTAS COM HISTÓRIAS & SABORES

Empório da Agricultura Familiar inaugura restaurante no Mercado do Rio Vermelho

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| Foto: Divulgação

Os visitantes do Mercado do Rio Vermelho agora contam com mais um espaço gastronômico. O Restaurante do Empório da Agricultura Familiar funciona na praça de alimentação e traz prato mercado elaborados com produtos da agricultura familiar de diversas regiões do estado. O cardápio é assinado pelo chef de cozinha do Instituto Ori, Caco Marinho. No local é servido almoço (todos os dias) e também café da manhã (sábados e domingos). No cardápio, pratos como Carneiro Atolado - ensopado de carneiro cozido com cerveja de licuri, atolado, com o seu molho, no purê de aipim perfumado com o aroma amendoado do licuri. Galinha caipira e outras delícias. O horário de funcionamento do Empório é o mesmo do Mercado do Rio Vermelho, de segunda a sábado, das 7h às 18h, e, aos domingos e feriados, das 7h às 14h.

2 de Fevereiro é na Casa da Mãe, no Rio Vermelho

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| Foto: Divulgação/ Casa da Mãe

Localizada bem em frente à Praia de Santana, de onde sai o presente para a deusa, para o dia da Festa de Yemanjá a Casa da Mãe montou uma programação especial com uma série de shows curtos com artistas que participam da programação da casa durante o ano e, às 15h, uma apresentação especial e inédita de Jussara Silveira. Com uma vista privilegiada para a festa, a casa da Mãe vai oferecer, a partir das 11h, um lounge climatizado. A cozinha vai funcionar com todas as delícias do Recôncavo, com destaque especial para a casquinha de maturi e a maniçoba. Por ser um espaço pequeno, a Casa da Mãe colocará poucos ingressos à venda, no valor de R$150,00 com direito a um combo de bebidas a escolher - quatro latas de cerveja ou duas roskas. A venda dos ingressos será antecipada e exclusivamente via whatapp: 71.99926.2101

2 de Fevereiro - Restaurante Boteco Português tem programação especial para o Dia de Iemanjá

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| Foto: Divulgação

Dia 02 de Fevereiro, o Boteco Português abre suas portas para celebrar a Rainha do Mar. O restaurante especializado na culinária portuguesa, cuja varanda da área externa e salão principal possuem vista privilegiada para o mar do Rio Vermelho, se uniu ao Boteco da Tetê e juntos homenagearão a Divindade das Águas, no Largo de Iemanjá. Nesta data, o Boteco Português terá funcionamento a partir das 12h, com uma programação especial. A diversão ficará por conta da animação do DJ Fabão e do pagode animado do cantor Gabo Lopes. O restaurante não cobrará taxa de reserva das mesas, apenas o valor fixo de R$50,00 (por pessoa) para o couvert dos artistas. Vale lembrar que crianças de até 12 anos são não-pagantes da taxa.

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